Gustavo Carvalho 31/07/2023
Representatividade importa
Um romance sensível, com representatividade, comida e arte. Quase um Romeu e Julieta vietnamita. As famílias Mai e Nguyen se odeiam, proibiram seus filhos de se falarem desde pequenos e vivem numa eterna competição pra ver quem tem o melhor restaurante. Mas por quê?
Contrariando as ordens expressas dos seus pais (principalmente, das suas mães), Linh e Bao se encontraram, se apoiaram e se apaixonaram um pelo outro. A autora, por experiência pessoal, soube nos teletransportar para um universo rico em detalhes da cultura vietnamita. Tudo é muito enriquecidor.
Linh quer ser artista. Mais especificamente, pintora. Porém, seus pais não aprovam isso, então ela se envolve numa teia de mentiras pra tentar conciliar tudo. Já Bao sempre se contentou com a mediocridade, até que percebe ter vocação com as palavras, numa aula de jornalismo. A partir daí, ele começa a correr atrás (com um empurrãozinho de Ali, que é uma figura) e decide ser escritor.
Há foco na pressão familiar, nas incertezas quanto ao futuro e no quanto mostramos uma imagem pro mundo, quando, por dentro, está tudo bagunçado. Pelo menos, os protagonistas conseguem tirar o melhor um do outro, e é bem legal de companhar. Principalmente, nas interações que envolvem o chef Lê.
Gostei de conhecer mais sobre a culinária do país, de aprender algumas palavras (deveria ter a tradução das frases, porque muita coisa fica perdida) e fiquei sentido com os relatos de fuga da guerra, as dificuldades enfrentadas para chegarem ao sonho americano e, ainda assim, lidar com racistas. Isso condiz muito com a realidade.
Menção honrosa: Viet é um ótimo amigo e vai ser um cientista forense melhor ainda, com o tanto de série que assiste.
P.S. entre 60% e 70% do livro eu pesquei o segredo das famílias, mas me surpreendi com a revelação final da tia de Linh.