Resenhas - Solitária

kaarine 20/09/2023

Leitura necessária, gente.
Peguei esse livro na maior ignorância da vida, não sabia do que se tratava, só via o pessoal falar por alto, mas não sabia da profundidade dele, do quão lá no fundo minha cabeça ia mergulhar em todas as linhas dele.

A Eliana brilhou muito em retratar cada parte desse livro, com os pontos de vista da Mabel, da mãe dela a Eunice e até do quartinho em que elas viveram a maior parte das vidas.

eu fico muito triste em saber que isso até hoje acontece muito nas surdinas de algumas casas, alguém sendo apagado por trabalhar tanto em um emprego que exige tanto e te humilha tanto, ainda mais quando é em casa de famílias, sempre tem quem chame de "é parte da família" e por trás só deus revela o que acontece.

esse livro é maravilhoso, retrata com tanta verdade sobre temas tão sérios (é bom ver gatilhos) mas é uma leitura muito necessária, te pega de jeito, faz você ler rápido, faz você querer entender o que aconteceu, e não acho que aquela família esnobe teve o que merece, mas fica em aberto então vou pensar o pior pra me acalentar hahaha

eu fiquei emocionada, de verdade, em tantas partes que me identifiquei, em tantas partes que eu gostaria de ter feito ou seguido o que o Mabel fez, quem dera ter um terço da determinação dessa menina, tão sábia, tão forte. E a mãe dela??? nem se fala, finalmente vivendo a vida dela e não a dos outros.

Juro gente, é tanta coisa pra falar, tantas partes lindas, frustrantes, decepcionantes, que a gente sente tanta raiva, tanta angústia, tanta solidão e ao mesmo tempo vontade de viver, de acertar, de seguir em frente com determinação, de tentar ser feliz, sem medo, sem ninguém pra te oprimir ou diminuir, juro, que livro lindo e real, leiam.

Ana Sá 19/12/2023

O Brasil do quarto de despejo
O livro narra a história de Eunice, empregada doméstica, e sua filha Mabel. Como tantas mulheres deste país, as duas se veem restritas aos limites da cozinha, da área de serviço e do "quartinho de empregada". A postura nada resignada de Mabel é o que movimenta a narrativa.

A primeira parte é narrada pela filha, a segunda, pela mãe. Já o(s) narrador(es) da terceira parte são uma sensível e original surpresa de que Eliana se vale para fechar a obra com chave de ouro.

Reafirmando uma das marcas de estilo da autora, temos aqui um livro que transforma em literatura o noticiário nacional. O gosto amargo vem do grito estridente de tudo que sabemos estar longe de ser ficção neste país.

viniciusalmeida 18/10/2023

Livro incrível e muito sensível
Eliana me conquistou por inteiro, primeiro livro que eu leio da autora e a forma como ela conduz a história e trata de um assunto pouco que são as profissões não valorizadas no Brasil, como a empregada doméstica e entregadores, assim como o racismo é algo magnífico que conquista e faz a gente enxergar a sociedade e o nosso mundo de forma diferente.

Fora que a divisão dos capítulos e a forma como a história é contada é GENIAL!!!

Completamente impactado e louco pra ler o próximo livro da autora.

Alessandra Leandro 11/10/2022

Necessário!
Como primeira experiência de leitura de um livro de Elaine Alvez Cruz, o livro me deixou dolorida por dentro.Dolorida pela vida de Eunice, pela forma que ela e sua filha eram tratadas no trabalho, como as pessaos pobres e negras são tratadas pelas pessoas ricas. Como a vida vale pouco para alguns. Livro necessário!!!!!!

DêlaMartins 03/04/2023

Usando uma linguagem simples, o livro de Eliana Alves Cruz me encantou. Devorei o livro, não conseguia parar.

