Babel (eBook)

Babel (eBook) R.F. Kuang
R.F. Kuang




Resenhas - Babel


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Brubs² 18/06/2024

"O mundo tem que romper. [...] Alguém tem que sangrar." ??
Eu me sinto quebrada. Renovada. Reconstituída.

Eu me sinto bem. Deslumbrada. Arrebatada.

Estou cegamente apaixonada. Pela Kuang. Pela sua escrita. Pela sua criatividade. Pela realidade e pela dor que ela consegue exprimir em palavras exatas. Estou apaixonada pela revolta, pela violência.

Eu sou apaixonada por sofrer, então Babel me conquistou.

Esse livro me trouxe sensações e sentimentos inexplicáveis; consigo remoer até agora cada mísero detalhe reconhecendo a magnitude de cada ação e sua importância - porque agora, "a história, pela primeira vez, é fluida".

Babel desperta uma constante inquietude; um desejo de mais. Um vazio, e uma saudade tremenda.

Esse é o tipo de fantasia em que você se entrega ao universo; se mescla, se compadece, se insere como personagem e, no fim, é um livro que te devasta, te esvazia e, ao mesmo tempo, te aquece, te conquista - te faz esquecer de qualquer outro livro.

Não é uma história bonita, heróica e pura; é violenta, exaustiva e injusta - é, na verdade, muito próxima da realidade. Mergulha na linha tênue e pútrida de uma sociedade capitalista, elitista, eurocentrista e racista. Dilacera sua alma profundamente; e transforma-a não em algo puro e bonito, mas sim, instigando uma veia revolucionária de justiça - mas, honestamente? Desperta principalmente a vingança e o ódio.

Por isso é tão deslumbrante: não tem objetivo trazer um herói para que tudo se resolva; a Kuang explorou o despertar do leitor como parte integrante de uma luta enfrentada até hoje; liberdade não é uma escolha individual.

Uma narrativa extremamente rica. Personagens complexos e ideais questionáveis. Um mix de emoções, reflexões e revolta. A autora não teve medo de trazer a feia verdade, ou de acabar, duramente, com alguns sonhos.

Babel tem seu ritmo próprio e, apesar de seus capítulos grandes, cada detalhe leva o tempo necessário para ser contado - têm-se a sensação de que cada separação dos "livros" é realmente um livro que foi finalizado e que você está partindo para sua sequência, de tão bem destrinchado e explicado que o enredo fica.

Fiquei simplesmente fascinada pela tradução! A riqueza que as línguas têm é imensurável. Cada explicação das etimologias me deixou realmente interessada; não estudo traduções ou sequer idiomas, mas é simplesmente fascinante descobrir as minúcias idiomáticas, entender que cada língua é única, e que mesmo que derive de uma mesma origem, cada povo trás sua conotação e significados individuais, transformando-as em, as vezes, palavras completamente opostas!

"Não havia nenhuma língua inata e perfeitamente compreensível; não havia nenhum candidato, nem o inglês, nem o francês, que fosse capaz de intimidar e absorver o suficiente para se tornar essa língua. A linguagem era apenas diferença. Mil maneiras diferentes de ver e de se mover pelo mundo. Não; mil mundos dentro de um. E a tradução, um esforço necessário, ainda que fútil, de transitar entre eles."

Destaquei inúmeras partes. Tantas que tenho dificuldade para escolher uma só para colocar nessa resenha - admito, quero escrever o livro inteiro. Cada uma delas me abalou; me fez refletir; me dilacerou e me reconstruiu.

Mas, apesar de tantas palavras, jamais conseguirei expressar tudo que senti - e ainda sinto -, ao lembrar de Babel. Juro que não é banal quando digo que é impossível transmitir o TANTO que a R. F. Kuang me fez sentir. Eu estou muito grata por ter lido Babel e, se você chegou até aqui, espero ter podido comover você um décimo do que a R. F. me comoveu, e te convencido a ler essa obra prima.

