Marianne Freire 13/03/2023
Como um rico vê um pobre? Como é a realidade de uma mulher pobre empregada doméstica no Brasil sem muitas oportunidades de escolha?
Um livro sobre exclusão, solidão, privilégios e tristeza, onde a classe social e a questão racial são os marcadores de diferenças mais dolorosos da prosa de Eliana Alves Cruz.
Uma reflexão sobre o trabalho doméstico no Brasil, com Dadá, a empregada, o porteiro, Mabel e Eunície como personagens principais da história, o porteiro, o pai solo, todos dentro de um condomínio de luxo, em um cenário e imaginário de Brasil desigual, classista, elitista. Uma prosa sobre um país com histórico de escravidão colonial.
Uma obra que podemos até lembrar de Torto Arado de Itamar Vieira Júnior, Carolina Maria de Jesus, Eliana Alves Cruz nos mostra um pedaço de país ainda preconceituoso, egóico e hedonista. A segregação predial que nivela as pessoas pelo poder financeiro e de compra.
Do solitário quartinho da empregada, Eliana Alvez Cruz faz sua literatura.
Uma ficção de um Brasil emergente e insurgente, subdesenvolvido em relação ao seu passado histórico e suas marcas no século XXI.