Caminhando com os mortos

Caminhando com os mortos Micheliny Verunschk




Resenhas - Caminhando com os mortos


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behindsaura 28/01/2024

Obra prima nacional
Esse livro tem TANTAS camadas e perpassa tantos pontos importantes do dia a dia brasileiro, chegando a ser difícil de digerir. É uma leitura densa e minha experiência com ele foi de lentidão, lia e precisava de um respiro para absorver aquilo que tinha acabado de ler.

O livro tem início tratando de um tema tão delicado que é a infância roubada das crianças mais pobres que se tornam adultas já na infância para dar conta das responsabilidades grandes, que deveriam ser de seus pais, como cuidar de seus irmãos. E se encaminha para um poço sem fim de intolerância religiosa advindo da colonização branca e cristã das regiões mais afastadas e pobres, retrato ATUAL de um Brasil racista e homofóbico.

Até que ponto casos assim aconteceram? Até quando essa será a realidade? Mulher não pode ser livre, LGBTQIAP+ não pode viver seus amores e nada além do cristianismo centrado na salvação (não se sabe nem do que) será tolerado.

Esse livro é uma PEDRADA, um choque de realidade e leitura obrigatória.
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Adriana Scarpin 02/06/2023

Mais uma pedrada da Micheliny. Que livro! Li numa sentada, aos mesmo tempo envolvente pela escrita poética, é proporcional pelo horror que ele emana.
Ele trata de assuntos que não devemos deixar morrer em nossos discursos do dia a dia, o fanatismo religioso que tanto tem culpa em crimes de feminicidio, homofobia e transfobia.
Quando um acéfalo como o Deltan Dallagnol vai notar que ter um discurso de que mulher deve ser submissa ao homem porque "tá na bíblia" leva milhares delas à morte? Há sangue nas mãos de cada religioso que replica o discurso misógino das igrejas neopentecostais.
Esse livro é uma bomba porque mexe e remexe em feridas há muito abertas e que sangram todo dia, não exageraria se dissesse que a Onça já está com outro Jabuti em mãos.
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spoiler visualizar
Kleilson.Torquatto 22/02/2024minha estante
Doido pra ler esse. ?


Uma Dose de Literatura 24/02/2024minha estante
É muito bom!!




Marcelo 27/09/2023

Resenha disponível no Booksgram @cellobooks ?
"Caminhando com os Mortos" é um romance impactante da renomada autora Micheliny Verunschk, conhecida pelo premiado "O Som do Rugido da Onça". A história se desenrola em uma pequena cidade do interior do Brasil, onde um crime chocante ocorre: uma mulher é queimada viva em um ritual religioso, supostamente para purificá-la e guiá-la pelo "caminho do bem". Este ato de violência é apenas um exemplo de uma série de incidentes semelhantes que assolam a região desde a chegada de uma comunidade evangélica, revelando as consequências perniciosas da intolerância e da doutrinação religiosa.

A narrativa se desenrola por meio de fragmentos do presente e do passado, enquanto o leitor é levado a desvendar o mistério por trás desse trágico evento. A protagonista, uma mulher, tenta organizar os eventos e traumas que cercam essa terrível ocorrência, enquanto também lida com suas próprias cicatrizes emocionais e a falta de um grande amigo.

O livro aborda temas sensíveis, como o luto, a perda, a capacidade humana de causar dor aos outros, muitas vezes sem perceber, e, mais importante, como a vida das mulheres é afetada pelo fanatismo religioso e pela lavagem cerebral em todo o mundo. Micheliny Verunschk aborda essas questões de forma sensível e impactante, permitindo que os leitores compreendam os motivos por trás dos acontecimentos, ao mesmo tempo em que se questionam como as pessoas podem cometer atos tão cruéis em nome da religião.

O livro deixa uma forte impressão, destacando a maneira como o ódio em relação às mulheres e às minorias persiste ao longo dos séculos, especialmente quando se mistura com fanatismo religioso. A narrativa é descrita como assombrosa e atual, capturando a realidade dura que muitos enfrentam devido à intolerância e à violência religiosa.

Ao longo da história, os personagens exploram a complexa relação entre vítimas e algozes, onde as posições podem se inverter e as fronteiras entre o certo e o errado se tornam menos claras. A história se desenrola em Tapuio, uma comunidade que esqueceu suas origens indígenas e negras após a chegada de um pastor evangélico. A fundação da Congregação dos Justos em Oração traz mudanças na vida dos moradores, mas também impõe severas restrições à sua cultura e crenças ancestrais.

