Carbono Alterado

Carbono Alterado Richard K. Morgan




Resenhas - Carbono Alterado


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Margarete 15/05/2018

Premissa boa, péssima execução
A premissa do livro é ótima e o escritor não é ruim de todo. Mas a misoginia e a insistência no excesso de testosterona (no mal sentido) tornam o livro chato, repetitivo e ofensivo. Não pretendo ler a continuação e nem sei se vou doar para a biblioteca o meu exemplar porque acho que não é uma leitura relevante para, de repente, um jovem em formação. A série é melhor.
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Ruh Dias (Perplexidade e Silêncio) 24/04/2018

Já li
Richard Morgan, escritor britânico de ficção-científica, é conhecido por ambientar suas obras em um ambiente de extropia, ou seja, uma sociedade onde o ser humano foi evoluído e modificado tecnologicamente de forma que se desenvolva além das expectativas das gerações anteriores. Por isso, espere encontrar o subtipo de ficção-científica cyberpunk não só nesta obra, como em Richard Morgan como um todo.

O primeiro volume da trilogia Carbono Alterado foi publicado em 2002. Além dos elementos cyberpunk, o enredo também mistura o estilo policial hardboiled, que aparece quando os policiais e/ou detetives tem uma atitude cínica, fria e racional diante de violência. Este clima pesado permeia todo o livro e é um prato cheio para quem gosta destas referências.


A premissa deste livro (e da trilogia) é um futuro pós-apocalíptico no qual duas evoluções tecnológicas principais acontecem: 1) os planetas próximos à Terra foram conquistados e colonizados pelos seres humanos, ampliando as dimensões do Sistema Solar e permitindo o trânsito, o comércio e as leis entre vários planetas. O protagonista da estória, Takeshi Kovacs, é do planeta chamado Mundo de Harlan, que foi anteriormente descoberto e colonizado por japoneses e eslavos. 2) O ser humano tornou-se imortal (ou quase). A alma das pessoas é arquivada em cartuchos e estes cartuchos fazem backups diários de todas as memórias, pensamentos e sentimentos daquela pessoa. Quando o corpo da pessoa morre, o cartucho é reinstalado em um novo corpo, e ela continua sua vida de onde o backup parou. A pessoa só morre definitivamente se o seu cartucho é destruído ou se ela é neocatólica, pois a religião não permite que a pessoa seja ressuscitada, tendo o seu cartucho incinerado.

Esta ideia do cartucho resulta em desdobramentos interessantes. Por exemplo, uma família pode colocar o cartucho de um avô falecido em algum corpo para que este avô passe o Natal com eles. Quando alguém comete um crime, a pessoa fica submersa em uma piscina com algo semelhante ao líquido amniótico esperando a sentença terminar para recuperar seu cartucho. Os ricos podem fazer diversos clones de seu corpo e colocar o cartucho neles, de forma que criam a ilusão de que são imortais (e ficam conhecidos como Matusas, as pessoas mais poderosas de todos os planetas). As pessoas das outras classes sociais hipotecam corpos, financiam, fazem empréstimo, e assim por diante, pois não podem garantir que terão um novo corpo parecido com o anterior.

Outro desdobramento criativo da obra é a ideia de que, quando uma pessoa fica louca, o que acontece é que seu cartucho sofre problemas de programação. Para a pessoa se curar, ela fica "hospedada" em apartamentos virtuais, fazendo terapia com Inteligências Artificiais, até que seu cartucho esteja OK de novo.

Agora que estamos contextualizados, vamos falar da estória deste livro. Kovacs ficou preso por 200 anos por crimes que cometeu contra o Protetorado (o governo) quando era um Emissário em Mundo de Harlan. De forma resumida, os Emissários eram forças militares especiais que tinham como objetivo derrubar o governo. Faltando 50 anos para acabar sua sentença, o Matusa Laurens Bancroft utiliza seu poder para tirá-lo do tanque e contrata Kovacs para investigar seu suicídio. Bancroft atirou na própria cabeça, deixando o cartucho ileso, antes de um backup e, por isso, não se lembra porque cometeu este ato e desconfia que alguém o assassinou. A polícia da cidade de Bay City já encerrou o caso com a hipótese de suicídio, mas Bancroft não acredita nesta versão.