"Solitária" aborda a rotina e fatos da vida de uma empregada doméstica negra (Eunice), que mora num quartinho junto com sua filha, Mabel. A 1a parte dá voz à Mabel e sua visão sobre o que vivencia junto à sua mãe. Mabel vive no quartinho da luxuosa cobertura desde menina e, conforme cresce, passa a enxergar as coisas como são. A 2a parte é contada por Eunice, completando informações de histórias já narradas por Mabel. Eunice também passa por transformações e, aos poucos, vai mudando o sentimento de gratidão e medo que tinha em relação aos patrões. A última parte é relatada pelo quartinho, que vê tudo o que ali acontece e completa as histórias das duas narradoras.

É uma foto da falta de respeito, do preconceito, do pouco acesso, da exploração e das injustiças sofridas até hoje por essa classe de trabalhadores (trabalhadoras).

Apesar de tratar de um assunto doloroso, a autora não deixa a história pesada e mostra sucessos que tanto a mãe quanto a filha alcançam. Super recomendo!

FAtima311 28/05/2023

Solitária
Alguns livros nos pegam pela simbiose que apresentam com a realidade. São como espelhos em que vemos a realidade, ora difusa, ora brutalmente escancarada. Solitária, embora se categorize como ficção, tem muito de realidade. E um real cotidiano que não está tão distante no tempo histórico. Ler a história de Mabel me levou a um passado onde também já fui a Irene menina que foi para a cidade morar em “casa de família”. No meu caso, era a única opção para sair da roça e conseguir estudar. E mesmo que pareça que Eliana Alves da Cruz nos conte histórias antigas, sabemos todos que muitas Irenes e Mabéis são contemporâneas nossas e chegam todos os dias aos Golden Places urbanos, trocando suas meninices pela solidão dos quartinhos apertados das casas de família.

Marcelo Costa 26/05/2023

Uau! Uau! Uau! A autora, pelo próprio título e obra, consegue remeter ao espaço físico ocupado pelas empregadas domésticas brasileiras - o quarto dos fundos, que há anos vem sofrendo violências psicológicas e sociais. Com linguagem simples e fluida, o enredo consegue aproximar os leitores e fazer com os mesmos reflitam sobre a condição social, financeira e psicológica que muitas domésticas ainda sofre em seus ambientes de trabalho. Temas como acesso a universidade, trabalho análogo a escravidão e a pandemia do COVID-19 também estão presentes na história. Uma obra que eu recomendo para aqueles que querem iniciar no mundo na literatura e aqueles que desejam refletir sobre as mulheres pobres que entregam sua força física através do cuidado do lar. A autora consegue criar uma dinâmica que, com certeza, remete as histórias de várias Eunices pelo Brasil que são consideradas como ''seres invisíveis'' pela sociedade civil, apesar de tentativas de avanços na busca de direitos. Fiquei tão imerso na história que terminei o mesmo em menos de 24h.

Amanda 17/04/2024

Livro importantíssimo sobre vidas tão marginalizadas e, ao mesmo tempo, tão inseridas no cotidiano.

Dando protagonismo e representando tantas e tantas empregadas domésticas e suas famílias, Eliane trata o assunto com a dureza que precisa e a sensibilidade que merece.

Lindo, triste, forte, potente, necessário!

elo 18/02/2024

Um tapa na cara
Essa é a primeira leitura obrigatória da ufsc desse ano que estou lendo e sério.. que livro maravilhoso!!!
A escrita é muito fluida e os personagens te cativam a continuar lendo. Terminei em menos de 24 horas.
Um livro tão fino, com uma história com tantas camadas

Isaias 10/02/2024

Até hoje me pergunto COMO os autores conseguem colocar tanta profundidade em poucas páginas. Me vi apegado aos personagens logo nas primeiras 20 páginas e foi uma das melhores experiências desse ano acompanhar toda a trajetória de Eunice e Mabel ao ponto de comprar as dores delas e querer proteger de todo o mal do mundo. Um livro profundo, doloroso e marcante.

