Fernanda631 31/07/2023
O Misterioso Caso de Styles
O Misterioso Caso de Styles foi escrito por Agatha Christie e publicado em outubro de 1920.
Publicada em 1920, O Misterioso Caso de Styles não só é a obra de estreia daquela que se tornaria a autora mais traduzida do mundo, como também ajudaria a solidificar as características-base do suspense policial.
Necessário reforçar, também, que é neste livro que nasce o detetive Hercule Poirot e onde boa parte de sua metodologia é assentada, incluindo a forma narrativa, a partir do capitão Hastings, e o estilo para revelar o vilão em meio a um grupo de suspeitos.
A história tem início quando o capitão Arthur Hastings aceita passar algumas semanas na casa da família de seu amigo de infância, John Cavendish. Hastings se anima muito com a ideia pois não vê se amigo a muitos anos e aquela seria uma oportunidade perfeita de relaxar. E assim, pergunta para o amigo sobre sua vida desde que os dois se distanciaram.
Mr. Hastings então descobre que John tem uma madrasta, a Mrs. Emily Inglethorp, e ela é detentora de toda a fortuna da família desde a morte de seu marido (e pai de John), o amigo de Hastings garante que a mulher é muito generosa e nunca deixa nenhum dos membros da família ou agregados passar por quaisquer necessidades.
Ao chamar no casarão, entretanto, o jovem nota uma tensão no ar, isso porque Emily Inglethorp está casada com um homem de passado extremamente duvidoso, muitos dos membros da casa (incluindo a criadagem) acredita que Alfred Inglethorp só se casou com Emily por conta do dinheiro, mas poucos tem coragem para dizer isso a matriarca.
Tudo parece chegar ao seu ápice quando Emily é encontrada em pura agonia em seu quarto, convulsionando! Devido ao forte barulho causado pela mulher, todos vão ao seu quarto e presenciam os últimos instantes de Mrs. Emily Inglethorp. Entre suas últimas palavras são enunciadas o nome de seu atual marido, Alfred.
Todos ficam extremamente chocados com a morte repentina da mulher, a polícia é chamada, no entanto Arthur Hastings tem uma ideia melhor. O homem é amigo do notório detetive Hercule Poirot, que, por enorme coincidência, estava hospedado em uma casa próxima a da família Cavendish! Arthur não hesita em chamar o detetive para guiar uma investigação, afinal, quem teria matado Mrs. Emily Inglethorp?
A trama é narrada pelo capitão Hastings que está de visita na casa de campo em Styles quando a tragédia aconteceu. Após a morte da matriarca, Mrs. Inglethorp, por suspeita de envenamento, Hasting convidou seu amigo e detetive belga, Hercule Poirot, para ajudar na investigação do caso. Envolvidos na cena do crime estão: Mr. Inglethorp, esposo da vítima; John e Lawrence, enteados da vítima; Mary, esposa de John; Dr. Baurestein, médico da família; Hastings, Cynthia Murdoch e Evelyn Howard, amigos da família; Dorcas, a governanta; entre outros empregados da casa.
Apesar de poucos suspeitos é muito difícil conseguir ter certeza de quem é o possível assassino.
A personalidade exuberante e metódica de Poirot associada às tentativas de auxílio do Hastings deixa a história muito interessante com um toque irônico.
O modo como a Agatha dá importância a todos as personagens em momentos oportunos, fazendo o leitor suspeitar de cada um por motivos diferentes, aguça demais a nossa curiosidade.
A trama de O Misterioso Caso de Styles é simples e intrincada, e traz aquilo que pessoalmente eu mais amo numa história de suspense: uma morte ou mistério inexplicável; diversos suspeitos, todos com bons motivos para cometer o ato criminoso; algumas tramas paralelas que podem ou não influenciar no desfecho; e um final recheado de reviravoltas e surpresas conduzindo ao culpado mais improvável. Confesso, sou fã desse modelo tradicional de suspense e uma devota de Sherlock Holmes e sua metodologia. Logo, Hercule Poirot obviamente não teria como não me seduzir.
Interessante perceber que mesmo para uma obra de estreia, Agatha Christie já apresenta neste livro diversas características de um livro maduro. A história é bem arquitetada e traz uma sequência de reviravoltas, incluindo a revelação do criminoso, que surpreendem.
Adivinhar o nome do culpado pode até ser fácil para leitores mais atentos, contudo conseguir descobrir isso a partir de pistas deixadas ao acaso pelos capítulos, e conseguir formular uma explicação, exige boas doses de raciocínio e atenção. E a melhor parte é acompanhar, sentados na sala de estar, o monólogo de Poirot esfregando em nossa cara tudo aquilo que deixamos passar despercebido.
História como a de Styles são interessantes para aguçar nosso raciocínio. Como nas dezenas de livros similares, há uma infinidade de pistas e possibilidades e os diálogos mais improváveis ou fúteis podem ser os mais decisivos na elucidação do caso.
Como não poderia deixar de ser, todo grande suspense é construído também em cima de um grande protagonista. Neste caso, Hercule Poirot, estreando, já conquista o leitor de cara. Ele é uma figura curiosa, que gera algumas situações bem-humoradas e que ao longo da história vai guardando tudo que sabe para si, deixando muito pouco no ar.
Seu auxiliar, o capitão Hastings, narrador da história, tem participação mediana. Ao mesmo tempo que conduz Poirot para a investigação e acompanha boa parte dela, também é deixado no escuro e se vê tão surpreendido com a revelação quanto os presentes.