O romance destaca como o discurso de um Deus implacável afeta a vida das mulheres, como Celeste, e como as famílias são levadas a tomar medidas drásticas em nome da moralidade. No entanto, as linhas entre vítimas e perpetradores se confundem, e a narrativa complexa é tecida a partir de depoimentos, relatórios e diferentes pontos de vista, como os de Lourença e Ismênio, pais de Celeste.

A obra também explora a relação entre humanos e a natureza, destacando o poder de cura e purificação da natureza, mas também seu papel em testemunhar e reagir diante das atrocidades humanas. O livro faz um chamado à reflexão sobre a redenção, a conexão com a natureza e a importância de contar histórias como uma forma de entender o passado e o presente.
edu basílio 27/09/2023minha estante
interessante q vi muita gente reclamar do anterior, o "jabutilizado"...
mas sua resenha me faz ter vontade de ler este aqui =)


edu basílio 27/09/2023minha estante
vi muita gente reclamar do anterior, o "jabutilizado"...
mas sua resenha me faz ter vontade de ler este aqui =)


Marcelo 28/09/2023minha estante
Olha amigo. O livro é bom. Um pouco confuso mas se conseguir pegar o ritmo, a proposta é interessante




Amanda3913 16/02/2024

Não foi o primeiro livro que li da Micheliny e jamais será o último, pois tudo que essa mulher escrever eu vou querer ler. Não tenho palavras para expressar a magnitude da escrita de Micheliny, como ela nos cativa e espanta do início ao fim. A poesia e o desastre caminhando juntos. A história, por certo, é muito intensa e difícil. Mas Micheliny é incrível e tudo vale a pena. Recomendo!
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Lucas990 19/07/2023

Um livro poético e perturbador sobre os perigos do fanatismo religioso e suas consequências muitas vezes irreversíveis.
Não quero falar muito sobre a história em si pois acredito que a surpresa (ou o horror) é um elemento crucial nesta leitura. Mas sobre o tema principal fica a reflexão: até que ponto devemos relativizar a intrusão da religião na casa e na vida de pessoas que nem sequer possuem uma religião? E mesmo as que possuem, até que ponto a religião pode ditar como suas vidas devem ser vividas ou ceifadas? O livro escancara uma realidade nada distante do mundo em que vivemos.
Extremamente necessário e obrigatório.
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Matheus656 16/07/2023

Uma pequena cidade no interior do brasil é abalada por um crime chocante: uma mulher é queimada viva em um ritual religioso que visa purificar a vítima e redimi-la. essa violência se tornou frequente desde a chegada de uma comunidade evangélica à região. a história segue uma mulher que tenta desvendar os detalhes desse trágico evento enquanto lida com seus próprios traumas e a falta de um amigo próximo.

já faz um tempo que terminei essa leitura, mas ainda me pego lembrando dos personagens e refletindo sobre essa história. me vêm à mente uma tristeza e uma enorme desolação por saber que os fatos narrados podem facilmente estar acontecendo em algum lugar.

narrativa muito interessante. uma leitura com uma essência extremamente crua, ainda mais por ser narrada por diferentes perspectivas - todas femininas - que compõem a história. é difícil ficar indiferente à experiência de se ler ?caminhando com os mortos?. micheliny verunschk soube escrever um romance forte sobre um tema que precisa ser debatido cada vez mais: fanatismo ideológico e religioso.

o que fica é a reflexão: para mim é impossível conceber uma pessoa que se diz cristã e que agrida a religião ou as escolhas de vida do outro. podemos caminhar juntos com as nossas decisões e com a nossa pluralidade religiosa.

uma história triste e com muitos gatilhos de violência. brutal, intenso, angustiante... diversas emoções em poucas páginas. incômodo e cruel - o horror de uma mulher queimada viva por sua família no interior do brasil: esse é o resumo. ansioso para conhecer outras obras da autora.

quem puder ler, leia!
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Alexandre Kovacs / Mundo de K 21/01/2024

Micheliny Verunschk - Caminhando com os mortos
Companhia das Letras - 144 Páginas - Capa: Alceu Chiesorin Nunes - Imagem de capa: Jurema Preta visita Satanás de Stephan Doitschinoff - Lançamento: 2023.

Ao descrever as consequências da intolerância religiosa, Micheliny Verunschk, em seu mais recente romance, me faz refletir sobre o filósofo Baruch de Espinosa (1632-1677), crítico do modelo de religião na qual Deus é um ser colérico ao qual se deve prestar culto para que seja sempre benéfico, originando também intermediários e intérpretes da Sua vontade, capazes de oficiar os cultos, profetizar eventos e invocar milagres. O conceito de Espinosa de um Deus Natureza em oposição ao Deus humanizado das religiões parece não ter perdido a sua força, principalmente em regiões do interior do Brasil, assoladas pela pobreza e ignorância. A população, sem assistência do Estado, torna-se uma presa fácil para pastores inescrupulosos.

