Luiza Helena (@balaiodebabados) 15/02/2021Originalmente postada em https://www.balaiodebabados.com.br/Em O Inverno da Bruxa temos a conclusão da história de Vasilisa Petrovna, uma jovem que teve de aprender a conviver com os humanos e os seres mágicos. Se iniciando logo ao final de A Menina na Torre, agora ela se vê no meio de duas guerras que podem custar o destino de toda Rus'.
Foi bem gratificante ver o crescimento de Vasya. Por tudo que ela passou desde que começou a demonstrar seus poderes e assim praticamente ser caçada por ser bruxa, ela se tornou uma jovem que aprendeu com seus erros e perdas. Ao longo desse final, ela vai ter que confiar e fazer acordos com pessoas e chyerti com quem tem um passado conturbado, visando a paz e um futuro para a população de toda Rus'
Nesse último livro, Vasya aprende um pouco mais sobre seus poderes e sua origem. Desde o primeiro livro, gosto muito como a Katherine conseguiu inserir bem a mitologia russa na sua história, com os antecedentes de Vasya não foi diferente. Vasya é a ponte entre humanos e os chyerti, e ela sabe que esse não é um dever fácil e muitos, tanto humanos quanto, ou a temem ou a querem morta.
A relação entre Vasya e seus irmãos - Olga e Sasha - se estreita após tudo que eles passaram no livro anterior. Confesso que senti falta de ver mais de Alyosha, que foi apresentado em O Urso e O Rouxinol, mas entendi que foi necessário esse destaque. Por terem se mantido longe por muito tempo de Vasya, Olga e Sasha precisam conhecer de verdade a sua irmã.
Aqui há a iminência de duas guerras (chyerti contra os humanos e a invasão dos tártaros no território de Ru's) e a autora soube trabalhar bem o espaço para cada uma. Interessante que a autora utilizou de um acontecimento verdadeiro - a batalha de Kulikovo - como cenário do grande conflito envolvendo os humanos e os chyerti. Até mesmo os personagens que ela utiliza nessa ambientação - príncipe Dmitrii, Aleksander Peresvet (Sasha), entre outros - são figuras históricas e estavam presentes nesse acontecimento.
Os personagens secundários sempre tiveram muito destaque desde o início da trilogia. Aqui eles são de extrema ajuda nos planos de Vasya e assim os seus mundos colidem e precisam aprender a confiar um no outro para prosperar. Destaco aqui o príncipe Dmitrii, um soberano que sabe que nem tudo é preto no branco e fará o possível para proteger seu povo.
Um secundário que sempre teve bastante destaque foi o incel do padre Konstantin. Desde o início da história, sua fé cega e fanatismo foram a fonte de tudo de ruim que aconteceu com Vasya. Nem preciso dizer que vibrei com seu destino final, porque foi a única coisa decente que esse seboso fez ao longo da história.
O romance entre Vasya e Morozko tem um pouco mais de destaque, o que foi bom para o desenvolvimento desse relacionamento. Tudo era ainda muito incerto entre os dois, muitas mágoas e tristezas e o foco que a autora deu foi necessário para que eles trabalhassem o sentimento que possuem um pelo outro.
O Inverno da Bruxa foi um ótimo final de trilogia. Katherine não deixou nenhuma ponta solta e fica o sentimento de esperança que os dois mundos de Vasya vão conseguir viver mutualmente sem turbulência e própria jovem bruxa finalmente poderá ter um pouco de paz e descanso depois de tudo que passou.
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