Pedro 16/05/2014Retrato da VidaVencedor do Prêmio Jabuti, "A Vida Que Ninguém Vê" trata-se de um conjunto de crônicas jornalísticas, ou seja, tudo o que é contado, de fato, ocorreu.
São 21 crônicas que foram publicadas na década de 90, numa coluna do jornal Zero Hora, que levava o mesmo título do livro ("A Vida que Ninguém Vê"). Narradas de uma forma mais poética e com um tom meio místico, muitas vezes deixando o leitor pensando se de fato aquilo é verídico ou não, isso se dar por o texto apresentar semelhanças ao gênero Conto, dessa forma, o texto pode ser visto ou julgado de maneira distinta pelo leitor.
Eliane Brum, mostra em suas reportagens o lado mais sentimental, assim, apresentando características com mais delicadeza, o que faz com que o leitor se sinta comovido durante a leitura, como no caso de "A Morte De Pobre", onde uma mãe de família carente que por negligência média tem sua vida alterada. Confesso que neste momento, eu tive que fechar o livro e interromper a leitura por um momento, pois meus olhos estavam marejados de lágrimas. - É tão revoltante saber que em nosso País há, ainda, estes tipos de descasos, e olhem que esses acontecimentos do livro são da década de 90. - Além desse fato, encontramos as histórias de um álbum de fotografias encontrado no lixo; um mendigo que não pede esmola; de um carregador de malas que trabalha num aeroporto, porém nunca conheceu o céu; de uma pobre garotinha... entre outras, tudo isso apresentado em uma linguagem simples e de fácil compreensão.
"É que as piores deformações são as invisíveis."
Qual seria a vida que ninguém ver? É fácil responder à essa pergunta, são vidas que estão onde você menos espera: Num sinal, na rua, num parque, ou até mesmo ao seu lado. Vidas que passam despercebidas aos nossos olhos e foi exatamente o que Eliane B. conseguiu enxergar no cotidiano.
"Uma vida só faz sentido para quem a viveu. Para todos os demais é um quebra-cabeça onde nada se encaixa. Toda fotografia é puro anseio por permanência, por salvar o que já não existe, agarrar o que escapou."
Segundo a autora, ela é do tipo que "Se interessa mais pelo cachorro que mordeu o homem, do que pelo homem que morde o cachorro." Dessa forma, para quem quer ser jornalista, ou tem interesse, creio que a Eliane Brum seja uma ótima inspiração, por ver o lado dos fatos que outros profissionais da área, e até mesmo nós mesmo, deixamos passar despercebidos. Por essa e por outras é que o livro está mais do que recomendado, garanto que sua visão de mundo será outra ao fim desse livro.