Bolo preto

Bolo preto Charmaine Wilkerson




Resenhas - Bolo Preto


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Naty__ 27/06/2022

Uma leitura despretensiosa, mas que te fisga!
Confesso que fui fisgada pelo livro por ter lido as duas primeiras frases da sinopse “Best-seller do New York Times. Adaptação para série a ser produzida por Oprah Winfrey.” Nunca tinha ouvido falar em Charmaine Wilkerson. Pelo que pesquisei, ela é americana e atualmente mora na Itália. Esse é seu livro de estreia, mas já está fazendo um baita sucesso pelo mundo.

A história vai contar sobre B e B – é assim que a mãe deles gostava de chamá-los. Byron e Benny são irmãos distantes, que não se falam muito e tiveram algumas divergências quando mais novos. Porém, após a morte da mãe, eles precisam superar as diferenças e lidar com os segredos deixados para os dois.

Eleanor Bennett deixa uma gravação de 8h para ambos acompanharem juntos, pois esse era o último pedido que ela fez para o seu advogado. Nela, B e B vão desbravar o relato de uma nadadora que escapa de sua ilha natal sob circunstâncias de vida ou morte. Após anos sem contato, os irmãos ouvem juntos a última coisa que a mãe deixou para eles – essa parte vai tocar o leitor, pois é de partir corações.

Tudo o que achavam que sabiam é colocado em dúvida, após ouvir aquela gravação. Inclusive novas descobertas que eles não faziam ideia que pudesse vir são lançadas aos poucos, e eles precisam absorver a informação – aceitar já é outra história.

A história se passa no Caribe, em Londres e na Califórnia, além de contar sobre um bolo que é tradição na família, uma receita caribenha. As partes tocantes são mescladas com a família preparando o bolo, momentos de diversão em outros, assim como momentos de deixar nosso coração quebrantado.

Acredito que a ideia de Eleanor tenha sido unir os irmãos com tantas informações bombásticas, por isso a exigência de ouvir juntos, e ainda na presença do advogado dela. Durante as revelações, eles precisam tomar um ar, descansar, porque não dá para assimilar tanta coisa de uma forma tão simples, pois não o é.

A escrita da autora é gostosa, bem fluida. A forma que os capítulos foram divididos deixa a leitura mais dinâmica, mas ao mesmo tempo faz com que, em alguns momentos, acabe se tornando um processo vagaroso. Parece contraditório, porém, partes da leitura, enquanto estamos acompanhando a revelação com os irmãos, é tudo muito fluido. No entanto, quando voltamos ao passado, o ritmo diminui.

É um drama familiar que eu realmente não estava esperando. Peguei com a editora sem altas expectativas, sem a pretensão de ser – e confesso que foi melhor do que eu esperava. Não foi a minha melhor leitura, como eu disse. Se você embarca na história acaba se cansando em algumas partes, mas isso não torna o livro ruim ou a experiência decepcionante. É preciso estar aberto às possibilidades.

Por ser o primeiro livro da autora, acredito que tem potencial para crescer mais e mais, na opinião de quem não entende tanto do assunto. Mas observo grandes escritores que começaram com aquela primeira obra que você não dá nada por ela. Aqui, com Charmaine Wilkerson, a coisa é bem diferente; já começou como Best-seller do New York Times – não é pra qualquer um. Então, conheça a história. Você vai gostar! E vamos aguardar para assistirmos à adaptação. Já estou bem ansiosa.

Trechos:
“Às vezes, as histórias que não contamos às pessoas sobre nós importam mais do que as coisas que contamos.”

“Naquela época, era fácil para uma jovem acreditar que era possível criar a própria família do nada porque o amor e a honestidade eram coisas verdadeiras neste mundo.”

“Então o pai também mentira sobre o passado. Benny sente raiva e tristeza na mesma medida. Quanto mais aprende sobre a mãe, particularmente, mais vê que ela não é a única na família a pagar um preço por ir contra as regras de outra pessoa.”

“Porque as pessoas que você ama são parte da sua identidade também. Talvez sejam a maior parte.”

