Carbono Alterado

Carbono Alterado Richard K. Morgan




Resenhas - Carbono Alterado


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Na Nossa Estante 07/09/2017

Carbono Alterado é um livro diferente de todos os que li até agora. É uma leitura totalmente futurista com cenários que minha imaginação não conseguiu alcançar em alguns momentos e vocabulário próprio que eu não soube traduzir completamente.

Para uma leitura densa e rica em ficção científica, reuni o foco e o poder de imaginação e me joguei no mundo virtual de Takeshi Kovacs (pronuncia Kovach), um Emissário (?) vindo do Mundo de Harlan (?), que é seu planeta de origem, para desvendar o mistério sobre a morte de um Matusa (apelido que pessoas que vivem mais de 200 anos têm), chamado Laurens J. Bancroft, que por mais que as provas indiquem, nega com veemência que não se matou. Takeshi está a 148 anos-luz de casa e tem um acordo de aluguel de uma capa (corpo), por seis semanas, corpo este que era do ex-policial Elias Ryker que acusado de corrupção foi parar na prateleira.

Quem paga o aluguel para mantê-lo nela, com a esperança de um dia tirá-lo de lá é a oficial Kristin Ortega, que vendo o corpo do namorado andar pela Terra, resolve ir atrás e descobre que o corpo dele foi alugado pelo milionário Brancroft para uso de Takeshi, já que Ryker tem um corpo saudável, com neuroquímica militar e perfeito para o soldado treinado que Takeshi é.

A história se passa no século 23 e existem cirurgias psiquiátricas que curam males da mente, neuroquímica militar que são componentes químicos injetados que exaltam o potencial de luta e percepção. O homem consegue conversar com as baleias e Marcianos existem e transitam pelo universo. As pessoas não morrem, ou quando morrem são transferidas para a prateleira que são locais de armazenamento, através de cartuchos alocados na nuca e que gravam tudo que a pessoa é, personalidade e sentimentos são todos gravados e quando se tem dinheiro é possível comprar um corpo novo ou mesmo um clone. É assim que os chamados Matusa sobrevivem por tanto tempo, tendo dinheiro para manterem seus clones. A venda de pedaços de corpos é ilegal, mas existe, assim como um mundo virtual e holográfico. Existe sinamorfesterona que é um componente químico que potencializa as reações masculinas.

E as pessoas até podem fazer um encapamento duplo, ou seja, têm seus cartuchos colocados em dois corpos simultaneamente, que podem até ser artificiais, mas existem consequências, a memória dos dois cartuchos não pode ser guardada, apenas de um. E existe também a resolução 653 que tem a intenção de liberar juridicamente católicos armazenados pra que eles possam ser intimados para testemunhar em crimes e o Vaticano acha que este procedimento é blasfêmia. Católicos não aceitam viver em corpos artificiais ou capas adquiridas ou clones e apesar de terem seus cartuchos colocados na prateleira, acreditam na morte para sempre e a defendem.

Existe a morte de verdade, para quem leva um tiro na nuca e não tem dinheiro suficiente para guardar suas informações através de uma transmissão em feixe(?).

Neste mundo tecnologicamente incorreto, Takeshi se hospeda em um Hotel, o Hendrix que é comandado por uma inteligência artificial e que não recebe hóspedes há muito tempo, foi praticamente esquecido por conter armamento pesado e é ele quem ajuda Takeshi a sair vivo do ataque do brutal de Dimitri Kadmim que o persegue sem que ele saiba o motivo.

Miriam é casada com Laurens e eles têm 27 filhos e 34 filhas e mesmo assim ela propõe a Takeshi que largue a investigação e vá morar com ela em uma ilha, mas ele está mesmo é interessado em resolver o mistério da morte de Laurens e ter sua liberdade de volta para retornar ao seu planeta, o Mundo de Harlan. No entanto, antes disso ele vai ter que resolver vários mistérios: a morte de Laurens, decifrar quem é Reileen Kawahara, onde a prostituição e famílias destruídas estão ligadas ao suicídio do Matusa, se Miriam teria interesse na morte do marido e o que fazer com os sentimentos que passou a alimentar por Kristin Ortega.

Carbono Alterado vai ser adaptado para uma série da Netflix e eu tenho certeza de que vai ser uma série impactante, porque o visual que o autor sugere vai além da minha imaginação e pode alcançar algo novo e completamente extraordinário! E eu vou aproveitar a série e entender alguns detalhes que me fugiram na leitura ou talvez tenha sido esta a intenção do autor, já que ele prometeu uma trilogia, só não sei de quantos livros é esta trilogia, pois nos tempos atuais não existe mais trilogia de três, que dirá em um tempo como o do século 23!

PS: ? = Está no livro, mas eu não consegui entender direito, mas vou entender assim que a série começar!

site: http://www.oquetemnanossaestante.com.br/2017/09/carbono-alterado-resenha-literaria.html
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FabrAcio50 22/04/2024

Tarad0! Isso é uma ereç40!
Digo, Parado! Isso é uma investigação!

De volta a ficção científica, e melhor, no gênero cyberpunk.
Carbono alterado vem frenético, f0dastico. Ação da melhor qualidade, tiro porrada e bomba. Naquela mescla entre romance policial/futurista/distópico.

No início, o autor parecia ter criado um personagem que agia conforme sua genit4l mandava mas parece que com o tempo ele percebeu que perdia o foco. Gostei da história, da ação. Personagens sem carisma. Final sem muito alarde.
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Luiza.Thereza 26/09/2017

Carbono Alterado
No século XXV, a humanidade se expandiu por toda a galáxia, sempre vigiados de perto pelas Organizações das Nações Unidas. Planetas foram colonizados e a raça humana, mais do que nunca, se diversificou em termos culturais. O avanço tecnológico foi tamanho, que o próprio conceito de vida foi alterado.

Nesse cenário, a consciência de uma pessoa pode ser armazenada em um cartucho na base do cérebro e baixada para um novo corpo quando o antigo para de funcionar. A morte, antes um momento definitivo na vida do ser humanos, passou a ser somente uma falha no sistema. Um contratempo que pode ser contornado com um novo revestimento para o cartucho.