Kuang vai te amedrontar, isso é fato. Ao mesmo tempo que ela deixa claro que coisas muito ruins vão acontecer, você se envolve, esquece e recebe o baque. Ela te surpreende várias e várias vezes, porque não tem medo da frustração - a realidade de Babel já é frustrante o suficiente para ela não ter coragem de ser radical.
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Cláudia 18/06/2024

Uma história que fala sobre o amor às linguagens do mundo, a amizade, os sonhos, a luta contra a opressão, o que os poderosos são capazes de fazer, o quanto uma pessoa pode estar disposta a abrir mão para lutar contra esse poder.
Gostei do livro, não esperava, não costumo ler fantasia, mas esse fluiu bem, acho que poderia ser mais curto, mas valeu a leitura!
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Lala 18/06/2024

Magnífico
Esse é o primeiro livro que eu leio da autora e não tenho palavras pra descrever.
Esse universo que ela criou, a escolha estratégica dos personagens principais, o desenrolar da história.
É um livro sobre injustiça, desigualdade, colonialismo, imperialismo e todos esses aspectos são contados a partir de uma linha central, que é a linguagem.
O final foi adequado, acima de tudo, foi verdadeiro, honesto. A história, por si só, não é capaz de mudar o rumo da sociedade, apenas um ser humano é capaz de mudar outro. Além disso, a mudança não é imediata, ela demora e exige sacrifício.
A forma como essa autora está disseminando conhecimento para um público mais jovem é incrível, reverenciavel.
Robin, Victoire, Letty, Ramy são apenas letras no papel, mas eles parecem tão vivos que eu não me espantaria em encontrar algo sobre eles em um livro de história. Com certeza, esse será um clássico e merece toda concentração e atenção do leitor.
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BrunoFF 18/06/2024

Babel
Experiência incrível e fascinante que essa leitura me proporcionou. Eu confesso que eu não sei nem o que dizer sobre essa obra. Até quando as pessoas me perguntam sobre do que se trata esse livro ou porquê eu indicaria ele, eu não sei responder. Eu posso começar dizendo que Babel é um livro com uma crítica social mordaz, um verdadeiro tapa na cara. Essa história aborda questões históricas e sociais reais e utiliza elementos de fantasia como um plano de fundo. A autora desenvolveu uma trama educativa e que consegue ser ao mesmo tempo emocionante, revoltante e triste. O sistema de magia apresentado nessa história é complexo e incrível. A narrativa do livro é fantástica. Os personagens são bem desenvolvidos. É um livro para ser degustado aos poucos, sem pressa. É uma obra que homenageia a linguagem e um protesto contra a violência realizada em nome do colonialismo e do império britânico.
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arie 17/06/2024

Eu devorei este livro, mas para mim ele possui um grande problema: a maneira em que a R.F Kuang escreve ele. eu senti que a autora tinha medo de deixar o leitor navegar pelo livro e tirar suas próprias conclusões, todos os pontos eram entregues e explicados novamente em notas de rodapé, o que faz o livro em si ser parado e atrapalha bastante na caracterização dos personagens e no andamento da história. sem dúvidas acho que há mensagens importantes no livro, mas que não foram devidamente aproveitadas pela síndrome que a autora tem de mostrar todas as respostas antes de sequer as perguntas começarem a surgir (e a única coisa a se questionar no final da trama é pensar se ela acha os leitores dela burros), além de que o mistério e suspense na trama é quase inexistente porque dá para saber que aquilo vai ser explicado dois parágrafos depois, ao invés de se construir um arco em cima disso.

apesar disso tudo, eu ainda consegui me divertir bastante na leitura pois amo dark academia e ao contrário do que muitos dizem, consegui gostar dos personagens mesmo eles não tendo uma caracterização tão presente ao longo da trama. só fico triste pois o livro tem um conceito muito bom mas que não atingiu todas as minhas expectativas, apesar de ter conseguido gostar bastante da história.
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Samori 17/06/2024

Impecável
Primeiro, acho bom ressaltar que do meu ponto de vista Babel não é um livro para todo mundo; se você é do tipo que não gosta de longas descrições, explicações detalhadas sobre linguística, origem de palavras e tradução, provavelmente não vai funcionar para você, já que o livro toca muito nesses assuntos.

A escrita da autora é impecável e a tradução da editora intrínseca também foi muito bem-feita. Toda a pesquisa que a R. F. Kuang fez para criar a atmosfera foi muito bem utilizada no decorrer da história.

Os personagens são muito bem desenvolvidos e a construção da narrativa me prendeu até as últimas páginas, principalmente em relação ao protagonista. Ele é extremamente crível.

