Juju 25/02/2022
Expectativas frustradas
Na região de Crans-Montana, Suíça um chique e inovador hotel foi erguido a partir da antiga estrutura de um infame sanatório especializado em supostos tratamentos para pacientes tuberculosos em meados de 1920. No entanto, desde o início do projeto organizado pelo empresário Lucas Caron e seu parceiro arquiteto Daniel Lemaitre, muitas pessoas da região foram contra e demonstraram enorme insatisfação mediante à reforma. De qualquer forma, anos mais tarde a construção finalmente se concretizou e o Le Sommet é agora um destino popular e atrativo aos olhos. É para este local isolado e constantemente recoberto por camadas extensas de neve capazes de bloquear as estradas que Elin Warner viajará a fim de se reencontrar com o irmão distante, Isaac, e celebrar seu noivado com a doce Laure. As coisas dão terrivelmente errado quando Laure desaparece e incapazes de contar o auxílio da polícia, cabe agora à Elin assumir o controle e encontrar as respostas de que necessitam para resolver o mistério, parar o possível assassino e evitar mais tragédias ao mesmo tempo em que ela trava uma batalha consigo mesma e seus próprios demônios do passado.
Esse livro é muito enrolado. Os personagens são enrolados, a trama é enrolada, uma bagunça só. Elin, a protagonista é uma mulher que possui marcas e traumas do passado a respeito da morte do irmão mais novo Sam, só que isso parece minar totalmente a sua personalidade ao longo das quase 250 páginas do livro. Ela perde tempo com devaneios eternos que não agregam em quase nada e por conta disso temos uma impressão de que a história não vai para a frente e tenta compensar lacunas em branco com sentimentalismo, sem mencionar que ela encasqueta com qualquer coisa inútil que aparece. Para mim também não ajudou que os demais personagens eram igualmente chatos e sem noção, o irmão Isaac é babaca, as pessoas que trabalham no hotel são inexpressivas e o pior foi o namorado da Elin. O homem é um poço de egoísmo bem ao estilo namorado tóxico mesmo que pressiona, cobra respostas de uma pessoa abalada, exige validação emocional a todo momento, duvida das capacidades intelectuais e físicas dela e quer resolver tudo na base de: "não é da nossa conta que tem gente morrendo, deixa para lá". Não entendi o propósito da autora ao inserir esse cara na trama, muito menos entendi porquê ela não criticou as atitudes dele, pelo contrário, achou tudo aquilo normal e válido em se tratando de uma relação amorosa. Que fique claro, não é!
Enfim, a verdadeira ação por assim dizer só começa lá pelas 300 páginas em diante, só que como eu disse a personagem principal quebra tanto a cabeça com reflexões que acaba entregando os possíveis "plots" da trama antes mesmo de eles acontecerem, o resultado final é uma coisa morna, previsível e pouco criativa com um desfecho estranho e bem esquizofrênico. Nem um pouco original em se tratando de um thriller.
Isso quer dizer que não vale a pena ler? Não exatamente. O livro não é de todo ruim, eu já li coisas bem piores, pelo menos temos uma certa lógica nos acontecimentos e fatos, é só que se você está em busca de algo surpreendente não vai encontrar em "O Sanatório" (até o nome eu achei clichê). Não existem reviravoltas de fundir os neurônios, em nenhum momento eu me flagrei tentando formular teorias alternativas, tudo era bem preto no branco e não poderia fugir muito do que estava sendo proposto. O que acho que aconteceu é que esse livro acabou - por algum motivo que eu não compreendi bem - se tornando extremamente hypado e eu como algumas outras pessoas me vi caindo na ilusão de que encontraria algo extremamente fora da caixa, sendo assim aumentei o nível das expectativas e fiquei bem decepcionada. Caso você vá ler sem saber o que esperar, talvez possa ter uma experiência um pouco melhor. A propósito tudo sugere que a autora irá investir em uma continuação.