O protagonista desse livro é Takeshi Kovacs, um ex-emissário da ONU, foi trazido a Terra depois de ser morto em seu planeta natal graças a um bilionário que deseja que sua morte seja melhor investigada. A polícia local havia encerrado seu caso como suicídio, mas ele não acredita. Por que alguém se mataria sabendo que seria reencapado horas mais tarde?

A investigação porém, colocará Kovacs dentro de um jogo de peixes grandes e antigos demais.

A bem da verdade, a sinopse do livro não me convenceu muito, mas acabei pedindo Carbono Alterado pela informação de que o livro seria adaptado pela Netflix. Bem, dizem que adaptações são sempre piores que o livro. Se for verdade, estarei passando longe dessa produção.

Apesar da ideia ser bem interessante, e de Richard Morgan saber montar uma história, o resultado ficou massante e repetitivo. Quis abandonar o livro antes da página cento e cinquenta e só o continuei por pura teimosia.

site: http://www.oslivrosdebela.com/2017/09/carbono-alterado-richard-morgan.html
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Kamilla 27/09/2017

Estava receosa de não gostar, já que livro de ficção científica não faz parte da minha zona de conforto, mas fui surpreendida positivamente!
Carbono Alterado se passa no século XXV e a realidade que hoje somos acostumados não existe mais. A tecnologia? muito mais avançada. A terra não é mais o único lugar habitável, inclusive nosso protagonista - Takeshi Kovacs - nunca conheceu a terra e olha que ele tem mais de cem anos. Isso mesmo, a tecnologia é tamanha que as pessoas podem ser reencapadas em outros corpos se vierem a morrer. Como isso acontece? Bem, é através da consciência que é transferida para um cartucho e este pode ser inserido em outros corpos. Logo, só se pode matar de fato alguém se acabar com esse cartucho.

Takeshi Kovacs, depois de um tempo armazenado (que significa que teve o seu cartucho congelado, como forma de punição) é contratado pelo Laurens Bancroft, que é um ricaço que vive há mais de 200 anos e que aparentemente se suicidou. Só que ele não acredita nisso, acredita que houve um assassinato. O Kovacs é um Emissário (um tipo de soldado, treinamento pesado e inteligentes), por isso foi contratado pra resolver e descobrir quem matou o Laurens. O nosso protagonista foi reencapado em um outro corpo (ou seja, aquele cartucho foi colocado em outro corpo), que mais tarde vamos descobrir que era de um ex-policial chamado Elias Ryker. Esse ex-policial tinha um tipo de relacionamento com a Kristin Ortega, que atualmente é policial. E assim que nosso protagonista chega na terra, é com ela com quem se encontra, pra lhe oferecer uma carona até a casa do Bancroft. Entendam: A polícia que havia encerrado o caso do Laurens, alegando suicídio, ajudando o cara que o Bancroft contratou pra levá-lo até a casa do figurão. Estranho, concordam?

Após a saída da casa do Laurens, ele vai se hospedar no hotel Hendrix, que possui uma inteligência artificial fantástica. E sim, isso é muito importante na trama, muito mais do que eu imaginei que seria. E já nos primeiros minutos que entra no hotel sofre um ataque, o hotel ajuda e em poucos minutos a polícia - com a Ortega - aparece pra salvar a pele do Kovacs. Tudo isso aconteceu nas primeiras páginas, já imaginam como é a trama?

Carbono Alterado é cheio de ação e reviravoltas. Eu não esperava gostar tanto do livro e tinha um certo receio por que as minhas experiências com ficção científica apesar de serem boas, fiquei voando em certas coisas/cenas. E com esse livro aconteceu de ter muitas informações e que são um pouco complexas, mas o autor conseguiu fazer o leitor entender e mais que isso, conseguiu inserir o leitor em toda a história. Alguns personagens são detestáveis ao extremo, mas outros consegue cativar o leitor rapidamente, como o Kovacs e a Ortega.

Como já citei o autor soube colocar o leitor dentro do livro e com isso fez cenas bem reais e até cruas, há algumas cenas de sexo e morte, que pode não ser de agrado de alguns. Mas eu gostei de como o autor conseguiu colocar em palavras tudo isso. Parecia que estava assistindo a um filme, ou a uma série, falando nisso em breve sairá um pela Netflix e não vejo a hora de assistir. Devo admitir que se não tivesse lido o livro, não teria interesse pela série, mas agora quero muito. Voltando a trama do livro, ele nos deixa em muitos momentos tensos, alguns capítulos acabam em cenas que deixa o leitor ansiando pra ler o resto. Sabe aquele velho dilema que assola o leitor de "mais um capítulo" e quando vê já está amanhecendo, isso aconteceu comigo durante esse livro.

Vocês devem estar se perguntando, e esse título tem a ver? E eu respondo que sim, mas deixarei descobrirem durante a leitura. Agora sobre as investigações e o desenrolar da trama, não me sinto confortável pra falar abertamente sobre isso, principalmente por que acontece muita coisa, tem muitas reviravoltas. São cenas de perseguição, assassinatos, tiros, lutas, torturas, tecnologia e até reencapamentos (aquele lance de colocar o cartucho em outros corpos). Então imaginem que seria difícil de expressar tudo isso, ainda mais sem soltar spoilers. Só vos digo que vale muito a pena ler esse livro!

Sobre os detalhes: Eu gosto bastante da capa, dentre as gringas que eu vi, essa sem dúvidas é a mais bonita. Não encontrei erros de digitação, apenas de impressão no meu livro. A diagramação está bem legal, assim como o tamanho da fonte.

Comentário final: Se você gosta de livros com suspenses, ação, perseguição e com tecnologia que se passe no futuro, se curte ficção científica ou tem vontade de conhecer livros do gênero, super indico que leiam esse livro. Ele é eletrizante!

site: http://www.lendoeapreciando.com/2017/09/resenha-carbono-alterado-richard-morgan.html
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Lane @juntodoslivros 28/09/2017

Que aventura fantástica!
Estamos no século XXV e o mundo que conhecemos está totalmente mudado. Planetas foram conquistados e os humanos estão espalhados pelo universo. Com tanta tecnologia avançada veio a descoberta de uma maneira da morte ser um mero contratempo, as pessoas já não morrem mais. Sua consciência pode ser armazenada na base do cérebro e implantada em um novo corpo caso venha a morrer ou queira apenas trocar a ‘capa’.

