Luciana Dryer 05/01/2024Não é uma história de amor!Gostei muito da escrita da autora, é simples e objetiva, não fica enchendo linguiça, mesmo sendo um livro mais longo, a gente consegue se envolver e ler rápido.
O enredo e os personagens foram muito bem construídos, faz a gente sentir na pele todas as emoções (positivas e negativas).
Não foi uma leitura fácil pra mim, existem livros que nos servem como um alerta, que são desconfortáveis pelo fato do autor querer dizer que determinadas situações não devem ser aceitas ou romantizadas. Porém por tudo que vi nas redes sociais da Nana, este não é o caso, e daí vem o meu desconforto.
Embora o final retrate momentos felizes, todo o restante do livro foi de puro abuso, covardia, obsessão, maldade. Vi um homem que estupra porque acha que tem o direito, que acredita estar acima da lei, que humilha por puro prazer, um homem que acredita valer mais porque tem dinheiro, um homem egoísta e violento.
Quando a mulher diz não, é não, e não importa que mesmo forçada ela tenha prazer, o seu não deve ser respeitado.
Augusto não é o mocinho! Ele não mudou, apenas resolveu ceder para poder ter a Perséfone em sua vida. Em nenhum momento houve arrependimentos ou pedido de perdão.
Na parte em que ele oferece a Perséfone para os irmãos, eu achei que não conseguiria terminar a leitura, pensei em desistir, chorei de indignação e senti todo o pavor da personagem na pele.
Perséfone, claramente sofre de Síndrome de Estocolmo, se debate com seus sentimentos contraditórios, sem entender porque com todo aquele abuso ainda se sente atraída por Augusto. Tudo muito bem retratado pela autora, não tem como negar.
Mas um homem que estupra, humilha, maltrata, caça a mulher quando ela foge dele, a dopa e a sequestra e continua com sua manipulação, poder e violência, merece que essa mesma mulher deixe tudo e passe por cima de seus valores para ficar com ele?
Confesso que não torci pelo casal, porque foge de tudo que a mulher luta há anos para conquistar.
Eu terminei a leitura preocupada com a romantização da história. É tudo ficção, eu sei, mas os autores tem sim responsabilidade sobre o que escrevem, sobre o que despertam nas pessoas.
Para mim não foi uma história de amor, a levarei como o que não podemos aceitar num relacionamento.
Minha nota foi 4⭐ pela escrita da autora ser muito boa e objetiva.