Eduarda Gouveia 04/02/2024
Pecou por tentar demais
Eu realmente esperava muito mais desse livro, principalmente pelo local onde se passa: a premissa era, de fato, muito boa. Um antigo sanatório nos Alpes suíços que de repente fica isolado bem em meio a uma grave tempestade de neve com um assassino a solta. A atmosfera descrita pela autora é bem envolvente e encoraja o terror/mistério.
No entanto, acabou sendo bem decepcionante a maneira como as coisas foram acontecendo.
O ponto alto do livro ocorre com a morte da funcionária *****, ainda na primeira metade do livro; depois disso todo o resto se torna bem mais ou menos.
A autora, nos capítulos finais, quando o/a assassino(a) revela os seus motivos, parece querer abraçar o realismo. Contudo, apesar desse apreço pelo realismo, a gente tem uma detetive afastada do seu cargo por estresse pós-traumático, investigando um crime que ocorre na Suíça, onde ela não tem qualquer jurisdição, o que, apesar das repetidas explicações dadas ao longo de livro, não deixa de incomodar.
E por falar na personagem principal, detetive Elin, infelizmente não consegui criar nenhum vínculo ou empatia por ela. Apesar de ainda estar se recuperando de seus traumas e de ter um passado mal resolvido com seu irmão Isaac (que eu particularmente achei que mais atrapalhou no livro do que ajudou), no geral, ela me parece muito amadora. Sempre agindo de maneira impulsiva e demorando a chegar a conclusões óbvias para uma profissional.
Novamente, pela maneira odiosa e violenta com que os assassinatos eram cometidos, eu esperava encontrar um assassino bem mais instável mentalmente e odioso do que aquele que é revelado ao final do livro. As motivações são todas bem preguiçosas.
Enfim, esse é um livro que tinha todos os elementos para ser um ótimo thriller, mas que infelizmente peca por tentar demais.