Kelly tirelli 10/09/2023
Solitária
O livro conta a história de Eunice e Mabel (mãe e filha), que desde muito cedo tiveram que enfrentar muitas dificuldades na vida (econômica, social, racial). Os capítulos são divididos de uma forma que eu particularmente amei, cada um traz a perspectiva de um personagem, sendo Mabel, Eunice, e até mesmo o ?quartinho? de empregada. Eunice trabalha para a família de Lúcia, uma família rica e com muitos problemas. Tendo dificuldade em deixar a filha com a avó, Eunice passa a levar Mabel para o trabalho, e é onde toda relação de Mabel com a família começa. Mabel passa sua infância e adolescência na casa, fazendo o trabalho junto com a mãe, mas começa a se incomodar, a questionar, tentando mostrar suas percepções e esperando que a mãe a compreenda. É onde começamos a perceber o amadurecimento da personagem, e ao mesmo tempo se doer com ela. Cada percepção de Mabel sobre a vida delas, sobre o trabalho da mãe, a relação patrão/empregada, sobre as relações de poder e tantas outras camadas, faz com que o estômago revire, que o peito aperte. É muito bonito acompanhar já na perspectiva de Eunice, o empoderamento (se assim pode ser dito) que ela constrói a partir dos movimentos da filha, da mãe, de Jurandir (sua rede de apoio). Já na perspectiva do quarto, falas tão simbólicas, que refutam o sentimento de cada personagem que ali passou e viveu, de tamanha sensibilidade e afeto. Trazendo ao nosso conhecimento vivências que até então não foram ditas. Eu me emocionei com esse livro, e vibrei a vitória de cada personagem querido. Finalizo a leitura com um sentimento de saudade dos personagens que tanto me afeiçoei, e com mais aprendizado/conhecimento ao olhar pra vida em sociedade.