De fato, me ocorre uma citação de outro famoso filósofo, Blaise Pascal (1623-1662), que definiu bem uma das questões deste livro: "Os homens nunca fazem o mal tão plenamente e com tanto entusiasmo como quando o fazem por convicção religiosa". Esta é a chave que a autora utiliza para demonstrar a violência contra as mulheres e minorias com base no fanatismo religioso. No romance de Micheliny, a jovem Celeste é queimada viva, tal qual uma bruxa na idade média. Lourença e Ismênio, os pais, acreditavam que o ritual iria purificar a filha de seus pecados, nas palavras de Ismênio ao delegado: "Não era pra matar, não, doutor. Não era. O pregador disse que quando se fazia a purificação o Inimigo ia embora, mas a pessoa permanecia. [...]".

"Não foi minha filha que eu matei, não, doutor. O que eu fiz foi outra coisa. Eu não matei. A menina vai se levantar. O senhor vai testemunhar esse milagre da salvação. No terceiro dia. O senhor vai ver, ela vai fazer a sua páscoa e vai voltar pela graça de Deus. Matar Letinha? Matei, não, senhor. Jamais. O verdadeiro crente expulsa o espírito maligno, o senhor sabe o que é isso? O senhor sabe, eu sei que o senhor sabe. O senhor já viu o espírito maligno? Já percebeu como ele age? É esperto, manhoso, ele. Anda pelo mundo espalhando malícia e falsidade. É feio. É torto. É o pai de toda mentira. Mas Deus não quer o pecado." (pp. 19-20) - Depoimento de Lourença

O romance transmite uma atmosfera fantástica devido à prosa forte e poética da autora com características comuns a uma distopia, mas infelizmente reflete a violência diária de um país que cada vez mais evitamos reconhecer. Lourença carrega o trauma da morte acidental da primeira filha filha, Quitéria, como santa Quitéria de Brácara Augusta, a virgem que, segundo a tradição, após ter a cabeça decepada, a tomou em suas mãos e caminhou até a cidade vizinha onde caiu e foi sepultada. A pequena Quiterinha, ainda neném, teve um destino pior, encontrada desacordada em meio a uma poça de sangue, atacada por uma porca de um morador vizinho.

"O doutor deve saber que na casa de um justo de Cristo reina a ordem, a limpeza e os ensinamentos da santa Bíblia, do profeta e do pai espiritual, que é representado pelo pregador. Quem sou eu pra lhe ensinar isso? O senhor sabe bem. Mas o que quero é mostrar pro senhor que a gente fez tudo certinho. E que assim era lá em casa desde que Lourença se converteu e depois eu e os meninos. Todos os dias, depois da oração da tarde, eu desligava a caixa de luz pra mente não se distrair em pecado. Mas não é todo justo que faz isso, só os mais fervorosos. O pregador contava pra gente dos bons exemplos que ele já havia presenciado pelo mundo. E desde que ele me ajudou a largar o vício que fiz essa promessa, de ser um crente fiel, de valor. Um justo verdadeiro. Foi ele quem me ensinou a falar bem. O senhor viu como sei explicar tudinho? Só que pra Letinha isso não bastava." (pp. 50-51) - Depoimento de Ismênio

A narrativa avança com base nos fragmentos de depoimentos da família e vizinhos, cabendo a responsabilidade de conectar os diferentes pontos de vista desta tragédia anunciada a uma personagem não nomeada, a perita, ela própria que confessa ter mais facilidade em afundar os dedos nas feridas e orifícios dos cadáveres do que lidar com a confusão dos vivos. No entanto, outras cenas de violência local e a morte de um antigo amigo fazem com que ela enfrente uma crise existencial. O seu sentimento confuso de ódio e pena diante da mãe assassina, demonstra bem a dificuldade de separar os vilões das vítimas nesta história, principalmente quando Lourença não resiste à tortura dos interrogatórios e tem uma parada cardiorrespiratória na cela.