Em resumo, Babel fala sobre o momento em que pessoas que foram oprimidas percebem essa violência da forma como ela realmente é, e mesmo quando tentam reagir a isso, notam como são o elo mais fraco. É sobre injustiça e falta de esperança.

E mais, no momento em que o subtítulo faz sentido, fica melhor ainda. Esse livro é maravilhoso.
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Mylena.Esteves 16/06/2024

Nem acredito que terminei esse livro. O livro, sem dúvida alguma, é super bem escrito e exigiu uma pesquisa profunda para ser desenvolvido, mas eu achei muito teórico. Eu amo história, mas estava na vibe de um pouco de história e muita fantasia, não o contrário. Em vários momentos, eu fiquei cansada e achando a leitura arrastada. Mais para o final que achei um pouco mais animado, mas foi só o cheiro mesmo. ?
Enfim, engraçado terminar um livro sabendo que ele é bom e, mesmo assim, sentindo que não empolgou. ?
Mas acontece...
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Hudison.Lucas 14/06/2024

Ou a necessidade de violência
?Não havia nenhuma língua intacta e perfeitamente compreensível; não havia nenhum candidato, nem o inglês, nem o francês, que fosse capaz de intimidar e absorver o suficiente para se tornar essa língua. A linguagem era apenas diferença. Mil maneiras de ver e de se mover pelo mundo. Não; mil mundos dentro de um. E a tradução, um esforço necessário, ainda que fútil, de transitar entre eles.?

Babel é, sem sombra de dúvidas, um dos melhores livros que existem. E não é por ser vencedor dos prêmios Nébula e Locus; é porque R. F. Kuang criou uma história sobre o colonialismo e o pós-colonialismo que ninguém até então foz capaz de produzir. E tudo isso usando da fantasia para retratar uma sociedade cruel, racista e xenofóbica de 1830. Babel é o retrato do que a Inglaterra significa e de como a história da escravidão, da mercantilização de pessoas e culturas foi o que torrou a Inglaterra quem ela é hoje. E a forma como Kuang faz isso, usando de idiomas, de culturas e países que sofreram a invasão de suas terras e tiveram sua essência roubada é dolorida e honesta de se ler. Em pouco mais de 500 páginas, Kuang criou um universo enorme, capaz de encantar sobre os artifícios da tradução e o poder da prata, ainda que retratando uma Londres completamente perdida e desesperada para se tornar a maior potência que existe, mesmo falhando miseravelmente.
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MariBrandão 14/06/2024

Um livro sobre palavras, linguagem, tradução. Imagino o tamanho do trabalho de pesquisa para que essa história chegasse até o papel. Confesso que em alguns momentos achei a narrativa um pouco alongada demais, mas no geral, gostei dos personagens, dá pra se conectar com eles, e até sentir o que eles estão sentindo. O "não pertencimento" está aqui todos os dias, para muitas pessoas. E também um tapa na cara de muitas formas.
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Alice 14/06/2024

O que dizer de Babel?
Primeiro, queria exaltar os tradutores desse livro. Só fico imaginando o trabalho que deu pra traduzir esse texto tão complexo. Quanto a historia, acho que ela se alonga demais. Parece que eu li 3 livros em um... Mas a historia é muito boa e cheia de personagens complexos e discussões importantes. O sistema de magia é inovador e diferente de tudo o que eu já li.
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Deborah.Paula 13/06/2024

OBRA DE ARTE
Nada do que eu escrever aqui será o suficiente para expressar o quão fascinante este livro é, e de como ele aborda temas importantes, e de certa forma atual. Babel é aquele livro que te deixa inebriado, viciado e querendo mais. Conseguimos nos conectar com a história e com os personagens, e até entendemos suas motivações. A faculdade ao olhar deles parecia ser um paraíso, mas esse encanto se quebra quando Robin, Ramy e Victoire percebem que nunca farão parte de fato da sociedade inglesa. Eles podem ser tradutores, mas a sociedade branca sempre verão eles apenas como estrangeiros que tem a oportunidade de ter um teto, comida e estudo, sempre serão vistos como inferiores, ou pessoas que devem agradecer a oportunidade que receberam, e isso é tão escancarado que mesmo eles explicando para Letty que eles sofrem discriminação e que são vistos como inferiores, ela não consegue entender e usa do mesmo discurso de que eles tem o que muita gente queria ter. Ela não consegue entender a dor dos amigos, e queixa deles, por isso ela é uma representação fiel da sociedade branca, no fundo eles acham que são os salvadores da pátria, e que os demais devem agradecer sem reclamar. Gostei bastante da forma que a autora tratou o colonialismo, gostei da forma que ela retratou a sociedade inglesa branca e a sociedade hermes.

