spoiler visualizarAninha 26/12/2023
Que surto foi esse minha irmã?
Vamos lá. Eu preciso falar sobre esse livro, uma necessidade tão grande que me consome, porque ele foi tão decepcionante que eu quero gritar.
Mas então, por que dei três estrelas?
O livro aborda temas importantíssimos sob a narrativa de thriller. Como pessoas (especialmente mulheres) são tratados em ambientes de trabalho e o quão cansativo pode ser para uma mulher preta ter que aguentar as microagressões diárias acontecidas em ambientes corporativos.
A discussão não é chata ou massante, é a realidade no ponto de vista de uma mulher incrível, que se dedica diariamente a uma empresa gerenciada por pessoas, que não a veem como alguém realmente importante. Tudo isso me fez gostar e torcer pela Nella, para que ela fosse reconhecida e alcançasse os seus sonhos.
E no final, o que eu recebo? Uma OGN. Não me leve a mal, eu entendi o final okay? A luta contra o racismo é cansativa de mais, pessoas pretas não tem escolha a não ser lutar contra isso diariamente. Não é uma pauta de Twitter que você pode simplesmente decidir que vai debater sobre naquele dia em específico e depois seguir a sua vida normalmente, porque não é afetado diretamente. Então cansa, exauri, machuca. E a jornada da Nella já deixava bem claro que ela iria se tornar uma OGN. Ela foi praticamente programada pra isso quando entrou na Wagner Books.
O problema não é esse.
O problema é a falta de desenvolvimento das pessoas e acontecimentos que levam esse plot a acontecer. A autora passou tempo demais descrevendo coisas que poderiam ter sido resumidas, e tornou a narrativa principal muito curta e rápida.
Esse livro é uma espécie de "corra" o filme de terror, sabe? Mas com uma diferença gritante e frustrante. A pessoa idealizadora daquela merda de pomada é uma mulher preta!!!! Gente, faria muito mais sentido se tivesse sido desenvolvida pelo Richard ou algo assim, o que a Diana e a outra lá que esqueci o nome ganhariam fazendo uma lavagem cerebral na Kendra???? Tudo bem que a notícia do jornal foi meio polêmica, mas vamo concordar que não foi nada tão extremo assim, não justifica sua melhor amiga querer apagar sua essência e franqueza porque vai contra o que pessoas brancas querem ouvir.
Eu entendo (um pouco) o motivo de ser um finalizador pra cabelos. Apesar de ter sido muuuuuito fantasioso. O cabelo crespo é uma das primeirascaracterísticas negroides vista em uma pessoa fora seu tom de pele. É uma forma de identificação e uma parte importante da aceitação da negritude de uma mulher. Falo com conhecimento de causa, obviamente. Porém...ah sei lá, não me convenceu como deveria.
E o que falar sobre a falta de desenvolver do resto dos personagens? Foi o que mais me chateou. E a Malaika? Ela é uma mulher incrível, dona de si muito empoderada, o que ouve com ela?
O Owen, ele fazia parte desse plano de alienação também? Ficou extremamente ambíguo.
A resistência? Como eles operam de verdade se não interferem na influência de OGN's nas vidas das pessoas?
A Kendra, ela foi uma OGN por muito tempo? Como ela descobriu a influência dos produtos de cabelo? E as ameaças da Diana e do Richard? Eles queriam controlar ela de novo ou matar de vez?
A Shani e a Lynn, o motivo dos conflitos das duas as divergências, como a Shani vai parar naquela empresa?
E por fim, as OGN. Como elas realmente funcionam? claramente possuem algum tipo de discernimento, elas tem alguma organização também? Qual o objetivo a longo prazo delas? Por que se livrar de outras pessoas negras? São controladas de alguma forma ou meramente suscetíveis? No final das contas, elas são quem no tabuleiro de xadrez? A rainha, ou o peão?