Danielle 06/12/2022Quantas vezes eu já disse que amo livros com personagens sem nome? E em A Filha Primitiva, vemos não so uma, mas as três personagens principais mãe filha e avó, sem nome.
Aqui vemos a real família comum do Brasil, mães solo pobres tentando sobreviver.
A avó que não trabalha, fica em casa cuida da filha e neta. E é extremamente religiosa e tudo que quer é que a filha estude e vire doutora.
A mãe, que se formou professora, tem relacionamentos "amorosos" (completamente nao amorosos, o que falta para ela também é amor) completamente duvidosos e toda dor e dúvida após ter uma filha, trabalhar, fazer mestrado, suas questões com a própria mãe e seu passado, a curiosidade que a esmaga de saber o próprio passado, quem é seu pai, decidir seu futuro e sobreviver ao presente.
E a filha vivendo nessa casa, ainda tão pequena mas com tanta responsabilidade: ser a redenção dessa família.
Uma escrita poderosa e crua, a narrativa muito bem elaborada. Podemos ver que a autora realmente sabe escrever. A história me tocou muito e fica fácil se identificar ou identificar os outros enquanto ler. Tudo isso em um livro tão curtinho.
Quem gostou de o papel de parede amarelo talvez goste.
Que maravilha ter oportunidade de ler uma obra nacional de tanta qualidade no KU, eu super recomendo, de verdade.