É aí que entra a parte de detetive da estória. Kovacs começa a investigar quem seriam as pessoas que poderiam ter matado Bancroft ou provocado seu suposto suicídio e, com isso, começa a encontrar bandidos, prostitutas e profissionais que trabalham para Bancroft. Ele também se relaciona com a tenente Ortega, responsável por investigar o crime e ex-parceira e ex-namorada do corpo que Takeshi veste no momento, de Ryler. Ryler era policial e Ortega pagava a hipoteca de seu corpo, para que ela pudesse devolver-lhe o cartucho quando sua sentença terminasse (Ryler foi preso por não seguir as regras da polícia). Porém, Bancroft comprou o corpo de Ryler, enfurecendo ainda mais Ortega.

O único ponto que impediu que este livro fosse uma Sugestão de Leitura aqui no blog foi o meio truncado. Morgan parece ter se perdido ao escrever sobre a investigação do suicídio de Bancroft e, lá pela metade do livro, havia personagens e subplots demais para serem administradas. A trama foi ficando confusa e extensa, sendo retomada no final de uma forma mais afobada e confusa. Mas, mesmo isso não tira o mérito da obra, que é excelente. Morgan foi muito criativo em suas concepções de ficção-científica e soube tratar os elementos de cyberpunk com congruência e simplicidade.

Recomendo o livro e também a série. Vale a pena!

site: http://perplexidadesilencio.blogspot.com.br/2018/04/ja-li-66-trilogia-carbono-alterado-vol.html
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Tamy.Queiroz 21/03/2018

"Se você quiser justiça, terá que fazer isso com as próprias mãos. Leve para o lado pessoal. Cause o máximo de estrago que puder. deixe sua mensagem bem clara. Assim será bem mais provável que levem você a sério. De que considerem você uma pessoa perigosa."
Quellcrist Falconer, p. 176


Depois de levar mais tempo do que o esperado pra ler Carbono Alterado e sabendo que a Netflix está produzindo uma adaptação em 10 episódios que vai estrear ano que vem, eu só consigo pensar uma coisa: boa sorte.
O livro é narrado em primeira pessoa por Takeshi Kovacs, um ex-Emissário (que aqui equivale a um soldado de elite treinado para ser impiedoso), recém libertado de sua pena para investigar a morte de um executivo. Neste cenário (que foi descrito como noir mas que também pode ser chamado de cyberpunk ou distópico), as pessoas podem ter sua mente baixada para um cartucho que pode ser transferido para outro corpo. Crimes são punidos com armazenamento digital e os corpos dos criminosos, chamados de "capas", podem ser comprados e usados por outras pessoas enquanto eles cumprem suas penas.
Laurens Bancroft foi encontrado "morto" com um tiro na cabeça. Baixado para um novo corpo, ele recusa a ideia de suicídio, para desgosto da polícia local, e contrata Kovacs para descobrir o que realmente aconteceu. Essa investigação vai arrastar Kovacs numa espiral de violência, prostituição, crimes e intrigas muito mais extrema do que ele imaginava.
O protagonista do livro tem tanto carisma quanto o ator escolhido para interpretá-lo na série: nenhum. Takeshi é um sociopata altamente funcional, uma máquina de matar jogada num corpo que ele vai descobrir que não foi escolhido por acaso. No meio do caminho ele vai interagir com personagens tão ou menos carismáticos que ele, como é o caso da Miriam Bancroft. Meu deus, que mulher chata! Uma esposa troféu cruel e dissimulada que tem um relacionamento pouco saudável como marido. Além dela, temos Kristin Ortega, que começa como a policial mais mal humorada já escrita e evolui para uma versão menos mal humorada, Kadmin, o assassino mercenário treteiro, Reileen Kawahara, que sabe mais do que admite e que eu não me conformo que não vai ser interpretada pela Jessica Henwick, e o fantasma de Jimmy DeSoto, que tem o dom de aparecer quando o protagonista está mentalmente debilitado.
Na maior parte do tempo, o livro só faz sentido nas cenas de sexo, que são bem interessantes. Depois delas, graças a Zeus, o protagonista consegue se manter dentro das próprias calças (sério, são cinco menções ao próprio pênis em cento e vinte páginas!!). A segunda cena é mais bem elaborada e a conexão emocional entre os personagens é mais bem explorada.
Eu quase larguei o livro na página 159. Tem uma cena de estupro/tortura sexual extremamente desnecessária que acabou com a minha vontade de ler o resto. Então, se você tiver algum gatilho com isso, recomendo pular umas cinco páginas. Além dessa cena grotesca e descabida, tem o fato de que o protagonista é japonês/eslavo e fica preso no corpo de um cara branco. Tem tecnologia de troca de corpo? Tem. O corpo novo, ou capa, é relevante pra história? É. Mas essa relevância é mínima e não justifica o whitewashing do personagem. Faltou um leitor amigo pra dizer que esses dois pontos são problemáticos e totalmente não ok.
O livro melhora um pouco lá pelas páginas 250-300, mas não muito. Continua confuso, com uma série de termos tecnológicos que nunca são explicados, e depois de trezentas páginas você começa a não lembrar do fulaninho que foi mencionado no capítulo dois, sumiu e reapareceu agora. A edição poderia ter sido mais cuidadosa: o livro tem uma série de erros de digitação e até erros de concordância verbal! Tudo isso poderia ter sido evitado com uma revisão eficiente.
A roteirista da série foi co-autora do roteiro de Ilha do Medo, o que me dá um pouco de esperança para a adaptação. Muita coisa vai ter que ser cortada e remendada e, pelo que consta no IMDB, personagens novos foram criados para série. Eu não confio no elenco escolhido porque parece que o único ator que não foi mal escalado vai interpretar um coadjuvante por dois episódios. É torcer pro roteiro ser só inspirado no livro e não baseado.




