Babel (eBook)

Babel (eBook) R.F. Kuang
R.F. Kuang




Resenhas - Babel


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Queria Estar Lendo 14/03/2024

Resenha: Babel
Eu não sei resenhar Babel. Falar sobre esse livro vai ser muito difícil, porque é impossível explicar o que foi essa leitura. O novo título da autora R.F. Kuang, que escreveu A Guerra da Papoula, é sobre o poder das palavras, da tradução e a inerência da violência diante de uma crescente e sufocante opressão.

A história de Babel começa em 1828, em Canton, na China. Um garotinho está morrendo nos braços da mãe, que também está doente. Toda a família já se foi. Depois que sua mãe se vai, só resta ele. Mas alguém aparece para tirá-lo dali. Um professor inglês que se apresenta como Lovell, e que oferece a esse garoto, cujo nome não sabemos, uma nova vida do outro lado do oceano, na Inglaterra.

O garoto aceita. Passa a se chamar Robin Swift, por exigência do Professor Lovell, e viaja com ele para se tornar seu pupilo. Robin vai estudar, e aprender, e seguir à risca a disciplina exigida por essa nova sociedade, para poder ingressar na excelentíssima academia de Oxfordo - mais precisamente, no Instituto Real de Tradução; também conhecido como Babel.

Quando ingressa em Babel, Robin parece estar no paraíso. As pequenas opressões e violências que sofreu por ser diferente não importam. Ele finalmente está em casa. Encontra três amigos que parecem sua nova família. Ou talvez não.

Babel parece um paraíso, mas há sombras escondidas entre as prateleiras repletas de livros, e as infinitas possibilidades de tradução. Há segredos macabros guardados entre os alunos, e a crescente de uma sociedade secreta que tem como objetivo destruir tudo que o império britânico está construindo: e essa sociedade convida Robin para ajudá-los nessa missão.

Aviso de conteúdo: esse é um livro adulto. Tem cenas de violência física, tortura, assédio sexual, racismo, violência racial e suicídio.

Com uma mestria sem limites, R.F. Kuang tece uma história sobre tradução, o amor às linguagens do mundo, a opressão construída com a ajuda de algumas delas, e a violência que cresce quando a conquista e o poder falam mais alto do que a humanidade.

Babel é uma história poderosa. É um tapa na cara. É o tipo de dark academia que constrói sua trama em cima do que se espera nesse subgênero, mas que usa o que se espera justamente para criticá-lo. R.F. Kuang escreveu Babel como uma "resposta temática ao livro A História Secreta", que deu origem a esse subgênero. Eu não cheguei a ler o que originou, mas consigo imaginar o que ela tenha escolhido responder - considerando que A História Secreta é bastante branco.

"it would seem a giant paradox, the fact that after everything they had told Letty, all the pain they had shared, she was the one who needed confort.
"pareceria um grande paradoxo, o fato de que depois de tudo que contaram a Letty, toda a dor que dividiram, ela era a pessoa que precisava de conforto."

Babel é sobre palavras, revoluções e brutalidade. É sobre o poder da tradução e de quem traduz. Sobre o horror crescente da colonização e da opressão de grandes potências sobre aquelas consideradas "inferiores". É sobre estudantes buscando seu lugar no mundo em um mundo que não os vê como pessoas, pura e simplesmente porque não são brancos.

É impossível ler essa história sem querer mastigar as páginas e o sistema. A potência que a autora coloca em suas críticas é afiada, às vezes sarcástica, se inclinando para o deboche ao falar sobre homens velhos e brancos querendo ditar o que é relevante ao mundo; às vezes é melancólica, porque não é um livro todo carregado de esperança, mesmo em sua revolução; às vezes é furiosa, porque fúria é tudo que conseguimos sentir ao acompanhar Robin e dois de seus amigos.

E aqui R.F. Kuang foi grandona sem medo, mais uma vez. Porque Babel é movido por um quarteto de personagens, apesar de centrar seu desenvolvimento em Robin.

Além dele, conhecemos Ramy, Victoire e Letty. Ramy é indiano, Victoire é negra e Letty branca.

