Line 06/01/2021
Sobre passar pelas 'turbulências' da vida
Querido Edward é um livro, acima de tudo, que nos mostra o percurso árduo que é continuar a viver após um trauma. Edward é um menino que, aos 12 anos, é o único a sobreviver a um acidente de avião que fez mais de 190 vítimas, incluindo seus pais e seu irmão (tranquilize-se, não é spoiler, e sim sinopse).
O livro tem seu ritmo pautado em cenas intercaladas da vida dos personagens anteriormente ao acidente, ambientadas no avião, e cenas de Edward retomando sua vida desde o hospital, após o acidente, passando por seu crescimento e pela maneira como ele lidou com as perdas e o trauma.
Mesmo sabendo que haveria um acidente com mortos, peguei-me torcendo pelos personagens e pelo não acontecimento da tragédia nos capítulos que abordavam cenas no voo, o que me leva a pensar que a escritora soube manejar esses dois contrastes da estória de uma maneira interessante.
Para alguns, a leitura pode parecer "arrastada", porém, para mim, teve o ritmo ideal que requeria o tema, a estória. Tal como na vida real, superar um trauma é um processo lento, obscuro, que se arrasta por longos períodos e que não se conclui sem ajuda de outras pessoas. Chegar ao final do livro é acompanhar o personagem por esse caminho, lembrando-se sempre de que pode servir como uma grande metáfora para cada um dos nossos traumas, independentemente da magnitude, inclusive quanto ao tema "morte", do qual ninguém escapa, mas com o qual evitamos lidar.