É nesse mundo que o ex-Emissário da ONU, Takeshi Kovacs vive. Ele é uma espécie de mercenário com habilidades especiais e depois de sua última missão malsucedida, foi capturado e preso no mundo virtual. Porém, ele é convocado do Mundo de Harlan para a Terra a fim de resolver o mistério de um assassinato ou suicídio (?) de Laurens Bancroft. Esse é um poderoso empresário da Terra que a ao saber das habilidades investigativas de Kovacs decide trazê-lo de volta a “vida”. Laurens não lembra de suas últimas horas de ‘vida’ ao ser reencapado e quer que Kovacs descubra quem o assassinou, pois tem certeza que nunca cometeria suicídio apesar das investigações da polícia apontarem para isso.

Se Kovacs resolver o mistério poderá ter sua sentença suspensa e escolher uma nova capa a sua escolha no Mundo de Harlan. Mas se ele fracassar ou tentar escapar da investigação, sofrerá sérias consequências. Sem muita alternativa Kovacs começa sua investigação, mas vai acabar encontrando muito mais do que gostaria por trás dessa história.

A edição está simples, mas a capa é maravilhosa e combina perfeitamente com a história. Folhas amareladas e de boa qualidade. O livro é dividido em cinco partes com a narração em primeira pessoa pela visão de Kocavs.

Desde o início, o livro me prendeu! Já começamos de modo frenético com mortes e tiros!!! Rsrs... Como não querer acompanhar mais dessa história? Como o livro é uma ficção-científica, claro que eu quis ler logo. Além disso, vai ter série na Netflix! É muita coisa boa para um livro só.

Carbono Alterado vai vir com vários termos próprios. Com um mundo avançado e expandido pelo universo, temos várias culturas diferentes e uma nova linguagem inserida no cotidiano desses universos. Para quem for ler, recomendo anotar os termos desconhecidos e ter eles por perto para consulta.

“Você é um cara de sorte, Kovacs. Claro. A 148 anos-luz de casa, vestindo o corpo de outro homem num acordo que a policial local não queria tocar nem com um cassetete. Qualquer fracasso me botaria de volta ao armazenamento. Eu me senti tão sortudo que quase comecei a cantar ao sair pela porta.” Página 22

Takeshi Kovacs tem o humor sarcástico que me conquistou. Acompanhar sua jornada foi interessante, mas também bem cansativo. O livro tem vários momentos de descrição do ambiente, extremamente necessárias, mas que acaba deixando a história bem mais lenta, além da característica do livro ter sua própria linguagem. Um momento em que as coisas ficam mais frenéticas é no fim parte três, a partir de então o livro pega um embalo até o final. Não consegui parar!

Carbono Alterado é um thriller noir de ficção científica com um emaranhado de informações desencontradas que deixa o leitor ansioso para saber qual vai ser a nova descoberta de Kovacs e o que ela tem a ver com o caso principal ao qual ele foi contratado.

Algo que achei intrigante foi o fato de alguém do exterior vir para a Terra. Geralmente, acontece de alguém sair da Terra e explorar os novos mundos. Aqui acontece justamente o contrário. A Terra que geralmente fica em segundo plano em relação a outros mundos ganha destaque nesse livro.

Richard Morgan tem uma escrita empolgante e difícil, mas nada que o leitor fã de ficção-científica não esteja acostumado ou não venha a gostar. Esse foi o livro de estreia do autor, que hoje já tem vários outros livros publicados. Torcendo para que a Bertrand Brasil traga mais livros dele para o Brasil. Ah! Carbono Alterado foi vencedor do Prêmio Philip K. Dick, um dos maiores prêmios de ficção-científica. Como não ler?

site: http://www.lagarota.com.br/2017/09/livro-carbono-alterado-richard-morgan.html
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livrosepixels 13/10/2017

Corpos Alterados, Mente alterada, menos a estupidez humana alterada
Uma coisa que me fascina muito em histórias de ficção científica é a criatividade com o que o futuro é imaginado. Carros voadores, robôs, colônias espaciais, ciborgues, entre outros. Coisas essas que talvez um dia sejam verdade. Agora, imaginar uma sociedade onde é possível viver “eternamente”, é sem dúvida muito interessante e até certo ponto, perturbador.

Carbono Alterado se passa no século XXV onde “não morrer” é possível. Apesar da ideia de baixar a mente de um corpo para outro não ser nova, a forma como Richard Morgan a abordou em seu livro foi bem convincente. Além de todas as implicações políticas que isso causou, houve também uma mudança radical no âmbito religioso.

“Você é um cara de sorte, Kovacs. Claro, a 148 anos-luz de casa, vestindo o corpo de outro homem num acordo de aluguel de seis semanas. Fretado até ali para fazer um serviço que a polícia local não queria tocar nem com um cassetete. Qualquer fracasso me botaria de volta no armazenamento. Eu me senti tão sortudo que quase comecei a cantar ao sair pela porta.”

A única religião citada no livro é o catolicismo. Acredito eu que tenha sido a única que sobreviveu à evolução tecnológica, já que, a ideia de poder mudar de corpo por meio de um download destruía o conceito de alma. Entretanto, o Vaticano é citado como um forte empecilho, mesmo no futuro, já que por lei da Igreja, uma pessoa que fora católica, ao morrer, não pode ter sua mente baixada para outro corpo. Para os católicos fervorosos, ditos como minoria, esse procedimento era uma afronta à Criação Divina e que devia ser combatido. Porém, em um mundo em que até a mente humana se torna moeda de troca, ficou difícil competir.

O universo criado para a trama é rico e detalhado, sendo que às vezes se torna até confuso, diante de tantos termos, tecnologias e aparatos novos. Porém, ao longo da narrativa as explicações vão sendo entregues e em pouco tempo, já estava me sentindo imerso nele. Trata-se de uma época onde a Terra é só mais um dos vários planetas colonizados pela galáxia. A comunicação é feita à velocidade da luz, e existe de tudo um pouco, desde carros voadores, androides e filmes holográficos, a boates e bares totalmente imersos em realidade virtual. Não há como negar que o mundo de Carbono Alterado é incrível. Entretanto, o mesmo não se pode dizer da sociedade, que aparentemente, estava tendo uma qualidade de vida cada vez pior.

“Os ricos fazem essas coisas. Eles tem o poder e não veem motivo para não usá-lo. Homens e mulheres são só mercadorias, como tudo mais. Armazene-os, frete-os, decante-os.”

