Pri Ruppenthal 10/07/2022
Depois é nunca.
?Todos perceberão, em algum momento, que o modo de enfrentar a morte é somando as partes quebradas dentro de nós.?
Depois é nunca, de Carpinejar.
No 7? lugar de livros na lista de Morte e Luto, Depois é nunca fala sobre a única certeza que temos na vida: a morte. Aqui, Carpinejar, com muita maestria, tece envolventes e delicadas narrativas sobre o luto. De todos os livros que eu li nesses 342 dias sem meu pai, esse livro certamente seria aquele em que se alguém me perguntasse como é viver o luto eu diria para lê-lo.
Quando li o título desse livro eu sabia exatamente o que Carpinejar queria dizer com essa frase. Depois é nunca. Ela é auto-explicativa. Em crônicas que falam sobre o quanto não sabemos reagir ao luto, Carpinejar encontra palavras que possibilitam o fluxo nítido de pensamentos junto dos sentimentos, com a sabedoria de quem sabe mexer com a magia das palavras. Ele escreve como quem te escuta. Em Depois é nunca sua escrita é norteada pelo luto, pela saudade e pela esperança. Carpinejar trata dos sentimentos e das angústias de uma maneira única.
Ler um livro que fala sobre o luto depois do primeiro ano da morte de alguém que você ama, tem uma forma diferente de reação. Foi inevitável não chorar. Nunca imaginei que alguém pudesse descrever em palavras todas as sensações que passamos durante o processo do luto.
"O enlutado passa a morrer várias vezes ao dia. Não subestime a veracidade desses apagões. É a maior dor que existe, a dor do desamparo. Não poder desabafar com quem está morto, logo a quem costumava pedir ajuda, quem saberia consolar e lidar melhor com a situação".
Esse livro tem muitos pontos fortes. Além de capítulos curtos, letra e espaçamento grande, ele te leva pra um lugar que só quem vive o luto vai entender.
Enfim, é uma leitura para uma profunda reflexão. Um livro que deve ficar na cabeceira da cama. Ele certamente vai ficar na minha.
Nota: 5.0/5.0
?NUNCA SABEREMOS QUANDO SERA A ÚLTIMA VEZ. A DESPEDIDA JÁ PODE TER ACONTECIDO.?