site: disponível em detudoumpouquinho.com
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Minha Velha Estante 15/02/2018

Resenha da Adriana Medeiros
“A vida nas ruas tem certa mesmice. Em todos os mundos em que já estive, os mesmos padrões subjacentes se estabelecem, burburinho e ostentação, compra e venda, como se fossem uma essência destilada do comportamento humano vazando por baixo de qualquer que fosse a máquina política do alto. ”

Imortalidade, quem não quer? Em Carbono Alterado é isso que nós temos, senhores! Estamos no século XXV e a nossa consciência pode ser inserida em outro corpo, caso esse nosso deixe de existir, se inserida em um cartucho. Louco, não?!?!?!?!

Mas, para isso, você precisa ter dinheiro (isso não munda nunca!). Afinal você precisa pagar para ter sua consciência armazenada em um banco de dados para que seja feito uma espécie de download para uma “capa” (corpo), que dependerá de quanto você pode pagar.

Vamos conhecer esse mudo através dos olhos de Takeshi, ex-emissário da ONU, que é despertado em um novo corpo para descobrir o culpado de um crime de assassinato. E, pasmem!!!, ele foi contratado pela própria vítima, o magnata Laurens Bancroft, um Matusa (alguém que já viveu muitos séculos) que sofreu uma tentativa de assassinato frustrada. A polícia afirma que é um caso de suicídio.

O livro é uma mistura de thriller policial, já que acompanhamos essa busca pelo criminoso e Takeshi se vê envolvido com grandes conspirações, com grandes discussões a respeito dessa nova situação do ser humano.

Continua no blog...

site: http://www.minhavelhaestante.com.br/2018/02/carbono-alterado-richard-k-morgan.html
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Watching Comedies 14/02/2018

De fritar o cérebro
Complicado e que frita neurônios. Melhor frase pra descrever esse primeiro volume de Carbono Alterado!
É uma leitura EXTREMAMENTE boa (sou suspeito pra falar pois curto muito o gênero), mas deve se ler com calma, jovenzinhos.
Senta aí deboas numa cama/cadeira confortável, respira fundo e curta. Logo tu tá querendo saber o que Takeshi Kovacs vai aprontar dessa vez.
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davidplmatias 08/02/2018

A nova cara do cyberpunk, o autor surpreende com uma narrativa densa e ao mesmo tempo de fácil leitura e entendimento. Num thriller policial noir scifi, ambientado num mundo futurista onde a tecnologia exagera a decadência dos valores humanos, algo que espelha bem nosso mundo. O livro cumpre bem o papel do scifi.

O autor é bastante visual em de cenas de ação e sexo, o que torna o livro um pouco mais pesado para alguns. Na minha opinião o torna mais maduro e emocionante.