annikav.a 09/06/2023

Primeiro livro que leio da Eliana... Essa é uma narrativa - um registro - muito sensível e dolorido. Narra histórias reais que se repetem milhares de vezes todos os anos, mostrando que o racismo não é velado, é escancarado, escrachado, sempre presente para quem o vive na pele. A classe dominante brasileira destila racismo e violências geracionais, e se por um lado (o branco) a violência é geracional, por outro (o negro) o processo de cura interior também o é. Enquanto as gerações de mulheres daquela família branca que mora na cobertura nunca aprenderam o que é cuidar, é justamente o imenso cuidado e amor de uma pela outra dentro da família de Eunice, Mabel e a avó que é capaz de curar algumas das feridas e alçá-las a vôos nunca imaginados por elas- principalmente por Eunice. Eliana não tem medo de dar nome ao gado, mostra que essas pessoas desprezíveis do Golden Plate são a cara do bolsonarismo, do racismo, do negacionismo e da morte das pessoas pretas. Para finalizar, uma surpresa: a autora sela seu compromisso com a espacialidade na terceira parte, que é contado do ponto de vista do quarto de empregada. É simplesmente uma leitura obrigatória.

Xuneor 09/06/2023

"Todo mundo tem uma história"
Infelizmente, é um retrato poderoso e verdadeiro do Brasil.

A crueldade velada dos patrões, as humilhações "disfarçadas" que Mabel e Eunice sofrem é de cortar o coração.

Tem um enredo envolvente e te leva à uma reflexão poderosa!

Mari Florentino 30/05/2023

Necessário e do tipo que você irá devorar!
Que livro maravilhoso e necessário! São 168 páginas, um livro curto, porém extremamente impactante. É tão bom, mas tão bom, que li em 2 dias. É um livro que traz no relato de uma doméstica a sua forma de enxergar a desigualdade entre as pessoas. A autora traz mãe e filha como narradoras, mas a parte mais brilhantes de todas é quando depois de ouvir os dois lados da história ela então coloca o quarto onde elas vivem como personagem e narrador. Nessa parte, eu juro que parei e dei um sorriso, fiquei boquiaberta com a genialidade da Eliana! Uma leitura para quem não se acomoda com os privilégios que tem e que topa revirar as construções do que a gente enxerga como sociedade brasileira.

Lobita_______ 09/06/2023

Apesar de o assunto ser pesado, a escrita é fluida e muito envolvente, não costumo ler o livro de uma vez, mas esse foi

a.s.a. 02/06/2023

Solitária, Eliana Alves Cruz
Lançado em 2022, o livro serve como denúncia e exposição sobre como nossa burguesia branca elitizada trata seus empregados.

Conhecemos Eunice, mulher negra e pobre, que desde sempre ganha a vida trabalhando como empregada doméstica. Vivendo no famoso ?quartinho da empregada?, espaço mínimo destinado às cuidadoras do lar. E também sua filha Mabel que desde muito criança convive com/no emprego da mãe, também se tornando empregada da família enquanto ajuda sua mãe cuidando da filha do casal pouco mais nova que ela própria.
Enquanto todos os privilégios são postos a filha do casal, Mabel aprende muito cedo que o que tem que ser dela precisa ser conquistado. E percebe que aquele espaço de serviçal a limita como limitou sua mãe.
Cheio de reviravoltas, carregado sobre assuntos atuais que ainda precisam ser discutidos amplamente como trabalho escravo, abandono parental, solidão, aborto, cotas e a incapacidade de verbalizar com o outro sobre aquilo que se senti. O livro ao ápice da morte de uma criança caindo da varando igual acontecido no Recife em 2020 e a tentativa de suborno para disfarçar a culpa da filha preciosa.
Livro complexo mas de fácil leitura, a autora não tem medo de ?dar nome aos bois? quando expõe toda complexidade racista e desigual que ainda é praxe em dias atuais. Para ser lido como jorro e pensado em conjunto.