Toda a construção da relação entre eles se baseia no quanto eles se amam, no quanto eles se encontraram dentro dessa universidade que preza tanto pelo individualismo e pela peculiaridade única de cada estudante, e no quanto eles são diferentes.

Babel trabalha muito a questão de raça e opressão, conversando abertamente através dos seus personagens sobre privilégio, racismo, misoginia, e a violência que acompanha cada ato de preconceito. Para uns, mais do que para outros - como a R.F. Kuang DESENHA através da Letty. Que, honestamente, me tirou tanto do sério o livro todo que eu cheguei a um passo de coringar.

Ramy é esperto, sarcástico e cheio de si. Ele não tem farpas na língua, o que pode acabar por colocá-lo em situações perigosas, considerando que a sociedade inglesa não o vê como parte dela. Ele é "exótico", ele é "estrangeiro" (mesmo tendo sido criado a maior parte da sua vida ali), ele não é branco, então ele não é parte daquele mundo.

"English did not just borrow words from other languages; it was stuffed to the brim with foreign influences, a Frankenstein vernacular. And Robin found it incredible, how this country, whose citizens prided themselves so much on being better than the rest of the world, could not make it through an afternoon tea without borrowed goods."
"O Inglês não apenas pegava palavras de outras línguas; estava repleto de influências estrangeiras, um vernáculo de Frankenstein. E Robin achou incrível que esse país, cujos cidadãos se orgulhavam tanto de ser melhores do que o resto do mundo, não poderia passar por um chá da tarde sem bens emprestados."

O mesmo para Victoire, com o bônus que termos também a questão de misoginia. Ela e Letty são raras exceções nas dependências de Babel; mulheres tradutoras são um raridade, e têm que lutar dez vezes mais pelas oportunidades e para se provarem dignas de estar ali. Com Victoire, multiplique por um milhão. Porque ela é negra, e estamos falando de uma época em que a abolição da escravidão era recente. Uma época em que pessoas negras não eram sequer consideradas pessoas.

Tem muitos trechos de partir o coração e de causar muita revolta com o racismo que Ramy e Victoire vivem. E também tem muitos debates sobre como eles são parte de uma revolução muito poderosa pura e simplesmente por estarem ali.

Também tem momentos leves, longe de ser um circo de horrores. Babel equilibra muito bem os momentos em que arranca nossa alma do corpo e a devolve para sorrirmos um pouquinho. Cenas leves, descontraídas, de amigos aproveitando a juventude e a liberdade (com cuidado, no caso de alguns).

Suas personalidades tão distintas entram em combustão umas com as outras, e amamos ver isso; Ramy e seu deboche, Robin e seu cuidado, Letty e seu ego, Victoire e sua razão.

"That's what translation is, I think. That's all speaking is. Listening to the other and trying to see past your own biases to glimpse what they're trying to say. Showing yourself to the world, and hoping someone else understands."
"É isso que é a tradução, eu acho. É isso que é falar. Ouvir outra pessoa e tentar ver além dos seus próprios pré-conceitos para ter um vislumbre do que estão tentando dizer. Mostrar a si mesmo para o mundo, e torcer para que alguém entenda."

A jornada do Robin também envolve provações raciais. Ele é chinês, mas é mestiço; seu pai provavelmente era branco, mas ele nunca o conheceu. Em Oxford - na Inglaterra - é passável por branco sob a luz certa, no ângulo certo (como o livro nos mostra em várias situações), mas ainda é um garoto chinês. Ainda tem que confrontar o preconceito que ferve o sangue e mostra a ele que aquele mundo é injusto e talvez nunca o aceite.

E é através da Letty, a nossa Karen, que R.F. Kuang alfineta um público bastante específico em lutas sociais. As feministas brancas. Ah, como eu espumei com essa personagem. Ela é justamente a representação da "aliada"; a pessoa que está ali por seus amigos oprimidos, mas só se aceitarem que ela é tão oprimida quanto.

A personagem que não vê o próprio privilégio, e representa muito bem o que é o feminismo branco. É aquela coisa de "ninguém está falando que você não sofre, só está falando que tem gente que sofre mais, Karen!".

