Italo Bernardo | @wesleyliterario 22/04/2022Épico #WesResenha
"Vergonha. Essa era a arma favorita deles. Uma arma para me corroer por dentro até que eu acreditasse que só podia acatar o destino que jogassem aos meus pés amarrados. Não funcionou.
Apesar de todo o esforço que fizeram, sei que mereço ser feliz."
Há muito tempo Huaxia foi invadido por alienígenas que tentam tomar o planeta, provocando uma guerra sem fim. Nesse mundo, a maior honra para as mulheres é dar sua energia para alimentar as crisálidas, enormes máquinas tecnológicas que protegem os humanos dos ataques hundus. Inconformada com esse sistema e com a morte da irmã, Wu Zetian se alista para ser concubina, até que sua vida toma outro rumo quando ela se torna a Viúva de Ferro: uma mulher que suga a energia do pitolo matando-o. Agora, designada a ser parceira de Li Shimin, Wu Zetian sabe de sua capacidade e vai fazer de tudo para destruir esse sistema que mata uma mulher atrás da outra.
Um livro que foi além do que eu imaginava. Já esperava uma história criativa e que iria abordar discussões de gênero importantíssimas, mas para além disso, Xiran criou um universo intenso, recheado de tramas políticas, personagens determinados, segredos, e com plots twists que deixam o enredo cada vez mais intrigante.
Essa é uma narrativa futurista, que mescla sci-fi e fantasia de uma maneira ousada, singular e bem executada. De início fiquei confuso com o funcionamento tanto do próprio mundo quanto das crisálidas e hundus, as coisas vão se esclarecendo ao longo da leitura, e quando percebemos já estamos imersos nesse universo.
Wu Zetian é nos inspira e mostra a importância de lutarmos pelo que acreditamos, mesmo quando tudo está ao contrário nos motivando a desistir e vencer parece improvável. Em tempos como o nosso, ser resistência em uma sistema social que inferioriza, menospreza, descarta pessoas por não seguirem seus modelos de pensar e de vida pré-determinados e arcaicos, é uma necessidade.
'Viúva de Ferro' é uma história de força, tocando em pautas importantes, discursivas, que levam o leitor a pensar em como podemos viver sem notar a opressão promovida pelo sistema a tantas pessoas. Um livro instigante, diversificado, com um mundo criativo baseado em lendas chinesas e um final surpreendente.
"Não é nada convencional, trata-se de mais uma regra implícita que estamos quebrando, mas quer saber? Funciona para a gente. E acho que estamos fartos de permitir que este mundo nos diga o que é adequado e o que não é."