Me apeguei muito a história e aos personagens, achei linda a forma que a autora retratou a amizade deles (até rolar aquela traição). Quando entraram em Babel, eles eram jovens cheios de esperança e sonhos, e no final do livro eles amadureceram e abriram os olhos para como a sociedade é de fato. O desenvolvimento dos personagens é impecável. Confesso que sofri muito com tudo o que aconteceu no final, mas leria este livro novamente e passaria por tudo de novo. Muito bom ler um livro bem escrito, desenvolvido e com personagens complexos e reais. Robin, Ramy e Victoire estarão pra sempre no meu coração.
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Tay ð· 11/06/2024

"[...] violência choca o sistema. E o sistema não consegue sobreviver ao choque."
Finalmente, após muita espera, tive a oportunidade de ler Babel e hoje quero compartilhar minha experiência com vocês. Este livro combina de maneira impressionante elementos de história, fantasia e reflexão social. Já adianto que esta resenha não contém spoilers, apenas uma visão geral da trama e minha opinião sobre os temas abordados.

"Babel: Ou a necessidade de violência" narra a jornada de Robin Swift, um jovem órfão de origem chinesa que é levado para a Inglaterra, onde é treinado para estudar no Instituto Babel, uma instituição de magia linguística em Oxford que sustenta o poder imperial britânico. Ao longo da narrativa, Robin se relaciona com personagens diversos, sendo os mais próximos dele Ramy, o espirituoso indiano; Victoire, a inteligente haitiana-francesa; e Letty, a britânica de classe média-alta que é "ingênua" em relação ao imperialismo. Cada um desses personagens oferece uma perspectiva única sobre o imperialismo e a justiça, enriquecendo profundamente a trama.

Os temas abordados são densos e relevantes, explorando questões como colonialismo, opressão e o poder das palavras. R.F. Kuang habilmente retrata como a linguagem pode ser tanto uma ferramenta de dominação quanto de resistência. Além disso, o livro aborda a violência como forma de resistência contra a opressão. A autora apresenta esse tema de maneira contundente, levando os leitores a questionarem as complexidades morais e éticas envolvidas na luta pela liberdade. O impacto das classes trabalhadoras e as greves também são explorados, destacando as lutas e reivindicações desses grupos.

Um trecho que marcou bastante diz:

"[...] Temos que morrer para que eles nos considerem nobres. Nossa morte é, assim, um grande ato de rebelião, um lamento sofrido que evidencia a desumanidade deles. Nossa morte se torna o grito de guerra deles. Mas eu não quero morrer, [...]".

Essa passagem evidencia a intensidade da resistência e a complexidade das escolhas enfrentadas pelos personagens.

Ademais, a reflexão sobre a importância da tradução e dos tradutores é outro aspecto significativo da narrativa. A autora ressalta como a tradução não é apenas um meio de comunicação, mas um instrumento poderoso que pode preservar culturas, transmitir conhecimentos e, ao mesmo tempo, ser manipulada para servir aos interesses dos dominadores. Essa abordagem oferece uma perspectiva profunda sobre as injustiças do mundo, provocando uma reflexão crítica sobre os mecanismos de controle e resistência.

No entanto, é preciso reconhecer que a narrativa apresenta momentos de lentidão, onde a trama parece estagnar, deixando o leitor ansioso por desenvolvimentos mais instigantes. Senti que o livro tem um potencial desperdiçado, pois poderia ter explorado muito mais a parte da ficção histórica e política, em detrimento de alguns momentos lentos onde nada parecia acontecer.

