majunixx 05/06/2023
Um plot tão bom pra personagens tão capengas?
A proposta era uma protagonista com Síndrome de Estocolmo, dependente emocional e várias outras mazelas psicológicas derivadas do que ela passou durante a infância e adolescência, porém eu acho que a autora não deu a devida atenção em construir uma personagem de acordo com todo esse histórico, ou simplesmente não soube como fazer mesmo. Ela mirou em uma protagonista insegura e emocionalmente afetada e acabou acertando em uma burra (rs). Nesses três livros, foi uma sucessão de burradas que a Auren fez, do tipo que se você parar pra pensar um pouquinho já sabe que pode dar errado, que eu me estressava com o quão óbvias eram as consequências. Para alguém que comeu o pão que o diabo sambou em cima, era esperado que ela fosse BEM menos ingênua e muito mais sagaz. Um exemplo bom dessa sagacidade é Rissa, que aceitou se submeter a situações tenebrosas para sobreviver ou não acabar passando por algo pior. Inclusive acho que um spin-off sobre ela seria maravilhoso, mas isso se eu não soubesse que a autora tem pouca habilidade em desenvolver personagens complexos.
Achei Midas um bom vilão, apesar de genérico, mas também teria sido um vilão magnífico se tivesse sido melhor construído, talvez como sendo um manipulador mais sorrateiro, porque os planos dele na maior parte das vezes eram muito óbvios. Aquela revelação final sobre ele eu achei uma boa cartada, mas foi simplesmente jogada do nada e em um momento não tão propício, tanto que depois foi deixada em segundo plano.
O desenvolvimento do romance entre Slade/Rip e Auren foi muito pobre, e isso vem desde o segundo livro. No começo ela considerava ele um inimigo dela, mal se falavam, os diálogos entre eles eram bem sem sal e às vezes sem sentido nenhum, e a convivência capenga também não ajudava a nutrir outros sentimentos além de desconfiança, até que DO NADA ela passou a confiar nele absurdamente, ama-lo e não parava de pensar nele (parecendo a Ana de Frozen querendo se casar com um cara que conheceu no mesmo dia K). O que eu achei bem problemático também, levando em consideração o histórico dela, me pareceu que ela estava saindo de uma dependência emocional e pulando em outra. Sem falar que Slade não teve desenvolvimento quase nenhum também, simplesmente foi jogado na história no final do primeiro livro e em algumas pouquíssimas partes era dito sobre seus poderes e suas responsabilidades enquanto monarca e o resto ficou com o arquétipo ?personagem masculino sarcástico macho alfa de cabelo escuro e aura sombria?.
Tive algumas questões com a ambientação também, a autora do nada metia uns bichos e quase nem explicava sobre eles, como se fossem apenas papagaios e não animais cheios de garras que soltam fogo. Tive dificuldade pra entender o que estava acontecendo ao redor em um monte de cenas, inclusive no clímax, onde o lugar tava cheio de gente e do nada todo mundo sumiu e só ficou os envolvidos no barraco.
No mais, terminei esse terceiro livro bem frustrada, porque achei o plot do livro muito bom, de verdade, mas a autora aparentemente se perdeu no meio da própria criação, e o que tinha um potencial incrível acabou se tornando um livro de alta fantasia genérico e confuso. Talvez eu continue a saga, mas só porque eu já cheguei até aqui e tenho curiosidade de saber como vai terminar, isso se a saga não virar um esquema de pirâmide.