"But what is the opposite of fidelity? Betrayal. Translation means doing violence upon the original, means warping and distorting it for foreign, unintended eyes. So then where does that leave us? How can we conclude, except by acknowledging that an act of translation is then necessarily always an act of betrayal?"
"Mas qual é o oposto de fidelidade? Traição. A tradução significa machucar o original, significa entortá-lo e distorcê-lo para o olhar estrangeiro, não intencional. Então o que isso nos diz? Como podemos concluir, exceto reconhecendo que um ato de tradução é, portanto, necessariamente e sempre um ato de traição?"

Muitas foram as vezes que Babel colocou esses quatro personagens frente a frente para debater privilégios, e muitas foram as vezes que Babel deu umas bofetadas na cara de quem se acha o topo da pirâmide do sofrimento mundial.

Vai muito além de opressão, é claro, mas esse é um livro pra esbofetear a nossa cara. Lembre-se disso. Porque existir fora do padrão é existir com a constante de que o mundo provavelmente vai tentar te derrubar. E é importante que aqueles que têm todos os privilégios de ser o que o mundo espera do padrão estejam dispostos a reconhecer esse privilégio e, principalmente, batalhar contra ele.

E é muito interessante como o livro faz isso, como desenvolve esses quatro personagens, seus sofrimentos e alegrias, seus momentos de paz e de provação, com muita verdade. Ramy, Robin, Victoire e Letty existem para mim. Eles foram reais.

A relação desse quarteto é linda e de partir o coração. É uma amizade construída em cima de sobrevivência, de amor e de rancor. São quatro amigos muito diferentes que se encontraram em meio às palavras, ao poder da tradução e à certeza de que são eles contra o mundo; até que não mais.

Eles vivem momentos maravilhosos. Vivem situações terríveis. Estão juntos em todas as circunstâncias, porque parece que é assim que o mundo se move. Mesmo em suas diferenças, eles encontram semelhanças. O modo como a crescente da amizade acompanha a da história é tão bem trabalhada que o sentimento de cada personagem transborda das páginas.

Tem outros personagens muito importantes no decorrer da história, como o próprio Professor Lovell, o tutor de Robin. Griffin, que apareceu de repente e roubou meu coração, e que representa um ponto de virada muito importante da trama. Anthony, também, que traz um contraste ao discurso do Griffin, que é a razão contra a fúria dele.

Mas todos esses personagens importam muito para momentos chave do livro, então não vou falar mais a respeito deles justamente pela surpresa.

"That they were, in the end, only vessels for the language they spoke."
"Que eles eram, no fim, apenas receptáculos para as línguas que falavam."

Babel é uma ficção especulativa, o que significa que pega esse cenário real e acrescenta elementos fantásticos nele. O Instituto Real de Tradução é um lugar para estudos e traduções, sim, mas também é um lugar que molda a magia que move a Inglaterra - Londres e Oxford, nossas cidades protagonistas.

Barras de prata são os objetos usados para construir a magia. O sistema que R.F. Kuang criou, aliás, é muito criativo; totalmente dependente de palavras e seus significados, e de palavras em línguas que não o inglês dominante - para mostrar, mais uma vez, o quanto a Inglaterra depende daqueles que oprime.

Por isso os tradutores são tão importantes. Babel é movida através deles. A Inglaterra é movida por causa deles. Robin, Ramy, Victoire, Letty e tantos outros estudantes e graduados estão ali para traduzir, sim, mas alguns são escolhidos para trabalhar com as barras de prata. Para construir, para esse mundo que não olha para três deles como pessoas, o seu dia a dia através da magia.

Eu nem consigo imaginar os níveis de pesquisa que a autora teve que fazer para escrever Babel. As palavras são o cerne desse livro, o núcleo que dá consistência à história. Não apenas por contarem a história, mas por fazer, assim como fazem nesse mundo mágico, ela ter a infinidade de significados que tem.

É irônico, e nítido, que o Instituto de Tradução tenha o nome de uma tragédia bíblica. Que a torre de estudos e traduções seja um lugar opressivo, quando, na história bíblica, era o lugar onde todos falavam a mesma língua. Pelo menos até a ânsia por poder condená-los ao castigo divino.