No geral, considero que é uma leitura enriquecedora. Embora apresente algumas falhas, o livro desperta a curiosidade para outros trabalhos da autora e proporciona uma reflexão profunda sobre questões sociais e políticas. Recomendo a leitura, mas com ressalvas, pois sei que não é um livro para todos os públicos, podendo ser aquele tipo de obra que você ama ou odeia. No entanto, acredite em mim, mesmo que às vezes você sinta vontade de desistir, a persistência vale muito a pena.
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claradebolacha 10/06/2024

Simplesmente perfeito
Caraca que livro maravilhoso, instantaneamente favoritado. Eu não tinha noção sobre o que seria o livro, esquivei de spoilers e até a sinopse eu fiquei confusa, mas a leitura é MUITO fluída, serio, que autora fantástica. E a história é muito maravilhosa, todos os personagens são incríveis e você sente que está lá. Estou agora orfã, não sei como outro livro pode superar esse.
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pkonno96 10/06/2024

"E esse é um conhecimento pelo qual vale a pena matar"
?As línguas não são apenas compostas de palavras. São modos de ver o mundo. Elas são as chaves da civilização. E esse é um conhecimento pelo qual vale a pena matar.?

Em ?Babel?, conhecemos a história de Robin Swift, um menino que se torna órfão após perder sua família para o rastro do cólera que invade a cidade de Cantão, na China. Mas antes que adoecesse, ele é levado para Londres por um professor inglês, onde por anos se dedica aos estudos de diversos idiomas, a fim de ingressar no Real Instituto de Tradução da Universidade de Oxford, também conhecido como Babel. O problema é que quando Robin ingressa na tão sonhada Babel, ele aprende que traduzir significa magia e poder. O garoto então se vê dividido entre sua lealdade à instituição e uma organização que quer impedir a expansão colonialista. Estaria ele traindo sua pátria ao contribuir com 8Babel? É possível mudar o rumo da história por dentro de uma instituição ou uma revolução necessita de violência?

Este é um livro extremamente descritivo, especialmente no começo da história, e também é cheio de notas de rodapé que explicam em detalhes o contexto histórico da narrativa, o que faz muito sentido, por se tratar de uma ficção histórica que une a revolução industrial da Inglaterra com a história colonial da China. Eu geralmente fico bem curiosa quando encontro algum contexto ou termo que não conheço, então vou pesquisar. Portanto achei bem conveniente que em ?Babel? estava tudo ali! Gostei muito dessa mistura da história da ?vida real? com a fantasia. E também mesmo sendo super descritivo, não achei denso e pesado em um sentido ruim, em algumas partes parecia que eu estava nas aulas junto com os alunos de Babel, aprendendo sobre diversas línguas, achei muito interessante.

Os temas que envolvem a história já são por si só pesados: colonialismo, racismo, xenofobia, escravidão, revoluções estudantis, eurocentrismo, misoginia, imperialismo, etc. e foram explorados de forma genial. A atmosfera desse livro é bem ?dark?, e se torna cada vez mais angustiante conforme a narrativa avança, ou ?visceral? como dizia na sinopse de onde comprei o livro. Você começa a enlouquecer junto com os personagens. Inclusive o desenvolvimento de Robin ao longo da narrativa me emocionou bastante, pois, apesar do garoto ser o protagonista do livro, ele não tem aquela coisa de ser perfeito ou quase perfeito que muitos protagonistas tem, e ele vai cometendo vários erros, mas isso fez com que eu conseguisse me identificar e gostar mais dele. Às vezes é difícil gostar ou se identificar com algum personagem tão perfeito, principalmente um protagonista.

E por fim, outra coisa que me surpreendeu foi o tema da linguagem e tradução! Acho que nunca tinha parado para pensar em tantos detalhes sobre o poder dos idiomas. Quantos erros podem ter ocorrido por conta de uma tradução mal feita? Quantos significados se perdem? A origem das palavras!!! Quanta coisa que a gente não sabe? Enfim, ?Babel? se tornou meu livro favorito de todos os tempos! Recomendo a todos.

?? Existem muitas madraças excelentes na Índia, retrucou Ramy. ? O que torna os ingleses superiores são as armas. Armas e disposição de usá-las contra pessoas inocentes.?