Takeshi Kovacs não nasceu na Terra, mas em sua visão, não poderia ter estado em lugar pior. Oriundo do Mundo de Harlan, em algum lugar longínquo da galáxia, ele era um emissário da ONU, um tipo de patrulha policial especial. Após uma carreira bem sucedida e algumas lembranças ruins, ele se deixou levar ao mundo do tráfico. Cometia pequenos delitos e estava sempre fugindo, até que um dia foi pego. Quando volta a vida novamente, estava em um novo corpo e preso em um contrato abusivo. Sua missão, enquanto na Terra, era de investigar e esclarecer o suposto assassinato de um influente empresário. Se tentasse fugir ou não cumprisse sua parte no contrato, sua mente poderia ser apagada, o que significaria morte verdadeira. Uma tarefa não tão simples quanto ele imaginava, já que estava pra descobrir uma intrincada rede de conspiração.

Apesar de o personagem ser bem construído e conduzir a narrativa por um labirinto de conspirações, disputa política e desejos físicos, não consegui criar muita empatia com ele. Ele é, em sua maior parte, frio e calculista demais; em outras, o piadista, ainda que suas piadas sejam em momentos errados. Mas o aspecto que mais me incomodou é que, de uma hora para outra, o personagem encontra todas as respostas e sai resolvendo os problemas. Me senti perdido em vários momentos. Em algumas, até tive de reler a página para ver se havia deixado algo passar.

Também achei desnecessário as frequentes cenas de uso de drogas e de sexo, que na prática não agregaram nenhum detalhe importante. Entendo que em livros cyberpunk essas características são mais evidentes, mas não havia razão de a narrativa ser interrompida constantemente para mostrar os momentos de “prazer” do personagem. Se fosse uma ou duas vezes, tudo bem, mas são várias vezes. Às vezes parecia um livro erótico, dada as descrições detalhistas das cenas.

“A vida humana não tem valor. Você ainda não aprendeu isso, Takeshi, depois de tudo que já viu? Ela não tem valor intrínseco nenhum. Maquinas custam dinheiro para construir. Matérias-primas custam dinheiro para extrair. Mas gente? -Ela fez um barulhinho de cuspe.- Sempre dá pra arranjar mais gente. Pessoas se reproduzem como células cancerosas,quer você as queira ou não. São abundantes, Takeshi. Por que deveriam ser valiosas?”

Mesmo tendo esses pequenos problemas, as questões políticas envolvidas também são bem interessantes e ajudam a manter as constantes aventuras de Kovacs suportáveis.

Eu estava bem empolgado para ler esse livro, já que a Netflix está produzindo um seriado baseado nele. Ainda não foi divulgada a data de estreia ou mesmo um trailer, mas espero que seja uma boa adaptação. Apesar da minha frustração com o personagem, a trama é agradável e a representação visual dela na tela poderá, talvez, compensar o distanciamento que tive com o protagonista. Para quem gosta de thrillers policiais futuristas, Carbono Alterado pode ser uma boa escolha.

site: http://resenhandosonhos.com/carbono-alterado-richard-morgan/
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Acervo do Leitor 02/02/2018

Carbono Alterado de Richard Morgan | Resenha | Acervo do Leitor
O que o futuro nos reserva? Viagens interplanetárias? Colônias humanas espalhadas por toda galáxia? Drogas que promovem “invencibilidade”? Implantes cibernéticos? Quem sabe a imortalidade? Essa obra é um vislumbre de tudo que o tempo pode nos reservar, onde a inteligência é abundante mas o caráter é escasso. Um retrato perturbador do que está por vir. Se habilita para essa jornada?

“Kadmin tinha se libertado das percepções convencionais do físico. Numa era anterior, ele teria sido um xamã; aqui, os séculos de tecnologia o haviam transformado em algo mais. Um demônio eletrônico, um espírito maligno que habitava o carbono alterado e emergia apenas para possuir carne e semear o caos. ”

Estamos na Terra do século XXV. Séculos de avanço da ciência e tecnologia propiciaram o inimaginável: a imortalidade. Com a quantidade certa de dinheiro você pode ter seu “eu” armazenado em um banco de dados com a possibilidade de ser “baixado” (download) em qualquer “capa” (corpo) que você possa pagar. Agora, alem da prestação da casa e outras contas, existem a prestação das “capas”. Afinal quem não quer um clone seu ou um outro corpo, até mais jovem, bonito, saudável e quem sabe de outro sexo, de reserva caso aconteça algo inesperado com você? Se sua conta bancária for gorda o bastante, sua vida será longa. Nesse cenário existem os “Matusas” (de Matusalém da Bíblia que viveu mais de 900 anos), pessoas que já viveram séculos demais, que se acham acima do bem e do mal capazes de moldar a realidade a seu bel prazer. Visto por muitos como dinossauros que merecem a extinção, são alvos de inveja e constante ataques. E um desses “Matusas” é o magnata Laurens Bancroft, recém “encapado” a polícia afirma que ele se matou em sua última vida, ele duvida, mas não consegue provar o contrário… até trazer Takeshi Kovacs, um ex-emissário da ONU, da morte.

“A vida nas ruas tem certa mesmice. Em todos os mundos em que já estive, os mesmos padrões subjacentes se estabelecem, burburinho e ostentação, compra e venda, como se fossem uma essência destilada do comportamento humano vazando por baixo de qualquer que fosse a máquina política do alto. ”

Takeshi Kovacs está de volta. Ele é mais conhecido como o Lev Mamba, Lacerador ou Pica-Gelo. Depois de estar na “geladeira” cumprindo sentença por diversos crimes ele volta a ativa. Debaixo de um contrato que garante a vida dele por apenas 6 semanas, ele é obrigado a solucionar um crime já encerrado pela polícia: o suicídio, ou assassinato, do “Matusa” Bancroft. Vindo de um planeta bem diferente da Terra, o Mundo de Harlan, Kovacs terá que enfrentar fantasmas do passado, a polícia do presente, e assassinos do futuro, além de uma esposa sedutora e infiel e a igreja católica apenas para saciar a curiosidade de um ricaço, ou teria muito mais em jogo? Sexo, drogas, violência e uma dose de Blues pelos becos de Bay City completam a jornada misteriosa de um crime não solucionável.