"Never forget that you are defying a curse laid by God."
"Nunca se esqueçam de que vocês estão desafiando uma maldição criada por Deus."

Tem uma riqueza de cultura, de conhecimento e de História nesse livro. E é quase hilário o contraste das muitas culturas espalhadas pelo mundo quando ela confronta o fato de que ingleses... quase não têm. Tudo é roubado de outros lugares. Tudo que eles tanto prezam na verdade não tem o brilho e o requinte e o poder que em seus países de origem (o próprio chá inglês é dependente da China, veja bem).

Sabe as aulas de História, quando estudamos sobre as colonizações e ficamos com muita raiva? Babel pega essa raiva e multiplica por milhões.

O que começa com uma simples história sobre um garoto resgatado de um lar destruído, a quem é dada uma oportunidade de estudo e crescimento na vida, se transforma em questionamentos furiosos sobre o dedo do império mexendo onde não deve, sobre como o sistema é cruel, branco e elitista, e sobre como a violência e a destruição talvez sejam a única língua que grandes poderosos consigam entender sem a ajuda de um tradutor.

O inglês é de nível intermediário, mas achei que apanharia mais para ler. Foi relativamente suave, com exceção de termos mais antigos e diálogos rebuscados. Não é inacessível para quem já tem o costume de ler em inglês.

"Power did not lie in the tip of a pin. Power did not work against its own interests. Power could only be brought to heel by acts of defiance it could not ignore. With brute, unflinching force. With violence."
"O poder não estava na ponta de um alfinete. O poder não trabalhava contra seus próprios interesses. O poder só podia ser forçado a se ajoelhar por atos de desafio impossíveis de ignorar. Com força bruta, inabalável. Com violência."

Mas eu tô bastante curiosa e empolgada para ler Babel em português, justamente pela questão da tradução. Ela é tão intrínseca e essencial à trama, ela é tão falada e relembrada e é o motor que move nossos protagonistas e suas provações, e quero muito ver como esse livro vai ser na minha língua materna.

Inclusive, optei por deixar as quotes em inglês, seguidas pela minha tradução delas.

Babel é um espetáculo narrativo. O tipo de livro que palavras não fazem jus, porque é uma experiência que você tem que viver. E eu estou dizendo como uma obrigação, sim. Estou te obrigando a ler Babel. Estou te obrigando a questionar e sentir raiva e melancolia e esperança. Estou te dizendo que R.F. Kuang escreveu um clássico moderno, e que esse livro é um dos mais importantes que já aconteceu para a literatura.

site: https://www.queriaestarlendo.com.br/2023/01/resenha-babel-rf-kuang.html
Matheus 14/03/2024minha estante
Tô lendo esse é tô apaixonado. Que livro PERFEITO!!




clara santos 13/03/2024

A violência é necessária
Minha primeira leitura da renomada autora R. F. Kuang e me impressiona alguém ir tão profundo em um assunto e sabê-lo com tanta maestria, ela não é pra pouco, a bicha é doutoranda em letras. Babel, uma fantasia bem realista, nos trouxe pro mundo da tradução e nos mostra de forma simplória as formas como os preconceitos vem no meio acadêmico, na sociedade, na família ou que as vezes a gente acha que é família (spoiler kk)
Do início pro meio eu tava obcecada por Babel, no final (com a perda de personagens que pra mim eram essenciais nesse final, foi só tragedia kkkk ) mas foi minha experiência, nem todo final tem que ser feliz, só tem que fazer sentido e esse fez. Recomendo a leitura.
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Kaue Garcia 09/03/2024

Surpreso
Este foi meu primeiro contato com a autora e vou dizer que fiquei muito surpreso com a qualidade da escrita, o livro é impecável! Não sou um grande fã de fantasias mas a forma como este foi escrito, o cuidado com cada detalhe e com cada personagem fizeram com que eu me apaixonasse por esta leitura!
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Anadieli 07/03/2024

Traição. Tradução significa exercer violência.
"Como podemos concluir, exceto reconhecendo que um ato de tradução é necessariamente um ato de traição?"
Esse livro me trouxe tantos sentimentos, achei a história bem densa de ser lida, mas é muito rica e te faz pensar muito como o outro se sente em diversas situações por ser quem você é, e seus princípios.
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Ithyara 05/03/2024

Nacionalismo
Aqui temos um livro sobre estrangeiros que tiveram a oportunidade de estudar em uma excelente universidade, com tudo pago, e com a garantia de um trabalho bem pago por toda a vida, mas que optaram por lutar pelos interesses de sua pátria de origem.

