Isabella658 27/10/2023
Cumpre nada do que promete
Vou direto ao ponto em dizer o que achei. Primeiro, o protagonista DIZ ter 26 anos, mas age como um adolescente de 16. A história começa com ele demonstrando sua insatisfação com um livro e ele faz isso indo no twitter jogar hate no autor. Tô nem brincando, ele dedica a vida dele a ser um hater no tweeter, a pior espécie da internet. Então meu descontentamento com a história vem desde o começo. Sei que a moral da história é que ele julgava tanto o autor, mas não conseguiu fazer melhor, só que tu tem que cavar fundo e refletir muito pra chegar nessa conclusão, porque não tem muito desenvolvimento. Fora que o Eros não parece arrependido e nem chega a entender que o erro dele é jogar ódio gratuito contra alguém, porque pensa apenas que não conseguiu fazer melhor.
Enfim, o início (e o final também) é muito corrido. Eu já tentei escrever um pouco uma vez. Eu tinha uma ideia de um plot, mas precisava escrever uma história que chegasse até ele e nunca tinha paciência, queria ?comer? parte do desenvolvimento só pra chegar naquela cena. E é exatamente isso que senti nesse livro, come muita coisa que podia ser desenvolvida, principalmente a forma como Eros vai parar no livro. Principalmente se você leu Perdida da Carina Rissi, que apesar dos problemas, tem um desenvolvimento que justifique a mudança de realidades de forma mais crível. Aqui a irmã dele só vai no quarto dela, faz uma reza não sei e pronto. Do nada.
Uma vez que ele tá lá, tudo vai convenientemente bem, eles só têm algumas conversas e estão apaixonados, o normal do clichê. O problema é que não vejo sentido pra se passar em 1908, não tem nada característico da época. A história é moderna demais, tanto nas falas, quanto na forma deles de se pensar. Principalmente sobre gênero fluido e essas questões de identidade de gênero que é uma discussão até que recente, mas já parece bem avançada em 1908. Em algum momento o protagonista até comenta que não era um mundo real, era o mundo de um livro e não precisava ser tudo igual. Então imagino que a/o/e autor/a/e já tenha essa noção de que estava escrevendo bobeira. E não é ruim ter essa representatividade, falar sobre, mas fica meio sem nexo pelo contexto do lugar. E não só isso, mas eles têm falas muito modernas, a forma como o Lilly (nome horrível, por sinal) chama o Eros de ?pirralho? toda hora descaracteriza muito pra mim. Fora as outras gurias e ditado popular, as vezes o próprio Eros tem falas mais formais que eles. Se não dissessem que se passa em 1908, ninguém saberia, porque é tudo muito moderno.
Até mesmo os personagens são bem descaracterizados. No livro diz serem jovens adultos, Eros tem 26 e Lilly tem 32 anos, MAS NÃO PARECE. Até mesmo quando referem a idade do Lilly, o chamando de ?idoso de 32 anos?, é o tipo de coisa que a gente escuta de adolescente que acha que 40 anos já é velho. Fora que eles se comportam como adolescentes, falam como adolescentes, fazem birra. Eu esperava uma história mais madura, mas é bem adolescente. E nem adolescente da pra chamar, porque tem cenas de hot um pouco explícitas até. Não tantas, mas tem 2 momentos bem íntimos. E tem muita vergonha alheia.
Eu pensei em abandonar, mas eram só 200 páginas e até que é fofo. Eros, apesar dos defeitos, é bem carismático e positivo. Você lê rapidinho, é fluido. Parece apenas que a história foi escrita meio que despretensiosamente, como uma fanfic, mas resolveram publicar sem dar uma revisada. Podia ser bem legal, já vimos uma história nesse estilo que deu bem certo nesse quesito. Pra mim, não funcionou, não consegui gostar ou me apegar a nenhum personagem, mas é um clichê fofo.