Toca do Coelho 05/11/2020
O início do manifesto
Você caiu na toca do coelho, é muito bem-vinde a se sentar, não comer ou beber nada e ouvir um pouco sobre sertãopunk.
A primeira vez que ouvi sobre o tema foi na antiga página do Alec Silva onde ele criticava o cyberagreste, no que eu posso definir como, a maneira que sudestines pensam que estão homenageando o nordeste, mas mantém sua visão hegemônica e esteriotipada da região.
Gabriele Diniz, Alec Silva e Alan de Sá formularam juntos o conceito do que seria um sertãopunk, o que foi condensado nesse livro, dividido em artigos e dois contos de Diniz e Sá sobre o objetivo e a motivação delus para a criação de um subgênero da ficção científica resgatando elementos das regiões dentro do nordeste.
Durante os artigos é nítido que pensaram nun gênero para além da ficção científica que se fixou no imaginário de leitorus.
Friso que as críticas sociais sempre estiveram presente nas obras de ficção, contudo, o apreço pelos ambientes criados rouba a atenção de quem assiste e lê, muitas vezes a crítica não é vista ou é desprezada por causa da desvalorização do tema no eixo literário.
O livro é muito mais apresentação do que será o sertãopunk do que já é, e, vale a leitura por nos apresentar a pretensão dos futuros trabalhos, Alan de Sá, em seu conto, exibe características que hoje podemos encontrar em seus textos recentes como Abrakadabra, assim como Diniz, são contos introdutórios ao estilo de seus autorus.
E gostaria de explicitar uma coisa, se você não é do nordeste e vai ler qualquer obra do sertãopunk esperando encontrar as zombarias que o sudeste fez com nosso região, por favor, retire-se! Antes de exigir uma suposta representatividade (como pessoas morrendo de seca) pare e pense se de fato está ouvindo pessoas nordestinas ou apenas alimentando estereótipos criados por sua região, ou quem sabe rancor contra ume dês autorus.
Um livro rápido para introduzir novos leitorus ao subgênero ? sim, tem influência do afrofuturismo, acho que fica óbvio pelas resenhas passadas.
Minha única crítica é que em determinado momento foi usado a palavra ?tribo" para se referir a aldeias e etnias indígenas, posteriormente isso foi corrigido, então acredito que foi uma escrita feita durante o desconhecimento da carga negativa que a palavra traz.
Antes de iniciarem a leitura dos contos, leiam o livro? Sertãopunk" para entenderem melhor do que se trata.