Eu não teria essa coragem, mas historicamente sabemos que as coisas só evoluem porque algumas pessoas têm essa coragem.

Logo, entendo a motivação dos personagens, só não sei se concordo e se faria o mesmo.

Em termos de leitura, a autora faz com maestria a introdução dos personagens e do local, assim como em A guerra da papoula.
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nouveausang0 05/03/2024

Não dá para se sentir o mesmo depois desse livro...
Eu não consigo colocar em palavras ou descrever como me sinto após ler Babel. Quero chorar, gritar, aplaudir. Sinto o coração leve ao mesmo tempo que pesado. A mente clara ao mesmo tempo que confusa.
Toda a abordagem do colonialismo te faz repensar nas engrenagens da história do mundo, assim como sua própria história e pensamentos.
Me sinto diferente.
"É isso que a tradução é. Ouvir o outro e tentar enxergar além dos nossos próprios preconceitos para vislumbrar o que o outro está tentando dizer."
Ler esse livro foi um ato de tradução. Foi um ato de ouvir e enxergar além das minhas barreiras e do meu ponto de vista na tentativa de entender, pelo menos um pouco, o lado do outro.
É... eu definitivamente estou diferente.
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Julia.Pimenta 05/03/2024

O livro enfrenta o desafio de falar sobre o colonialismo (através de uma visão decolonial) em um mundo onde tudo é definido através do poder da prata.
Eu adoro estudos de coloniais,entretanto,confesso que na minha opinião a autora enrolou muito no desenvolvimento,explicando nos mínimos detalhes o que acontecia,o que acabou tornando o livro um pouco devagar demais para desenvolver o conflito que deveria ser seu enredo central,que acaba sendo desenvolvido praticamente todo nas últimas 200 páginas.
Enfim,gostei do livro porém acho q acabou ficando meio mal dividido,queria que a Hames tivesse mais espaço no livro,nos ajudaria a entender melhor a visão deles e a questão central do livro,que deveria ser a da revolução poderia ter sido melhor desenvolvida
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Brunareader 05/03/2024

INCRÍVEL!
Há séculos que eu tinha vontade de ler esse livro, mas nunca achava ele em português e quando ele finalmente saiu no Brasil não perdi a oportunidade de deixar de lado outros livros e colocar ele na frente. É maravilhoso, incrível, a leitura é super fluida e envolvente. É claro que assim como quase todos os livros você sente vontade de dar uns tapas nos personagens. Nunca passou na minha cabeça que o final seria assim e sendo sincera se ele tivesse sido diferente teria sido uma porcaria.

Amei, amei, amei. Maravilhoso apenas! ??????
brenda_95 05/03/2024minha estante
quero muito ler esse.




Ana Gouvêa 02/03/2024

Não tem como não dar 5 estrelas, ainda que eu tenha alguns pontos sobre o texto, alguns erros de concordância e a forma em que as notas foram fornecidas no ebook (parabéns pra editora) e até alguns momentos da narrativa, mas que puta livro.
Curioso que em vários momentos são citadas outras ?necessidades?, como:
- necessidade de gratidão, de respeito
necessidade dos britânicos de se sentirem ao menos culturalmente superiores
necessidade do ateísmo,
E algumas outras que eu não tive coragem de parar de ler pra fazer a anotação.
Apenas sensacional.
É um dos livros que eu gostaria de ter a versão física, mesmo sendo cega, só pra saber que está perto de mim.
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Jelly 02/03/2024

Então o futuro se torna fluido e a mudança é possível.
Eu soube que essa seria umas das minhas histórias favoritos da vida no momento que coloquei minhas mãos nela.