“Ainda de joelhos, eu a vi morrer com claridade química (…) A cama se foi primeiro, irrompendo em erupções de plumas brancas de ganso e pano rasgado, e Sarah foi logo atrás, pega na tempestade enquanto se virava. Vi uma perna ser destroçada abaixo do joelho, depois os tiros atingiram o torso, arrancando punhados ensanguentados de carne do flanco pálido enquanto ela caía em meio à cortina de fogo. ”

SENTENÇA

Imagina um quadro com tantos elementos e cores que saltam aos olhos pela beleza mas confunde os sentidos devido a tanta informação. Richard Morgan (autor) nos apresenta sua visão de um futuro bem palpável e assustador. Mas insere tantas nuances e detalhes, por vezes desnecessários, que chega a confundir e cansar. Há também uma quebra de “ritmo” na história. Um começo alucinante, um meio morno, e um aquecimento bem para o final, o que não me deixou sentir exatamente a “pegada” do livro. Acrescente cenas de sexo explicitamente pesadas, ao meu ver desnecessárias, e constrangedoras. Um livro difícil de avaliar. Sem dúvida uma boa e rica obra, acredito que muitos vão amar, tinha tudo para dar certo, mas não “funcionou” bem comigo. Não consegui me envolver com personagem algum alem de achar que a trama se arrastou no final. Talvez eu devesse vestir outra “capa” para apreciar um pouco mais este livro, porem, enquanto isso ainda não é possível, esse meu “eu” achou essa obra com uma premissa bem instigante, mas com uma execução apenas mediana.

site: http://acervodoleitor.com.br/carbono-alterado-de-r-morgan-resenha/
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"Ana Paula" 25/10/2017

Quando eu vi que a Bertrand lançaria esse livro, fiquei doida. Sou apaixonada por ficção científica e distopia, então imagina o que esse livro fez comigo - sim, me deixou doidinha do começo ao fim.
Apesar de suas 490 páginas, garanto que o leitor o lerá bem rápido, pois a narrativa é sucinta e o enredo atraente.

“A vida humana não tem valor. Você ainda não aprendeu isso, Takeshi, depois de tudo que já viu? Ela não tem valor intrínseco nenhum. Maquinas custam dinheiro para construir. Matérias-primas custam dinheiro para extrair. Mas gente? -Ela fez um barulhinho de cuspe.- Sempre dá pra arranjar mais gente. Pessoas se reproduzem como células cancerosas, quer você as queira ou não. São abundantes, Takeshi. Por que deveriam ser valiosas?”

Como a sinopse já diz, vamos conhecer Kovacs, um ex-militar que é trazido de volta para solucionar o assassinato de um magnata em Bay City, a antiga São Francisco.
Sim, você não leu errado, Kovacs acabou de renascer. Nesse mundo, morrer é quase improvável, a pessoa pode se "guardar" e, se o corpo em que está parar de funcionar, pode ser "baixado" em outro.
Partindo dessa premissa, vamos acompanhar Kovacs em sua aventura e descobrir junto com ele, alguns dos mistérios que ronda essa tecnologia.

“A vida nas ruas tem certa mesmice. Em todos os mundos em que já estive, os mesmos padrões subjacentes se estabelecem, burburinho e ostentação, compra e venda, como se fossem uma essência destilada do comportamento humano vazando por baixo de qualquer que fosse a máquina política do alto.”

Para quem gosta de ficção científica, esse livro será um prato cheio. Mesmo com os jargões usados, a leitura fluiu e quando vi, já tinha finalizado a leitura. O autor soube abordar pontos estratégicos que não deixa o leitor se cansar da narrativa. Outro ponto muito interessante foi a mudança radial no âmbito religioso: a única religião citada é o catolicismo. Acredito que seja a única que sobreviveu a tecnologia pois, mudar de corpo através de download destruía o conceito de alma.

Outro ponto interessante é a ambientação: Kovacs vai para Bay City mas ele não nasceu na Terra. O autor não se prende a um planeta, ele viaja a Galaxia!
A trama toda tem tudo para ser um sucesso. Tem ação, suspense, sangue e sexo. O que pode não agradar alguns.
Mesmo com toda a trama girando a meu favor, não consegui me apegar a Kovacs. O vi mais como um personagem longínquo, um amigo de um amigo. O que achei triste, porque o contexto onde ele é inserido é muito bom, mas quando o personagem não ajuda, fica difícil! rsrsrsrsr

“Você é um cara de sorte, Kovacs. Claro, a 148 anos-luz de casa, vestindo o corpo de outro homem num acordo de aluguel de seis semanas. Fretado até ali para fazer um serviço que a polícia local não queria tocar nem com um cassetete. Qualquer fracasso me botaria de volta no armazenamento. Eu me senti tão sortudo que quase comecei a cantar ao sair pela porta.”

Do mais, só posso indicar. Carbono Alterado irá se tornar uma série na Netflix e se você tem receio em ler o livro, espere para assistir a série, se você gostar, não deixe de ler o livro que sempre trás mais detalhes!
A edição também está maravilhosa! Fazia tempo que eu não tinha um lançamento da Bertrand na minha estante e posso dizer que a qualidade de seus livros continua impecável: Boa diagramação, letras em tamanho confortável para leitura, sem erros de revisão aparentes. A capa também é perfeita e o título, condizente com a história.
Estou bem curiosa para conferir o próximo volume, espero que a editora não demore muito para lança-lo!

site: http://www.lendoeesmaltando.com/2017/10/resenha-carbono-alterado-trilogia.html
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Maria - Blog Pétalas de Liberdade 17/11/2017

Resenha para o blog Pétalas de Liberdade
"Respirei fundo e fui me olhar no espelho.
Essa era sempre a parte mais difícil. Venho fazendo isso a quase duas décadas, mas ainda me abalo ao olhar no espelho e ver um completo estranho me encarando." (página 19)

A história se passa no século XXV, quando outros planetas já foram colonizados e habitados. Criou-se uma forma de prolongar a vida: um cartucho era implantado no final da coluna, próximo ao cérebro, e registrava todas as memórias de uma pessoa, toda a sua consciência, e se algo acontecesse ao corpo dessa pessoa, ou ela simplesmente envelhecesse, ela poderia ser reencapada: ter esse cartucho transplantado para outro corpo e continuar vivendo. A menos que a pessoa fosse vítima de morte real, se seu cartucho fosse destruído. A pessoa poderia também, por exemplo, ter seu cartucho extraído do corpo e ficar em armazenamento, e ser reencapada apenas para determinadas ocasiões, num corpo que estivesse vazio, num clone (se fosse muito rica) ou numa capa (corpo) sintética, como para o casamento ou nascimento de algum parente ou para ser testemunha ou ser julgada por um crime.

