brezita 19/12/2023
Bom mas decepcionante.
Vamos lá? eu tinha muitas expectativas para esse livro, ele foi muito bem panfletado e eu estava bastante animada para ler uma fantasia que traspassasse por pautas raciais. Além disso o livro passa também por outros assunto como o luto, e a autora desenvolveu muito bem essa parte, por ter sido uma experiência própria dela.
A Bree é uma personagem que está passando por um luto arrasador, então por muitas vezes ela pode ser tida como uma personagem chata mas isso também é um processo que humaniza a personagem. Sim, ela é ?chata? porque ela está sofrendo e é uma dor tão profunda que faz ela ser ?chata?. As pessoas nunca estão preparadas para lidar com alguém passando pelo luto.
Outros personagens também são incríveis, menos o Nick. O Sel é com certeza meu segundo personagem favorito e sinceramente vejo ele e a Bree como um casal!
Bree é uma personagem brilhante, mas ainda sinto que ela é muito ingênua, não sei se foi proposital da autora ou não mas ela como mulher preta deveria saber mais. Eai chegamos na parte que me decepcionou?
Quando a autora começou a introduzir a questão da ancestralidade eu achei genial, toda a parte da história por de trás da Távola Redonda e da lenda do Rei Arthur. A lenda do Rei Arthur todo mundo conhece, então eu pensei que era uma estratégia de atrair pessoas com uma lenda super conhecida, porém na verdade ela traria a ancestralidade e a matriz africana por de trás da lenda roubada pelos brancos. A autora começa nesse caminho e depois dela apresentar a Arte da Raiz, a ancestralidade serve apenas como um recurso narrativo para chegar no plot que a Ordem sempre teve origem no estupro de escravizadas.
É um bom plot? Sim, é inegável isso, mas me incomoda que a Bree tenha escolhido ser Escudeira do Nick, quando ela viu e vivenciou uma organização secreta sendo explicitamente racista com pessoas pretas, incluindo ela. TIPO MONA O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO AQUI????? VOCÊ JA DESCOBRIU DA SUA MÃE? POR QUE? POR MACHO???? BRANCO AINDA
Ao invés dela ter se juntado com as praticantes da magia em sua fonte original, mergulhar na ancestralidade verdadeiramente, aprender a Arte das Raizes, fazer os rituais de oferenda.
Porém a autora escolheu usar isso como pano de fundo para desenvolver a Ordem da Távola Redonda, uma organização racista. Tanto que temos muitas informações sobre a Ordem e poucas da Arte das Raizes e até mesmo das Artesãs de Sangue.
Isso me faz refletir até quando pessoas prestas vão se prestar a esse papel de mudo, cego, surdo para se encaixar em uma ambiente opressor? Enfim, esses são meus pensamentos apesar de confusos!!!!
Espero muito que a Bree no livro dois faça um resgate VERDADEIRO da ancestralidade dela e destrua a Ordem ou ao menos saia dessa porcaria!!!!