O livro é marcado por discussões raciais, econômicas e políticas. Algumas de formas descaradas e outras tão sutis que, em mais de uma ocasião, me peguei relendo trechos e esmiuçando frases e seus significados pois temia ter perdido alguma coisa. Em muitas delas, a violência por trás das ações me pegavam de surpresa.

Babel por si só é uma personagem incrível. A torre é cercada de histórias, ciência e violência. Incialmente apresentada como o pilar do mundo, a torre reluzente ao poucos vai perdendo o brilho pelos olhos do protagonista e , consequentemente, do próprio leitor. A relação entre ela e os personagens é complicada e cercada de amor e ressentimento porque Babel representa conhecimento, reconhecimento de que eles são úteis ao mundo, mas também representa preconceito e um um império cruel e sedento por sangue. Um império que não se importa com nada além do próprio lucro.


Sobre o Robin: ele é um personagem completo. Ele é humano demais e isso traz uma bagagem de erros, acertos e atitudes duvidosas. Entendo as ações dele? Sim. Queria entrar no livro e encher ele de porrada por causa de algumas delas? Sim. Acho que posso dizer amei na mesma medida que ficava puta com ele.

A relação do dele com o professor Lovell foi algo complicado de acompanhar. Ao mesmo tempo que entendia os sentimentos do Robin em relação ao professor, eu não entendia pq ele não pegava uma faca e enfiava entre os olhos desse homem.

A amizade dele com Ramy, Letty e Victoire é bem trabalhada e é um elemento intrínseco a trama do livro. Eles são gentis, mesquinhos, amorosos e maldosos uns com os outros constantemente e é totalmente possível ama-lós em um parágrafo e odia-los no parágrafo seguinte. (eu dei umas coringadas com isso, mas tudo dentro do esperado hahahah). Eles orbitam uns aos outros e é fascinante acompanhar o relacionamento deles.

Os demais personagens ajudam a compor a imensa tapeçaria que é esse livro. Alguns são peças centrais na grande história de Babel.


A RF Kuang escreveu uma obra primorosa e completa.
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Yasmin1609 28/02/2024

?Eram homens em Oxford; não homens de Oxford?
Babel foi o primeiro livro que eu li nessa pegada de Dark Academy, e confesso que foi bem diferente de tudo que eu já li, a maneira como a R.F. Kuang aborda temas super importantes, até mesmo inserida para o tempo atual me surpreendeu muito, realmente não estava esperando, uma verdadeira maneira de informar para as pessoas de uma forma mais detalhada sobre temas de privilégio, racismo, misoginia, e a violência que acompanha cada ato de preconceito. Uma história sobre tradução, linguagens do mundo, opressão, e a violência que cresce quando a conquista e o poder falam mais alto do que a humanidade, sobre estudantes que buscam se impor no mundo, não sendo tratados como objetos ou somente como uma fonte de dinheiro.

Em alguns momentos do livro achei que ficou um pouco ?arrastado? pelo fato dela querer colocar exatamente tudo com muito detalhe, história, cenário e etc, mas nos últimos capítulos me prendeu de uma forma que quase engoli as últimas páginas kkkk, me surpreendendo a cada segundo e me fazendo sentir todas as emoções possíveis. Além da autora conseguir transmitir todo seu estudo e pesquisas que realizou para transmitir suas experiências acadêmicas. Recomendo muito, além de ser uma ótima leitura traz temas importantes, como fonte de aprendizado!
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Cris 27/02/2024

?Todo ato de tradução é um ato de traição.?
?Mas essa é a beleza de aprender um novo idioma. É para parecer uma empreitada de grandes proporções. É para intimidar. Isso faz com que você passe a apreciar a complexidade dos idiomas que já conhece.?

?Dê ao mundo o que o mundo quer; contorça-se para se adequar à imagem que eles querem ver, porque é assumindo o controle da narrativa que você vai controlá-los.?

?O mundo tem que se romper. Alguém tem que responder por isso. Alguém tem que sangrar.?

Em 1828, um menino se torna órfão pelo rastro da cólera em Cantão, na China. Sob o nome de Robin Swift, ele é levado a Londres pelo misterioso professor Lovell e por anos se dedica ao estudo de diversos idiomas, como latim e grego antigo, preparando-se para um dia ingressar no prestigiado Real Instituto de Tradução da Universidade de Oxford, conhecido como Babel.
Com sua torre imponente que guarda segredos inimagináveis, Babel é o centro mundial do saber.

