Lau Montarroyos 12/10/2022
Minhas impressões ??
- Palavras para definir a obra:
Privilégio, poder, assassinato, investigação, ocultismo e magia.
- História e ambientação:
É uma história dark academia raiz. O desenrolar do arco principal ocorre no campus da Universidade de Yale e nos seus arredores. A personagem principal, a Alex, é uma garota outsider, de classe baixa, que ingressa nesse universo sacramentado no prestígio e no jogo de poder. No desenvolvimento narrativo, acompanhamos a sua vida dividida entre as aulas acadêmicas e as atividades mágicas que acontecem no submundo de Yale. O enredo central é conduzido pela investigação de um misterioso assassinato, ao qual já somos apresentados no prólogo, mas, paralelamente, a narrativa aprofunda-se em questões centrais como privilégio de classe e elitismo. Tudo isso desenrola-se em um universo marcado pelo ocultismo. A ambientação é riquíssima e cria uma atmosfera mágica, sobrenatural, até certo ponto assustadora e MUITO gore (muito gore mesmo). O cenário universitário contribui para o clima de mistério, já que Yale é uma universidade antiga (fundada em 1701!), cheia de prédios históricos e segredos sombrios.
- Desenvolvimento das personagens:
A Alex é uma personagem que ganhou o meu coração. No começo, nas cem primeiras páginas, confesso que tive dificuldades de criar algum tipo de relação com a personagem, mas, à medida que a narrativa avança, me peguei torcendo fervorosamente por ela. No decorrer da sua ?jornada de heroína?, seu crescimento é notável. Ela é obstinada, sagaz, sarcástica e durona. As demais personagens que são apresentadas no contexto narrativo também cativam e são bastante diversificadas, tanto nos aspectos físicos como nas nuances psicoemocionais. Outra que me conquistou foi a Dawes.
- Crítica geral:
A ?Nona Casa? é um livro brutal e explícito. Acompanhar a jornada da Alex foi aflitivo e, ao mesmo tempo, gratificante. Foi o meu primeiro
livro da Leigh Badurgo e acho que a autora soube construir uma história rica em detalhes e com um enredo que se sustenta muito bem até o final (e QUE FINAL). A ambientação que o livro constrói de Yale é sensacional. O universo mágico que se abriga no campus universitário é fascinante. Cada Casa Mágica tem seu poder, sua própria história e a narrativa apresenta as peculiaridades de cada uma por meio de minuciosas descrições arquitetônicas e artísticas. A história, em si, me fisgou. Demorou um pouco e confesso que, no começo, fiquei um pouco perdida, mas, além do enredo principal, envolvendo a investigação do assassinato, gostei da maneira como o livro tratou de temas como o privilégio de classe. A magia, nesse universo, é um símbolo de poder, de status e de impunidade. Classes poderosas a usam para, de fato, manipular o mundo. Inclusive, alguns membros das principais Casas Mágicas são personalidades influentes como empresários magnatas, líderes políticos, representantes de organizações internacionais e, até mesmo, artistas e celebridades. É nesse cenário de uma elite corrupta que a Alex cai inesperadamente. Ela está ali, inicialmente, como um objeto e um instrumento a ser usado pelas Casas justamente pelo poder único que possui. A Alex é uma pessoa quebrada em todos aspectos. Ela é completamente atormentada pelo fardo de conseguir ver pessoas mortas. Mas, no decorrer da narrativa, ela sai da posição da pessoa que precisa ser salva para a de grande salvadora. No entanto, até o grande final, ela sofre, e muito! Violência física, psicológica, emocional e sexual estão presentes do começo até o fim. Além disso, o terror e o horror dão o tom da narrativa, principalmente, por causa dos fantasmas e dos momentos gores com descrições de mutilações e de dissecação de cadáveres. Mas, apesar do contexto sobrenatural e violento, o verdadeiro elemento de terror do livro são os próprios seres humanos, capazes de cometer atrocidades pelos motivos mais fúteis e mesquinhos.
- Alerta gatilhos: violência explícita (mutilação, muito sangue, sufocamento, afogamento desmembração, necromancia); violência sexual (abusos, estupros, divulgação de cena de sexo sem consentimento).