"Ortega meteu a mão na sanguinolência que era o cadáver e puxou o cartucho com o indicador e o dedão. Não parecia nada demais; revestimentos resistente a impactos manchado de sangue e pouco maior que uma guimba de cigarro, com os filamentos dos microconectores emergindo rígidos de uma das pontas. Dava para entender por que os católicos poderiam não querer acreditar que aquele era o receptáculo da alma humana." (página 69)

Takeshi Kovacs era uma espécie de investigador em seu planeta, mas sua última missão não correu bem e ele acabou sendo armazenado. Tempos depois, ele foi reencapado para uma nova missão.

Laurens Bancroft era um homem muito rico, que já havia vivido séculos e séculos, graças aos clones que seu dinheiro permitia cultivar para abrigar seu cartucho. Porém, aparentemente, ele havia se suicidado. Mas Bancroft não aceitava a explicação dada pela polícia de que ele havia simplesmente destruído seu cartucho ao tentar se matar. Parecia algo sem sentido, já que, além de ter novas capas a disposição, ele também tinha um armazenamento remoto dos dados do seu cartucho, o que lhe permitiu voltar à vida depois, ainda que sem as memórias da noite do crime.

"Os sacos de clones estavam por toda parte, bolsas translúcidas e venosas no mesmo tom laranja das luzes, suspensas do teto por cabos e tubos de nutrientes. os clones que continham era vagamente discerníveis, amontoados fetais de braços e pernas, mas completamente crescidos. (...)
- A família inteira está aqui - murmurou Prescott junto ao meu ombro. - Marido e mulher, além de todos os 61 filhos." (página 87)

Bancroft contratou Kovacs para investigar o que realmente aconteceu. Se Kovacs tivesse sucesso na missão, receberia um excelente pagamento (não só financeiro). Mas essa não seria uma investigação simples, não só pelo fato de Kovacs ter um tempo definido e não muito longo para apresentar resultados ou por nunca ter pisado na Terra, tendo vindo de uma cultura um pouco diferente. Muitas informações não foram reveladas à Kovacs, o que lhe colocou em problemas com a polícia de Bay City (antiga São Francisco), da qual Ortega era líder e estaria no pé dele, além de, aparentemente, alguém estar querendo derreter o cartucho de Kovacs, já que ele foi atacado no seu primeiro dia na Terra. Será que nosso investigador conseguirá desvendar o caso Bancroft?

"- Quando se vive tanto tempo assim, começam a acontecer coisas com você. Você fica muito impressionado consigo mesmo. Acaba pensando que é Deus. De repente, as pessoinhas, com trinta, talvez quarenta anos, bem, elas não importam mais. Você já viu sociedades inteiras se erguerem e caírem e começa a se sentir como se estivesse fora de tudo, e nenhuma parte do mundo importa. E talvez, você comece a eliminar essas pessoas, como se colhesse margaridas, caso elas se tornem uma pedra em seu sapato." (páginas 74 e 75)

"Carbono Alterado" foi uma leitura que eu gostei muito. É uma trama complexa, onde temos que estar atentos à tudo. É um futuro diferente do que conhecemos hoje, com regras diferentes, mas ainda protagonizado por humanos com nós. Criatividade é uma coisa que o autor e a história tem de sobra!

São quase quinhentas páginas de um quebra-cabeças que me cativou. Kovacs tem um senso de humor muito particular, talvez pelo fato de ele estar pela primeira vez no planeta. Todo o tempo que passou em missões e investigações não tiraram o bom humo dele. Temos também IAs, inteligência artificial, e eu confesso que gostei muito da interação com o hotel onde o Kovacs se hospedou. Os demais personagens, a gente vai conhecendo aos poucos, demora até podermos confiar verdadeiramente em algum.

"-Você tem uma licença para fazer piadinhas, Kovacs?
- Desculpa. Esqueci em casa." (página 25)

Sobre a investigação, cheguei a duvidar que Kovacs fosse encontrar uma resposta satisfatória para Bancroft, em meio a tantas interferências que o trabalho dele sofreu. Mas os sinais estavam todos ali, espalhados pelos capítulos. É possível perceber que aquela sociedade do século XXV ainda conservava alguns dos mesmos problemas dos dias de hoje, a mesma maldade, a mesma hipocrisia, a mesma falta de amor e de respeito ao próximo.

"No mundo de Harlan, a maioria das pessoas pode arcar com os custos de reencapamento pelo menos uma vez, mas a questão era que, a não ser que você fosse muito rico, você teria que viver cada vida do começo ao fim, e a velhice é muito cansativa, mesmo com tratamentos antissenilidade. A segunda vez era ainda pior, porque você já sabia o que esperar. Pouca gente tinha energia para passar por isso mais que duas vezes. A maioria entrava em armazenamento voluntários depois disso, com reencapamentos temporários ocasionais para tratar de questões de família, e, é claro, mesmo esses reencapamentos iam ficando mais raros conforme o tempo passava e as novas gerações surgiam sem os velhos laços." (página 75)

"Carbono Alterado" é uma livro que ganhou cinco estrelinhas e que eu recomendo, um thriller de ficção científica que despertará inúmeras reações no leitor. A personalidade de Kovacs trará risos. O cenário futurístico cativará. A ideia de ser reencapado perturbará quando entendermos todas as suas implicações. Algumas cenas de violência causaram choque e revolta (para quem já leu, aquela cena do cachorro no penúltimo capítulo é repugnante, né?!). A investigação desafiará o seu raciocínio. A Netflix vai lançar um seriado baseado no livro em 2018, estou bem curiosa para ver os personagens do livro ganhando vida na tela. De todo esse cenário futurístico, só fiquei com uma dúvida: se uma mulher, num corpo que não é dela, engravida, ou se um homem, encapado em outro corpo, engravida uma mulher, a criança que nascer será filha de quem: do corpo ou da mente que estava naquele corpo?