No Instituto, Robin descobre que aprender a traduzir é também aprender a dominar a magia.
Através de barras de prata encantadas, é possível manifestar as nuances e os significados perdidos na tradução ? e essa arte trouxe aos britânicos uma dominância sem precedentes. Para Robin, Babel é uma utopia dedicada à busca do conhecimento. Mas o conhecimento obedece ao poder...

Chinês criado na Grã-Bretanha, o jovem começa a se questionar se servir a Babel significa trair sua pátria e se vê dividido entre a Instituição e uma obscura organização destinada a impedir a expansão colonialista. Quando a Grã-Bretanha vislumbra entrar em guerra com a China motivada por prata e ópio, Robin vai precisar escolher um lado. Afinal, será possível mudar as instituições por dentro ou a violência é inerente à revolução?

Uma narrativa brilhante, visceral e sombria, Kuang revisita e reescreve a Revolução Industrial na Inglaterra e a história colonial da China na década de 1830. Babel é ao tempo uma carta de amor e uma declaração de guerra, abordando temas como revoluções estudantis, resistência colonial e o uso da linguagem e da tradução como ferramenta dominante do império britânico. A obra é uma trama avassaladora e brilhante sobre a magia da linguagem e o uso das palavras como instrumento de poder.
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Lissa - @leiturasdalissa 27/02/2024

Não foi o que eu esperava
Esse livro é simplesmente perfeito no quesito ambientação e pesquisa. é nítido o quanto a autora mergulhou nos estudos da tradução pra materializar a realidade de um aluno da área e a vivência em Oxford, além de suas próprias experiências acadêmicas. fiquei vidrada a cada passeio pela universidade.


acho também que o início do livro é envolvente e sólido. mas depois da viagem dos protagonistas a Cantão, realmente não foi o que eu esperava.

a autora se preocupa mais em contar do que mostrar. não confia no próprio leitor, não deixa que ele possa inferir pontuações por conta própria. quer explicar tudo a todo momento como se não tivéssemos uma boa capacidade de interpretação. acredito que alguns leitores até apresentem certas dificuldades, o que é normal, mas seria mais um motivo pra que ela deixasse que essa parcela do público se desenvolvesse sozinha e fizesse seu próprio esforço.

além disso, acho que ela tem bagagem acadêmica suficiente para ter feito críticas mais profundas. acaba que a visão dela sobre o assunto que ela quer cutucar fica branca e européia, por mais que ela ache que não. o final que ela dá para a questão entre Letty x Ramy é terrível (ela se esqueceu ou decidiu ignorar que as mulheres também são uma minoria colonizada e poderia ter dado justificativas melhores pro desfecho entre ambos). se ela queria vilanizar a rosa inglesa de alguma forma poderia ter se aprofundado muito mais no relacionamento dela com a Victorie, suscitando conflitos e preconceitos de uma forma mais realista, e não fútil. eu odeio quando uma personagem feminina é colocada como fútil sem que sua construção tenha sido intencionalmente essa desde sempre.

os personagens ficam meio rasos, não vão além do que se espera, e eu achei que não seria assim justamente pelo começo excelente que o relacionamento deles tem. tiraria umas 100 páginas do livro, onde períodos longos se passam em parágrafos e não acrescentam nada à história. enquanto a questão da prata teria muito a ser explorada, e não é, fica só como coadjuvante. algumas soluções no final são um pouco simplistas e os melhores personagem (na minha opinião) se vão cedo demais, ou em um auge que poderia ter rendido mais. no caso da Letty, soa como uma desculpa.

