belaffig 12/10/2021"Vidas impossíveis surgem do nada."Me faltam palavras para descrever o que foi toda essa experiência. Não só com esse livro, mas com a saga toda: "A Passa-Espelhos" foi uma história que me apareceu do nada e me cativou do nada, com um primeiro e segundo livros que tiveram um crescendo de qualidade incríveis; e apesar de continuar achando que o terceiro é o mais fraco deles e podia ser incorporado nesse último para formar uma trilogia já que adiciona bem pouco na trama, ainda tem seu valor para mim. Mas "A Tempestade de Ecos" é uma experiência toda por si só. Diferente dos outros livros, diferente da trajetória que eles propõem, tive (e ainda tenho) muita dificuldade em expressar como essa trama extrapola tudo que os outros livros dedicam-se a fazer e mostrar. É diferente, mas é igual; ainda é a história d’A Passa-Espelhos mas em uma proporção absurda, explodida, que tem cara e tom de final do início ao fim.
Ainda me encontro muito conflitada pensando em como tudo se deu e terminou. Vi alguns comentários dizendo que a história é muito complicada, enrolada em si propositadamente; mas não senti isso – talvez por eu ter feito anotações conforme ia lendo de tão intenta que estava em tentar descobrir tudo, talvez por eu ter dado uma boa repassada nos livros anteriores antes de começar esse... Mas apesar desse livro ser bem mais difícil de acompanhar que os outros, por possuir revelações que são mostradas por trajetórias e não dadas facilmente ao leitor, e por serem tantas coisas a serem abordadas e finalizadas, a escrita e a história fluíram tão bem quanto antes para mim. Acho que até mais, depois do arrasto que foi "A Memória de Babel"; em comparação, esse livro é frenesim puro. Talvez essa perspective se renove com uma releitura, talvez minha visão tenha sido um pouco anuviada pelo tanto que eu estava esperando desse desfecho; mas isso é algo que eu só vou descobrir pensando e repensando sobre essa saga e relendo-a – coisa que vou fazer, porque acho que o melhor presente que "A Passa-Espelhos" me deixou foi essa história tão rica e cheia de detalhes que deve ser revisitada, de novo e sem cansar, para novos detalhes e para matar a saudade dos personagens que vão fazer falta. Personagens esses que não deixaram a desejar nessa conclusão: novamente em contraposição ao livro anterior, o desenvolvimento de Ophélie, Thorn, e todos os outros personagens que voltaram a ter destaque aqui foi bem feito e transparente, do jeito que finalmente deveria ser.
E então tem o final: as últimas páginas desse livro são, assim como todas as outras, recheadas de acontecimentos absurdos; ter tirado a tarde para finalizar esse livro todo de uma vez foi um desafio muito bem-vindo para minha imaginação (e que deu pequenas explosões no meu cérebro). Novamente, tanta coisa aconteceu que vou ficar pensando nisso por bastante tempo sem tirar uma conclusão do que achei de tudo. Mas isso é bom: pede novas revisitações. O que importa agora é que foi chocante, eletrizante e com reviravoltas e resoluções muito além das que eu esperava. Estava comentando com uma amiga há um tempo sobre a beleza dessa saga: é uma fantasia, mas que brinca com a realidade de um modo um pouco mais “crível”, fazendo com que a gente se pergunte se isso não venha a ocorrer algum dia (bem, bem distante). Aqui, isso se intensifica bem mais. Eu nem sei da onde Dabos conseguiu tirar essas ideias malucas e como conseguiu colocá-las no papel, mas perceber o brilhantismo com que conseguiu fazer isso, perceber como ela teve o cuidado de construir essa história, esse fim que estava lá desde o começo, foi maravilhoso. E a saga termina como começa: não sei se chamaria o final exatamente de grandioso, mas a história nunca pediu por isso. Dabos sabe como cativar a gente sem precisar de um grande desfecho ou de grandes heróis. E sobre o final, final; sobre as últimas páginas: eu gostei daquele jeito. Há quem reclame de finais abertos mas eu vejo um certo encanto neles, e consigo ver porque a autora escolheu terminar assim: quase como que sem terminar. Não sei se ela pretende voltar a esse universo, mas se não voltar, fico mais que satisfeita por ter mergulhado nesse mundo não muito longe daqui e por ter conhecido essa história e esses personagens que viraram meu cérebro de cabeça para baixo. Não esperava gostar tanto dessa saga, mas criei um carinho enorme por ela; mal posso esperar para revisitá-la logo. Foi uma honra. Mais que isso, até.