?A revolução é, na verdade, sempre inimaginável. Ela destrói o mundo como conhecemos. O futuro deixa de estar escrito e se enche de potencial. Os colonizadores não têm ideia do que está por vir, e isso os deixa em pânico. Isso os aterroriza.?
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Rosa282 10/06/2024

Babel: um chamado para a reflexão e ação
"Babel" pode ser categorizado como "dark academia", uma vertente da fantasia, devido à sua combinação de um ambiente acadêmico prestigiado (uma Universidade Oxford fictícia como Kuang expõe logo no início da obra), temas intelectuais e sombrios, e uma atmosfera carregada de mistério e tensão moral. A instituição fictícia Babel é o coração do Instituto Real de Tradução, onde a magia da prata é praticada e refinada. A magia é ativada através da tradução, onde as diferenças entre palavras em várias línguas liberam poder mágico. Aclamado pela crítica e por um número considerável de leitores em âmbito mundial, por sua originalidade e profundidade, Babel reúne fantasia enriquecida com dados históricos, críticas ao colonialismo e à exploração, também ao racismo e à manipulação. Constituindo uma obra literária que tanto entretém como impulsiona a uma reflexão crítica acerca do nosso mundo e nosso posicionamento diante da contemporaneidade, gerando desconforto a alguns, ao mesmo tempo em encoraja um posicionamento à tantos outros. Uma reflexão sobre o poder, a opressão e a resistência, que se expressa através de uma narrativa envolvente e personagens complexos. Ao longo do texto os leitores são desafiados a reconsiderar o papel da linguagem e do conhecimento na construção e manutenção do poder, mas também sua importância para o desenvolvimento de resistências. Por conectar o passado histórico com questões contemporâneas, torna-se uma leitura relevante e impactante nas discussões literárias, sobre a história e justiça social.
Para aqueles que perguntam “por quê?” e “para quê?” a resposta está na persistente dissonância dos discursos, mundo à fora, que continuam a desconsiderar a diversidade mundial, a exclusão causada pela exploração, a colonialidade das mentes, privilegiando uma minoria que enriquece e se mantém no poder. Enquanto a conscientização dos indivíduos sobre as condições materiais com as quais a humanidade tem que lidar, enquanto as propostas que evoquem a justiça social e econômica estiverem ainda no âmbito das ideias, se faz necessário que construções literárias, transmidiáticas, artísticas de toda ordem continuem a ser desenvolvidas.
Recomendo a leitura deste livro denso, provocativo, riquíssimo de discussões, de narrativa muito bem construída, onde a fantasia é um coadjuvante. A análise cultural fundamentada pelos Estudos Culturais e a Teoria Crítica da Sociedade devem ser utilizadas , pois favorecem uma compreensão ampla ao lado da ordem do discurso e da teoria literária. Aconselho, como educadora, a metodologia de leitura conjunta, que conferirá um brilho a mais às discussões evocadas nesta obra literária.
Alguns teóricos interessantes, que ao meu ver, podem fornecer um repertório de conhecimentos interessante para as análises e aproveitamento são:
Adorno e Horkheimer : “Dialética do esclarecimento”
Stuart Hall: “Cultura e representação”
Max Weber: “A ética protestante e o espírito do capitalismo”
Volochinov: “Marxismo e filosofia da linguagem: problemas fundamentais do método sociológico na ciência da linguagem”
QUIJANO, Anival. Colonialidade, poder, globalização e democracia. Revista Novos Rumos, 37, 2002, Disponível em: https://revistas.marilia.unesp.br/index.php/novosrumos/article/view/2192/1812

MIGNOLO, Walter D. Colonialidade O lado mais escuro da modernidade. RBCS Vol. 32 n° 94 junho/2017. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/6961828/mod_folder/content/0/Walter%20Mignolo%20Colon ialidade%20.pdf

OLIVEIRA, Luiz Fernandes de; CANDAU Vera Maria Ferrão. Pedagogia decolonial e educação antirracista e intercultural no Brasil. Educação em Revista, Belo Horizonte, v.26, n.01, p.15-40, abr. 2010. Disponível em: http://educa.fcc.org.br/pdf/edur/v26n01/v26n01a02.pdf

Foucault, Michel. A ordem do discurso. São Paulo : Loyola, disponível em https://ia801902.us.archive.org/27/items/foucault-michel-ditos-escritos-v-etica-sexualidade-e politica/FOUCAULT%2C%20Michel%20-%20A%20Ordem%20do%20Discurso_text.pdf
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