Victoire é outra personagem feminina injustiçada, que poderia ter inúmeras camadas. tanto na relação com Letty quanto em seu papel nas últimas 200 páginas. no fim, ela está ali só como um totem, um enfeite pra preencher a cota.

enfim, é um livro riquíssimo em informações, a ambientação é maravilhosa, a pesquisa é cativante, apesar de momentos pontualmente enfadonhos a escrita é ótima e o vocabulário ainda melhor - o que é bom, é realmente bom, por isso a minha nota é essa - mas o restante infelizmente pra mim foi uma execução mediana, embora dedicada. acho que funciona muito bem para quem quer começar a pensar sobre as temáticas abordadas, mas pra quem tem uma ideia a mais a respeito, deixa a desejar.
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Pjmluvx 26/02/2024

Uma enciclopédia mediana
Imagine uma thread do Twitter sobre colonialismo no século.19 de 592 páginas. Essa thread foi escrita pela geração z. As referencias foram o Wikipedia e o Brasil escola. Esse é o livro.

Eu amo tanto poppy war e tava tão animada pra finalmente ter esse livro q fiquei até desnorteada com o quão medíocre, hipocrita -e o maior crime de todos- CHATO foi esse livro.

As primeiras 500 págs n tem plot, é um monte de baboseira de etimologia q todo mundo já sabe com muita narração e diálogo expositivo. Tem um mundo mágico.. mais ou menos, que consiste basicamente em pegar a História real do mundo e fingir que no século.19 o povo usava barra de prata como tecnologia. Literalmente só isso, e todas as coisas q isso provê no livro tb foi feito no mundo real usando carvão e eletricidade, ent o ?mundo? mágico n tem de fato nenhum impacto ou distanciamento concreto pra ser considerado um mundo fantasioso, é quase uma versão preguiçosa de Mistborn. E eu falo sério, nada nesse livro gera qualquer impacto, inclusive se vc quiser spoilers do final do livro abre ai seu livro de história do 8° ano (de nada por poupar seu tempo).

Esse livro era pra supostamente discutir sobre colonialismo e a linguagem, supostamente. Primeiro que a linguagem é totalmente moderna e as discussões dos personagens, que deveriam ser verossimilhantes com o século 19, são totalmente colagens contemporâneas. Sabe o que a autora se importou de deixar verídico? O formato do prédio e o cardápio da faculdade.( dnv n tô brincando, no começo do livro ela deixa um textão justificando todas as escolhas de arquitetura e convivência de Oxford q ela botou no livro, tudo absolutamente inútil pro enredo ou pra qualquer discussão sociopolítica do negócio).

Os personagens são propositalmente reduzidos a uma única característica identitária (geralmente racial) só pelo gozo dela poder chegar no ponto que ela quer, que basicamente é que todas as pessoas brancas são inimigas, mas se vc for uma pessoa criminosa de alguma minoria vc tá perdoado (veja nas últimas 100 págs oq o protagonista faz). É uma coisa tão cartunesca, pq vc nunca de fato vê as dinâmicas do grupo e chega a conhecer os personagens ou as profundidades deles, as coisas só são contadas e, de longe, a pior personagem é a Letty (e sim não sei quanto do meu ódio é ela ter o mesmo nome que o meu e quanto é dela só ser construída de forma horrorosa). No começo a gente aprende que ela é uma querida, sofre por ser mulher e une o grupo, no meio ela é excluída e no final ela é abertamente uma traidora irritante e ignorante e que LITERALMENTE vai caçar a única amiga dela por ser negra???? Gente pelo amor de Deus. Tem tantas cenas racialmente estereotipadas mas eu gostaria de citar o momento que uma menina irlandesa agride a outra, que tava de luto, COM UMA BATATA. A pior parte é que não era nem pra ser engraçado, tô deprimida.

E enfim eu teria muito mais pra falar mas tudo resume no fato de que esse livro é raso, todos os personagens sao unidimensionais, não tem nuance pq td é repetido 500 vezes, sistema mágico bosta que é inexistente, linguagem totalmente anacrônica com discussões ainda mais anacrônicas e um uso básico e excessivo de etimologia que serviu só pra RF Kuang mostrar td que ela aprendeu no mestrado dela (de novo queria estar brincando mas eh vdd). Esse livro parece na real uma grande palestra cheia de jargão só por capricho e que não tenta de verdade abordar o assunto em questão com qualquer sensibilidade ou aprofundamento. Se vc quer ler um livro político com recortes sociais e raciais com inspirações históricas tem livros muito melhores, inclusive Duna.
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