Rai 01/01/2022Juro que tentei entender o hype, mas não deu.Eu estava com uma ansiedade danada pra ler esse livro, quase cogitando pegar a série em inglês mesmo, afinal eu amo quando as histórias se passam boa parte no Submundo e alguns dos meus mitos preferidos são citados aqui. Mas, infelizmente, um livro que tinha um potencial gigantesco desceu a ladeira de um jeito que me surpreendeu muito. A autora tentou fugir da síndrome de estocolmo, amenizando e modernizando a história dos dois, mas escreveu um desenvolvimento bem decepcionante.
Perséfone é inconstante, mudando de personalidade a todo momento e indo de contra a tudo que tinha dito duas páginas antes sem a menor explicação, infantil, extremamente ciumenta (uma rivalidade feminina ridícula e desnecessária) e, por muitas vezes durante esse livro, sem noção (pra não dizer burra). Hades é praticamente um cachorrinho dela, sendo um deus absurdamente bonzinho e fazendo todas as suas vontades e sendo o herói dela sempre que ela está em apuros, o que me deu nos nervos, porque é tão diferente de tudo que eu conheço e com uma justificativa tão mixuruca pra isso que se tornou risível. E a Deméter, considerada deusa da gestação, protetora dos casamentos e das leis sagradas indo contra a profecia dos Destinos? Ainda mais por uma picuinha com Hades que o livro não explica? Até a Afrodite, que aparece quase nada mas é uma deusa poderosíssima e incrível, foi reduzida a esposa triste e solitária que não é amada pelo marido. Me poupe.
O romance entre Hades e Perséfone se baseia praticamente em sexo, sexo, sexo e discussões dramáticas que não levam a lugar nenhum, porque como a maioria dos hots, o pau mágico do Hades resolveu tudo (ai que ódio, gosto nem de lembrar).
Tudo é tratado de forma muito superficial, jogado bruscamente, com uma cronologia muito louca e confusa, clichê mal feito em cima de clichê mal feito (inclusive em alguns momentos as referências a outros livros famosos foram MUITO óbvias, beirando a cópia) e as cenas hots são deploráveis (teve hora que eu tive que parar e calcular, porque certas coisas não eram possíveis nem com magia). Mas o pior são os erros de continuidade. Como a tradução está beeeem ruim, não sei necessariamente se é culpa da autora ou da tradutora/revisora, mas isso me tirou muito do sério: os chifres de cimitarra, o Hades com uma barba pontuda e bem feita e cinco horas depois, sem sequer ter levantado da cama, estava com uma cara sombreada por uma barba por fazer; ou então eles entraram no quarto dele e daqui a pouco o quarto vira uma sala... E tem muito erro de digitação, gênero trocado e tempos verbais incorretamente traduzidos. Me arrependi um pouco de não ter pego em inglês mesmo, mas pelo menos foi gratuito no KU, não precisei comprar o físico/ebook.
Pra não dizer que odiei tudo: eu realmente gostei da Perséfone bancando a bitch vingativa e cheia de raiva. Queria que ela tivesse sido assim mais vezes, porque pelo menos seriam mais cenas interessantes. E essa é uma das minhas maiores decepções, porque pelo trecho que a autora colocou nos agradecimentos, o livro originalmente teria MUITO disso e seria um enemies to lovers REAL e INTENSO (eu teria que passar pano pro estocolmo? sim, mas passaria com gosto se fosse muito bem feito).
Nunca mais deixo a Mani escolher romance sobrenatural (hot) sozinha rs