"Dos três presos nessa maldita ocorrência, a mulher é quem me inspira sentimentos que eu gostaria de soterrar. Quando alguém muito querido morre, é como se não houvesse mais nenhum lugar seguro no mundo. Onde quer que se esteja, ela, a morte, irá buscar você, esmiuçando pistas e sinais de sua presença no mundo, inquirindo presente, passado e futuro, revirando você nas lembranças dos amigos, farejando sua passagem em lugares de afeto, apreendendo o som da sua voz, os cheiros que você exala, o jeito como o seu corpo se enrosca quando dorme ou transa, os intervalos entre a respiração e a risada, as marcas dos seus dedos em papéis, corpos, alimentos, objetos variados. De posse de absolutamente tudo sobre você, a morte enfim acaba te pegando. E é esse o seu encargo e, por mais que ela demore, você sabe que ela nunca deixa sua missão por terminar. Ou, então, a morte é uma semente que nasce dentro da gente e espera o tempo que for, o momento certo, para germinar." (p. 97) - A perita

Sobre a autora: Literatura brasileira contemporânea: Micheliny Verunschk nasceu em 1972, em Pernambuco. Escritora e historiadora, é autora de livros de contos, poesias e romances, incluindo Nossa Teresa: vida e morte de uma santa suicida (Patuá, 2014), ganhador do prêmio São Paulo de Literatura, e O som do rugido da onça (Companhia das Letras, 2021), que conquistou o Jabuti de melhor romance literário em 2022 e o terceiro lugar do prêmio Oceanos.
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giovi andrade 22/11/2023

Caminhando com os mortos
O livro é impactante, mas muito superficial. As temáticas de fanatismo, misoginia e persuasão de líderes religiosos chamam a atenção. Os discursos e depoimentos dos personagens são impactantes, mas muito rasos.

É desesperador observar o que pensava a família no momento de ?purificação? da filha e doloroso ver a história da mãe, Lourença.

Senti falta de conhecer melhor os personagens, para além das sensações. O que pude capturar da Lourença era o desespero. Do pai, era a vontade de livrar a Lourença do peso da culpa do que aconteceu com as filhas. Do irmão, senti a ausência e inocência em um momento tão caótico.

Só que pouco se desenvolve sobre os personagens. A mistura da narrativa da perita com a da família deixou confusa a leitura, com pouca linearidade.

O desfecho foi raso e confuso para uma história tão profunda.
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mellyna.conde.5 14/09/2023

A história é escrita de uma forma muito diferente de tudo o que li durante o ano. Muito divertido a princípio e com enredo envolvente. Mas com o tempo, senti falta de me aprofundar mais na vida dos personagens. Ele acabou ficando cansativo, repetitivo e superficial.
Clara2615 22/09/2023minha estante
Achei superficial




Gabriela3420 15/04/2024

Caminhando com os mortos
No interior do Brasil, uma mulher é brutalmente assassinada por motivos religiosos. Esse crime chocante abala as estruturas da pequena comunidade rural de Tapuio, que foi tomada por um clima de intolerância desde que uma igreja evangélica se instalou na região. Um romance extremamente atual, que escancara a combinação nefasta entre religião e política.
“Caminhando com os mortos” é um livro com várias camadas, mas vou destacar a que mais me afetou: a misoginia. O ódio contra mulheres encontra muitos adeptos no discurso religioso, no caso do livro, é inconcebível que uma mulher escolha viver fora dos preceitos da igreja. É uma bruxa, desviada, precisa ser purificada… Gostei especialmente da forma como a autora expôs a hipocrisia do discurso moral, a corrupção e de como a ausência do Estado em garantir o básico para a população está intimamente ligada ao crescimento da intolerância e preconceitos de gênero.
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Lucas Leite 22/07/2023

Retrato da intolerância religiosa no Brasil
Livro difícil de digerir. A construção do Brasil esquecido, à mercê dos interesses políticos regionais, mistura-se com a crescente intolerância religiosa. A ascensão do evangelismo predatório tem ocupado o lugar do Estado, inclusive no monopólio da violência.
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Vanessa 06/01/2024

2º livro da autora q eu leio e acho q ela n é pra mim

achei a leitura muito expositiva (não queria que a autora me narrasse exatamente as explicações e os sentimentos dos personagens e sim demonstrasse isso no enredo), o que me tirava demais da imersão da leitura

acabou que a leitura ficou um pouco confusa e ainda novamente com frases poéticas mal inseridas na narrativa

terminei o livro me importando com ninguém e achando q a autora perdeu mais uma chance de explorar melhor as temáticas sociais do enredo
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Lucas 16/02/2024

A escrita é boa, mas o enredo confuso, fragmentado. Entra na onda de livros que parecem não ter começo nem fim e parece estar moda escrever assim.
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Ellen 22/10/2023

?A morte é uma semente que nasce dentro da gente e espera o tempo que for, o momento certo, para germinar.? - Trecho do livro
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