Kaio52 26/07/2023
Um verde orínico
Antes do Baile Verde é meu segundo contato com a obra de Lygia Fagundes. O primeiro se deu na coletânea dos 100 melhores contos brasileiros, inclusive, um deles está também nesta obra. A introdução me contou que os textos de Lygia tem um que de sonho. Não mentiram pra mim. Ler conto após conto é como sonhar, voar por entre pesadelos e pequenas vitórias sem ter um começo, mas sempre um final. Cada conto é em si uma reflexão autosuficiente sobre os mais importantes assuntos da literatura: o vícios e às virtudes de cada um.
Nisso jaz um ponto forte da obra, porque seus personagens, como na vida real, conjugam em si um pouco de cada, com alguns tendendo pra cá e outros pra lá. Intrigantes logo nas primeiras linhas, seus protagonistas poderiam ser acusados de cínicos, mas, prefiro imputar-lhes o crime do realismo. Já vi pessoas agirem daquela mesma forma, mais movidas pela situação do que pela razão própria.
A escrita completa o tom de sonho, com tangentes e digressões que expõe mais e mais o funcionamento dos personagens. Como os escritos vão de 1969 a 1949, portanto de trás para frente, o estilo muda indo dos contos mais oníricos aos mais realistas.
É no fim mais um ótimo passo na minha jornada para descobrir a literatura nacional. A cada dia vejo o que perdi, mas, prefiro conhecer nesta idade estas obras tão brasileiras.