"- Meu Deus - gemeu, enquanto eu apontava a pistola para a cara dele. - Meu Deus, eu só trabalho aqui.
- Isso já serve - respondi.
(...) Em meu trajeto pelos corredores gritantes da clínica, matei cada pessoa que encontrei, derretendo seus cartuchos por completo."

A edição da Bertrand tem uma capa que eu gostei, com uma textura diferente na lombada e no título. As páginas são amareladas e a diagramação é simples, com letras, margens e espaçamento de bom tamanho.

site: https://petalasdeliberdade.blogspot.com.br/2017/10/resenha-livro-carbono-alterado-richard.html
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Lili No Mundo dos Livros 19/11/2017

Confuso, mas interessante
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?Insira aqui o meme do John Travolta?Foi exatamente assim que me senti em vários momentos dessa leitura. Carbono Alterado é uma Ficção Científica que conta a história de Kovac, um Emissário, contratado para descobrir o motivo da morte de Bancroft.
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Conforme vamos conhecendo Kovacs e acompanhamos seus passos na investigação descobrimos todo um mundo novo criado pelo autor. Aqui, o subjetivo das pessoas (sua alma?) está ligado a mecanismos tecnológicos que podem ser mudados de uma capa para outra, ou seja, de um corpo para outro. Morrer já não é uma grande ameaça como um dia foi, se você pode sobreviver dentro de um cartucho implantado.
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Gente, que livro doido!!! A história traz elementos e termos que nunca tinha visto na vida. Precisei reler várias vezes algumas coisas, porque não conseguia entender o que tinha acontecido. Isso deixou a leitura um pouco cansativa, mas mesmo assim o livro me prendeu.
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Passei quase toda a leitura fazendo suposições do que tinha acontecido com Bancroft, suspeitando até da sombra. O desenvolvimento dessa investigação foi muito bom, foi o que me conquistou em toda essa história difícil de ler. O final não decepcionou, o autor construiu bem as pistas ao longo do livro, de forma que tudo fizesse sentido no final.
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Eu gostei de Carbono Alterado, porque livros diferentes sempre me atraem. A narrativa tem de tudo um pouco, tiro porrada e bomba, cenas calientes, suspense e investigação. Se não fosse uma leitura tão pesada teria recebido 4?. Só quero ver como essa história ficará na telinha em 2018.
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Bia 19/01/2018

Muita oportunidade, pouco desenvolvimento
Comecei Carbono Alterado por um misto de "meta literária que pedia sci-fi em Janeiro" e a série da Netflix que está por vir. Não me decepcionei - mas também não saí apaixonada pela história e tampouco seria uma das primeira indicações para amigos.

A obra sofre, por falta de um termo melhor, do mal do Autor Homem que desperdiça muitas chances de expandir a coisa toda e o universo cheio de potencial para ficar dando voltas em alegorias sexuais que se tornam repetitivas meio rápido e parecem mais um reflexo das próprias fantasias de quem escreveu do que um fator necessário para o plot - algo perceptível quando se considera que são quase 500 páginas e os acontecimentos relevantes não chegam nem perto disso.
Os personagens são bons, mas sub desenvolvidos ao longo da trama o que torna suas ações um tanto previsíveis - o ritmo é ótimo e frenético, perfeito para a ação e os diálogos são o forte da narrativa.

Não é um livro para quem gosta de tramas focadas em personagens e seu desenvolvimento, mas como investigação cheia de adrenalina cumpre perfeitamente o papel.
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Amanda 20/01/2018

Como seria viver para sempre?
Carbono Alterado foi o meu primeiro contato com o subgênero cyberpunk e comecei a leitura de forma receosa e levemente intimidada pelas 490 páginas, afinal não estava acostumada ao estilo de leitura. Fui jogada dentro da história de Takeshi Kovacs (Kovacs fazendo som de "ch" no final, não de "k") já com ação, tiros e explosões desde o prólogo e segui seu reencapamento na Terra com a apreensão de uma iniciante que não estava entendendo absolutamente nada.

Digo isso porque acredito que esse sentimento de confusão e angústia de passar página após página e voltar, ler de novo e continuar meio em dúvida se realmente entendeu, não é exclusividade minha. De cara já somos apresentados a vários termos confusos criados pelo autor e temos que assimilar um grande conteúdo de informações e questionamentos que nos perturbam e isso deixa a leitura muito arrastada e frustrante, especialmente para quem não está acostumado.

Porém, entre capas e cartuchos corticais, drogas sintéticas que simulam a sensação de morte e a possibilidade de vida eterna (se você puder pagar por isso, é claro), vamos nos emaranhando numa trama cheia de conspiração tecida com maestria pelo Richard Morgan. Não se preocupe com os nomes esquisitos e informações difíceis de memorizar, o essencial ainda é a natureza humana. A natureza humana completamente degenerada, doente, sádica, corrupta, insensível, gananciosa que sempre existiu. Os corpos são diferentes, o ambiente é diferente, tudo é mais evoluído, mas a mente humana continua sendo a mesma de sempre, seja no século XXI ou XXV.

Richard Morgan criou uma crítica social deflagrada pelas inúmeras possibilidades e facilidades que a tecnologia de séculos de avanço permitiram em formato de thriller noir em que acompanhamos o rumo das investigações de Kovacs em um trabalho mercenário para investigar um crime, então basicamente o formato é policial, seguindo fiapos de pistas aqui e ali, mas tudo regado a grandes doses de violência explícita, muita ação, drogas e sexo.

Toda essa ação ajuda demais a narrativa porque as cenas são ótimas, bem construídas e eletrizantes e são nesses momentos que a leitura deslancha, mas a investigação em si não desaponta e o autor sabe explorar muito bem vários detalhes para criar um clímax e desfecho inteligentes.

O personagem também é ótimo, adorei o jeito arrogante e sacana do Kovacs, mesmo que no começo minha primeira impressão tenha sido de que eu o detestaria justamente por essas características. A tenente Ortega também é uma ótima personagem, uma mulher forte condizente com sua posição e muito bem trabalhada pelo autor. No geral foi uma leitura que não só me surpreendeu, mas também abriu as portas de um gênero a ser descoberto por mim.

