Isabella658 15/04/2024
O plot estragando tudo, como sempre.
Já nem tenho ânimo mais pra escrever uma resenha de um livro da Ali Hazelwood, porque sinto que estou sempre falando as mesmas coisas. Eu realmente não ligo dela repetir e fazer sempre o mesmo formato, afinal, estou aqui sempre lendo cada livro que ela publica. Eu adoro, a escrita dela é boa e me faz ficar interessada em ler mesmo que não esteja entendendo 100%, como é o lance do xadrez. Foi tão divertido ler as competições, como foi ler Carrie Soto está de volta, de uma das minhas autoras favoritas.
Porém, é esse mesmo plot por volta dos 80% que estraga toda uma experiência boa. Queria muito dar 5 estrelas aqui, assim como queria dar 5 estrelas E favoritar Amor, teoricamente. É muito frustrante isso e sinto que a Ali está me perdendo aos poucos. Tudo bem repetir o que dá certo, mas repetir os mesmos erros só prova que esse copia e cola dela não é um aproveitamento de uma fórmula que dá certo e, sim, uma incompetência de escrever algo diferente.
Enfim, dando mais detalhes. O livro é muito divertido. Segue na mesma linha da garota prodígio pobre e com uma vida extremamente bagunçada e um cara rico, também um prodígio. Nesse aqui também segue a mesma linha de A hipótese do amor, com Nolan sendo o cara intimidante que parece odiar todo mundo, menos a protagonista. Ela também segue na mesma linha de achar que ele odeia ela etc. Tudo o que já sabemos. Diferenças que curti muito: a sexualidade da Mallory, acho que é a primeira personagem dela bissexual e ainda é muito mente aberta com sexo. Nesse aqui o clichê da inocência é invertido e o Nolan quem é inexperiente, muito honesto e um fofo. Provavelmente o melhor par romântico que a Ali já escreveu. Deu um pouco de refresco na história até. Gosto dos personagens secundários, apesar de alguns serem meio caricatos. Enfim, dava pra ser 5 estrelas. Mesmo tendo medo de não gostar porque eles são mais novos, não tive esse problema e foi como todos os outros livro dela.
Ainda tem algo acadêmico aqui, porque não é um livro da Ali Hazelwood se não tiver ciência, até em história com vampiro e lobisomem tem. Aqui ela nos apresenta um artigo de um estudo feito sobre o cenário competitivo do xadrez em relação à identidade de gênero, por que há poucas mulheres e como elas se saem quando jogam sem saber que estão contra um homem. Interessante e achei isso bem legal também.
Até chegar os 80%. Acho que a minha maior frustração foi porque tem um plot na história que não é uma briga entre o casal e a Ali poderia ter desenvolvido isso de uma forma muito mais dramática e romântica, só que é jogada no lixo total pra desenvolver o conflito entre eles que, assim, fez a protagonista se tornar uma chata total. Ela só não fica totalmente insuportável porque a irmã dela também é, então em um parágrafo você tá "é isso aí Mallory!!" e no outro tá torcendo pra alguém dar uma surra nela. Não consegui ter a visão que a autora quis passar de uma menina que foi forçada a amadurecer cedo demais, porque ela é tão infantil quanto a irmã de 14 anos nesse final. Sério, um desperdício enorme.
E então, como se não bastasse um plot bosta, acaba na melhor parte! O livro constrói toda uma tensão entre os protagonistas, não só no romance, mas no jogo. Eles jogam uma vez só no começo e ficamos o livro todo ansioso pra ver isso acontecer de novo. Mas não acontece!! Já deixo avisado aqui pra evitar decepções. No momento mais esperado, inclusive o campeonato de xadrez mais hypado da história, é um time skip pra uma matéria no jornal resumindo tudo. Sério, vai se ferrar Ali Hazelwood. Como pode ser tão boa escrevendo 80% de uma história, mas uma incompetente com finais. Esse foi o que mais teve potencial, então é o que mais me frustei. Foi esse final horrível jogando a experiência do livro todo no lixo + o estresse com a protagonista nesse final que me fez tirar 1 estrela e meia. Mas 3,5 ainda é um livro bom, porque não dá pra ignorar os 80% que foi divertido de ler.