Guilherme Amaro 13/11/2020
Primavera em Tchernóbil
Criação em estilo documentário do francês Lepage Emmanuel, ano 2020, contém 168 páginas , publicado pela editora Geektopia.
Primavera em Tchernóbil, um HQ em formato grande de capa dura papel couché, edição de luxo, arte espetacular com jogada de cores, (preto, branco e cinza), com o decorrer da narrativa as páginas começam a ganhar cores.
" Thernóbil não é uma exclusividade de cientistas, técnicos nucleares, jornalistas e da ajuda humanitária... Nós também temos nosso lugar ali. Acreditamos que o artista é capaz de entender como é estranho viver lá e dar um testemunho disso." Pág. 20.
Em 2008 a associação dos Desenh'ativistas envia um grupo de artistas e ativistas (Gildas, Pascal, Morgan, Cathy) da França para Ucrânia com o intuito de testemunhar a tragédia ocorrida em Tchernóbil, para uma causa nobre, uma campanha para arrecadação de donativos para doação de vítimas da radiação. Eles partem com toda segurança necessária, (Ania guia de turismo local, medidores de radiação), além de todo planejamento de logística para transportar alimentos, eles alugaram por quinze dias uma casa abandonada no pequeno vilarejo de Volodarka, possui trezentos habitantes e apenas 20 km da usina nuclear. Assim que se acomodam e a casa ganha vida conhecem o herói Vassia, um morador do vilarejo que foi um dos 800.000 liquidações (pegou com as próprias mãos grafite para jogar na garganta aberta reator).
Materiais utilizados para os desenhos são: carvão, pincéis, lápis esboçado, giz, pastéis, aquarelas, além de fotografia e anotações tornam visível o que não se vê.
Dia seguinte partem para a zona de radiação, Tchernóbil considerada a maior catástrofe nuclear, possuía 15.000 habitantes e nos dias atuais abriga 2.000 pessoas que trabalham nos locais dos quatro reatores, conhecem um monumento em homenagem aos bombeiros mortos no combate ao incêndio, a única mercearia, do outro lado do canal os gigantes reatores e o imenso radar. Apesar de história de tragédias, retrata o que existe atualmente na cidade, e a beleza radiante do local.
O grupo explora a cidade de Prípiat fundada1970 uma estranha cidade deserta, muito moderna na época (cidade modelo da União Soviética, vitrine do comunismo), também conhecida como a cidade mais bonita da Ucrânia, após anos sem atividade humana, possui um grande aterro tecnológico, a floresta em torno que foi totalmente contaminada e possui coloração vermelha, novas espécies de animais surgiram (lobos, cavalos) se adaptaram ao meio ambiente e os chamados Samosiols (pessoas maioria idosos que voltaram a se instalar nos vilarejos de modo autossuficientes, os monumentos visitados foram o parque de diversões, roda gigante.
Desocupada a zona de exclusão virou objeto de pilhagem.
O grupo documenta com maestria o inimigo invisível, a vida dos sobreviventes e a paisagem (florestas verdejantes, céu azul).
"Alguma coisa aqui não fecha. Me pediram para desenhar Tchernóbyl. Estou aqui para revelar o horror e meus desenhos são todos coloridos! Onde estão os monstros? Os animais de cinco patas? A terra ultrajada esterilizada? Nada disso. As aparências perturbam." Pág. 116, 117