Aegla.Benevides 30/07/2022Eis o livro que me gerou sentimentos mais controversos na vida (ao lado de ?Desonra?, do Coetzee). Ora tédio, ora indignação, ora raiva, ora empolgação, ora meu-deus-preciso-ler-mais-desse-livro. Lançamento que acabou de sair do forno, ?Bolo preto? mal chegou aos leitores e já conquistou nomes como Barack Obama, que indicou a obra na sua Summer Reading List recentemente, e Oprah Winfrey, que será a produtora da adaptação dele para o cinema.
Preciso confessar que a sinopse comercial não traduz 1% do que esse livro representa, talvez pelo pavor que as pessoas têm dos spoilers, e é por isso que não vou aprofundar muito os detalhes do enredo por aqui. Byron e Benny são dois irmãos, de personalidades e trajetórias de vida quase opostas (mas igualmente interessantes), que passaram muitos anos sem se falar, até precisarem se reencontrar por causa do falecimento da mãe, Eleanor.
Misteriosa que só ela, Eleanor deixou para os filhos uma extensa gravação, onde conta detalhes sobre um passado muito distante. Esses detalhes se desenrolam até a metade do livro, e, para mim, foram a parte mais entediante da história. Felizmente, perseverei até os 50%, quando tudo começa a se encaixar e não tenho nem palavras pra descrever o que essa leitura se tornou.
Muitas traições, reviravoltas, mentiras e, é claro, fofoca, do jeito que a gente gosta. No entanto, além da demora em fazer a história engatar, a autora também quis fechar absolutamente todas as pontas do enrendo, até as mais irrelevantes, nas páginas finais. Por isso, acabou perdendo a oportunidade de desenvolver temas e personagens muito mais ricos e gerar mais identificação com o leitor. Ainda não sei se indico essa leitura (principalmente pelo início), mas se o seu objetivo é se surpreender com uma história, ?Bolo preto? é a pedida certa.