Thiago 31/12/2022
História famosa com algumas falhas que atrapalham
Um livro do início da carreira de Agatha Christie, esta obra tem muitas características dessa fase da autora e da época em si, tais como a presença de espionagem, serviço secreto e a Guerra recém terminada e seus efeitos.
A história não conta com um dos tradicionais detetives de Agatha Christie, mas com dois narradores que se revezam, a protagonista Anne Beddingfeld - muito carismática e de personalidade forte, lembrando Tuppence Beresford - e Sir Eustace Pedler - um rico membro do Parlamento e personagem muito engraçado.
Apesar do título, a trama não busca revelar a identidade do "Homem do Terno Marrom", que é descoberta antes da metade do livro, mas desvendar um esquema de corrupção, roubo e espionagem internacional ao descobrir a identidade do misterioso "Coronel". Contudo, o livro peca em alguns momentos de sua condução, havendo algumas coincidências e conveniências de roteiro, além de alguns pontos inexplicáveis após a história terminada (mais não posso falar para não dar spoilers).
Destaco somente um ponto que gera estranheza, especialmente num leitor atual: o romance conta com a presença do Coronel Race, um personagem recorrente da autora e que poderia ser classificado como o detetive da história (mesmo estando muito longe de ter uma presença marcante no desenrolar da trama). Em vários momentos, comenta-se que ele é um membro do Serviço Secreto Britânico num tom quase trivial; em que realidade (tirando num filme de James Bond, o agente secreto que só usa seu codinome entre seus colegas, revelando sua verdadeira identidade a qualquer pessoa) isso aconteceria? Não faz sentido algum...
Apesar de ser uma das obras mais famosas dessa autora tão celebrada, a sensação que fiquei é que não envelheceu bem, não sendo atemporal como tantas de suas histórias.