"Tome o que lhe for oferecido. E isso às vezes tem que bastar."
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Edson.Junior 24/01/2018

Altos e baixos. Vale a leitura
"Num futuro... A humanidade já desbravou os mares das galáxias e estrelas, e se estabeleceu, em planetas diferentes de seu planeta natal, já ouve guerras e dissolução até, destes mesmos planetas, e os mesmos antes colônias dos próprios terráqueos, tiveram suas independências dos terráqueos, um desses planetas era o Mundo de Harlam.
A morte, agora, nada mais é que um contratempo. Uma falha no programa. Takeshi Kovacs, um emissário da ONU, que nunca havia posto os pés na Terra, já morreu antes.
Agora em Bay city, a antiga São Francisco, Kovacs é trazido de volta à vida para solucionar o assassinato de um magnata. Numa conspiração perversa até para os padrões se uma sociedade que trata a existência humana como um produto a ser comercializado."

Finalmente acabei!😱
E já falo... Li muito por conta da série que está por vir, e da sinopse. Esse livro pra mim enquanto lia, era um misto de sentimentos, partes alucinantes, frenéticas, um tópico jogo de gato e rato, que não tem como parar de ler. Outras partes maçantes, arrastadas, e confusas. Mas uma coisa que é louvável e impressionante é: o mundo criado, com suas características e elementos é rico em demasia. Muito facilmente pode se criar outras estórias, outras tramas com os elementos deste mundo. Sua riqueza é tão grande que mesmo os personagens sendo em sua maioria interessantes, o que cativa mesmo é o mundo. Não é a toa que será adaptado, e mais ainda, as possibilidades são inúmeras.
O que atrapalha mesmo são as quebras de narrativa em flash backs que não são esclarecidos em definitivo, em descrições exageradas, e "barrigas" na estória que são claramente percebidas.

Mas no frigir do ovos, mesmo com os problemas da obra, suas qualidades superam seus defeitos, e faz valer leitura, deixando o leitor pensando, nas possibilidades de se viver num mundo com nuances e camadas tão profundas causadas por sua realidade crua e muitas vezes visceral
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Mauricio (Vespeiro) 27/01/2018

Criativo, excêntrico e com uma escrita impecável.
Só fui descobrir “Carbono Alterado”, de Richard Morgan, através da chamada para a nova série da Netflix (que estreou no dia 02/02/18). A ideia é genial. Restava descobrir se a história se sustentava. E foi uma grata surpresa. Morgan é um grande escritor e nos apresenta uma ficção científica maiúscula, visionária, deliciosamente detalhada. Fiquei extasiado com a qualidade do texto, trazendo uma aula do uso de metáforas, sinestesias e personificações. O livro de 2002 é o único do autor publicado no Brasil e, obviamente, só chegou até nós na onda do lançamento da nova série.

A história se passa no século XXV, quando morrer deixou de ser um problema. Especialmente para quem tem dinheiro. Cada pessoa carrega suas memórias (e a própria consciência - ou a “alma”, se preferir) num minúsculo dispositivo alojado na nuca, próximo à coluna cervical. Quando o corpo padece, esse cartucho de carbono é retirado e reimplantado num novo corpo (ou “capa”, como passou a ser chamado). As pessoas pagam seguros a grandes corporações e podem perpetuar suas vidas em outras capas. Dependendo do poder econômico, a nova capa pode ser sintética (a mais barata) ou até um clone (ou mais de um) da sua própria capa original, opcionalmente turbinada com neuroquímica, acrescentando-lhe capacidades físicas e intelectuais. Em alguns casos, se a pessoa não tiver condições de comprar uma capa nova, os familiares podem deixar o dispositivo armazenado e recuperá-lo em algumas ocasiões (alugando uma capa provisória). Existe também a hipótese de uma vida virtual, criada em mundos digitalizados. Os milionários, além de terem seus clones reservados, podem fazer o armazenamento da memória na “nuvem” (usando um termo atual). Desta forma, mesmo que o cartucho seja destruído (o que chamam de MR - morte real), há um backup remoto que pode ser recuperado e reimplantado em outra capa. É a conquista da imortalidade!

Laurens Bancroft é um desses milionários. Aliás, é o homem mais rico do Protetorado, conjunto de planetas colonizados pelo ser humano. Ele é assassinado com um tiro que destrói o cartucho e, como o backup da memória é feito em intervalos, resta o mistério da autoria do crime. A transmissão dos dados para a central leva algum tempo e suas últimas horas de vida não foram registradas antes do último backup. Depois que o reimplante é feito, a investigação da polícia aponta para suicídio e o caso é encerrado. O resultado é inadmissível para Bancroft, que decide contratar um ex-Emissário (espécie de super-soldado) da ONU, Takeshi Kovacs, para descobrir a verdade. Desta forma, Kovacs ingressa num obscuro e tortuoso caminho de conspirações, avançada tecnologia, mentiras, violência, drogas, sexo e traição.

Richard Morgan é hábil com a escrita. Um craque que não tem medo de criar uma infinidade de neologismos - apresentados sem aviso prévio, nenhuma explicação, legenda ou nota de rodapé - para descrever a vida daquela época. Contamos com a tradução feita por Edmo Suassuna para adaptar palavras e termos que não existem no inglês para o nosso português. Um desafio que apresentou muitas falhas (palavras traduzidas de formas diferentes no transcorrer da história), mas que não comprometeram o entendimento. A Bertrand Brasil não costuma ter cuidado editorial, seja na tradução, revisão e até na qualidade de impressão. A edição piora nos capítulos finais, denotando pressa e atropelo na publicação.

É um livro que exige muita atenção durante a leitura. Além dos neologismos inadvertidos, são muitos personagens, funções e cenários. Quem tiver paciência para ler e fazer anotações (quem sabe até fazendo um diagrama) terá menos chance de se perder. O autor deixa algumas lacunas sem pistas que obrigam o leitor a deduzir algumas pontes da trama. Ele também antecipa situações que só serão explicadas bem mais tarde. Portanto, uma leitura atenta faz-se necessária.

Há quem compare a obra de Morgan com “Blade Runner”, pela característica distópica e reflexões filosóficas, pelo agente marginal contratado para uma investigação particular, marginais nas ruas, corrupção da polícia, presença maciça de orientais, mas não passa disso. Philip K. Dick escreveu um clássico com camadas profundas de filosofia, inspirou um cult movie que deu origem a longas teorias. “Carbono Alterado” não apresenta tamanha profundidade, mas é uma história bem resolvida e escrita de forma magistral.

Nota do livro: 7,25 (4 estrelas).
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