“Ninguém te diz como viver com esse tipo de raiva, essa sensação espinhosa sob a pele. Isso é o que acontece com as narrativas falsas que, por fim, definem sua vida. Quando você enfim descobre que as pessoas em quem mais confiava mentiram por anos, mesmo quando consegue entender por que fizeram isso, essa consciência contamina todos os outros relacionamentos que você tem. Você começa a revisitar todas aquelas ações e comentários que nunca entendeu de todo, as coisas que as pessoas nunca disseram, as vezes em que você tinha certeza de que alguém agiu de certa maneira por um determinado motivo, só que não podia provar. E então você pensa em todas as mentiras que tem contado a si mesmo ao longo dos anos. Sobre como tudo foi bom, o quanto você foi apreciado, o quanto as pessoas se importaram.”

site: http://www.revelandosentimentos.com.br/2022/06/resenha-bolo-preto.html
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Leila de Carvalho e Gonçalves 26/06/2022

Saga Familiar
?Não escolhemos o que herdamos, mas podemos escolher quem nos tornamos??

O que pode haver em comum entre um pai à beira da água, aguardando que o corpo da filha seja trazido para a costa e o reencontro de dois irmãos, afastados há anos, no funeral da mãe?

Este é fio condutor do best-seller Bolo Preto, primeiro romance de Charmaine Wilkerson, uma ex-jornalista norte-americana conhecida até então pelos contos publicados em antologias e revistas.

Através de 440 páginas divididas em capítulos curtos, a escritora exibe a saga de uma família caribenha que, radicada na Califórnia, se caracteriza pelas origens multiétnicas, a pluralidade de costumes e tradições, além de histórias não contadas.

Sua protagonista é Eleanor Bennett. Uma matriarca que ao morrer, deixa uma intrigante herança para Byron e Benny, seus filhos. Ela consiste de um bolo preto ? feito com frutas e encharcado de rum ? além de uma longa mensagem de voz na qual ela compartilha segredos que abalarão todas as convicções que ambos possuíam sobre sua família e as próprias vidas.

A narrativa discorre sobre a reaproximação dos irmãos para conhecer o passado de Eleanor, um quebra-cabeças em que falta uma peça para ser encaixada e só depois de encontrada, eles poderão realizar o último desejo da mãe: provarem a tal bolo, uma alegoria sobre a fraternidade que pode ser guardada por anos, o que o torna até mais saboroso, remetendo a resiliência que deve cercar os laços familiares.

Tendo como cenários uma inominada ilha caribenha, a Grã-Bretanha e os Estados Unidos, a história divide-se entre a década de sessenta e o presente, acompanhando distintas personagens. Isso pode gerar alguma confusão nos primeiros capítulos, entretanto o leitor rapidamente se habitua aos saltos temporais e espaciais, superando a questão.

O resultado tem todos os ingredientes de um best-seller, ou seja, romance, suspense, boas reviravoltas e um assassinato que só é resolvido nas últimas páginas. Uma jornada deliciosa que, marcada pelo gosto do açúcar queimado e o aroma das especiarias, aborda temas atuais, como racismo, xenofobia, preservação da natureza, preconceito e violência contra a mulher.

Enfim, recomendo. Wilkinson é um nome que convém seguir de perto, pois, ao que tudo indica, tem muito para contar.

Nota: O bolo preto mencionado no livro é uma variante do fruitcake tradicionalmente servido em casamentos na Inglaterra. A receita, com algumas variações, se espalhou pelas colônias britânicas e, até mesmo em Pernambuco, que recebeu muitos imigrantes ingleses século XIX, há uma iguaria semelhante. Aliás, esse tipo de bolo pode ser consumido depois de anos e há o costume do casal comer um pedaço a cada aniversário do casamento.
Relacionando-o a à família real britânica, ele foi servido no casamento do Príncipe William e uma parte também foi oferecida no batizado dos seus três filhos ? George, Charlote e Louis. Há pouco tempo, foi leiloado um pedaço do fruitcake do casamento do Príncipe Charles, realizado em 1981. Com mais de 40 anos, o bolo aparentava estar em bom estado de conservação.
Artur G. 26/06/2022minha estante
Este fruitcake me lembrou o bolo de casamento pernambucano, chamado de Bolo de Noiva. É uma massa escura que leva ameixas, passas e vinho, coberta com glacê. E conforme encontrei em matéria do G1, ele é mesmo uma adaptação do bolo inglês surgida no Brasil, que no entanto não se espalhou por outros estados :)


Artur G. 27/06/2022minha estante
Fiquei curioso com o livro. Ótima resenha como de costume!


Leila de Carvalho e Gonçalves 27/06/2022minha estante
Que interessante! Fiquei curiosa e vou procurar essa receita. Por sinal a influência dos ingleses em Pernambuco, durante o século XIX, é notória. Grata pela informação.




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