Importante que seja lido com muita atenção devido ao número elevado de personagens e ambientações, inúmeras foram as vezes que tive de retomar o capítulo do início por estar perdido na narrativa, torna-se confuso as vezes.

Por este motivo não dou 5 estelas. No entanto, dos que já li, é o melhor do gênero na atualidade.
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Gisele.Varotti 21/01/2019

Uma relação de amor/ódio por esse livro. Por isso deixei sem classificação
Carbono Alterado é um caso complicado, então vamos por partes:
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? A ficção científica é primorosa, especialmente a parte da neuroquímica e das transferências de f.h.d.
? A ambientação cyberpunk é maravilhosa, chega quase a ser real.
? Os combates são tão insanos e frenéticos quanto o ritmo da narrativa.
? A investigação do Tak não é cansativa e me prendeu bastante.
? Tem tiro, porrada, bomba, sangue, tripas e os kct.
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A base da história é puramente sexo e drogas - particularmente, não gosto de narrativas carregadas de cenas detalhadas de sexo, mas consegui deixar isso de lado por esse livro, uma vez que estava valendo muito a pena. Mas sempre há um porém.
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No final, tudo se resume as aventuras e extravagâncias sexuais de Laurens Bancroft, e aqui a imaginação do autor corre solta e chega a ser desconfortável, principalmente em uma cena no final do livro e a explicação para o mistério ao redor do assassinato/suicídio de Bancroft.
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Eu quase abandonei a leitura á umas 30-40 páginas da conclusão. Achei extremamente repulsivo, desnecessário e revoltante, e realmente não entendi o porquê de o Richard Morgan precisar apelar desse jeito. O mundo scifi/cyberpunk que ele desenvolveu é maravilhoso e se daria muito bem sem essa parte, mas, enfim, ela está lá e me parece estar puramente para chocar mesmo. Completamente desnecessário.
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Por isso eu não sei o que fazer, o que pensar e nem o que sentir. Quero tanto dar somente uma estrela quanto dar as cinco. Uma pena minha experiência ter sido arruinada por uma extravagância tão fútil do autor em um ponto onde toda a história já havia se desenrolado.
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Que caralho de livro -.-
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Miguel Silva 03/02/2018

Mesmo um apaixonado por ficção científica ainda sim pude me surpreender positivamente com a leitura de 'Carbono Alterado', livro de Richard Morgan lançado no Brasil pela Bertrand, e adaptado como a nova série da Netflix 'Altered Carbon'.
A história porém começa meio arrastada com o excesso de informações descritas e um pouvo confusa, afinal é contado da perspectiva de Takeshi Kovacs que depois de séculos acorda em novo corpo e outro mundo do qual está acostumado, é normal se sentir confuso da perspectiva de alguém tão confuso quanto. Mas aos poucos com o fluir da história vamos entrando de cabeça e entendo esse mundo futurista onde a morte foi de certa forma enganada e é possível trocar de corpo, mas onde há ainda diversas desigualdades sociais nos fazendo refletir sobre nosso mundo atual.
Livro recomendado principalmente para fãs de ficção científica e principalmente para quem, assim como eu, ama Philip K. Dick, pois a influência aqui é bem notória. Vale a leitura.
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Fábbio @omeninoquele 03/02/2018

Leitura arrastada! mas quero ler o outro hahaha
“Os ricos fazem essas coisas. Eles tem o poder e não veem motivo para não usá-lo. Homens e mulheres são só mercadorias, como tudo mais. Armazene-os, frete-os, decante-os.”
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O que aconteceria se as pessoas não morressem mais? No século XXV isso é possível, graças a enormes avanços da tecnologia onde a consciência das pessoas é guardada num cartucho e usado num novo corpo quando o atual parar de funcionar. A morte passou a ser nada mais do que erros do sistema que no entanto agora são fáceis de resolver.

A humanidade também se expandiu e começou a abrigar toda a galáxia, mesmo ainda estando organizados por etnias, religião e classe, mas no entanto, os avanços tecnológicos é que definem as regras.

Conhecemos Takeshi Kovacs que é um ex Emissário da ONU no Mundo de Harlan que nunca pisou na terra e que morreu muitas vezes e em sua última morte por um serviço mal sucedido é trago de volta à vida para solucionar a morte de um magnata da rede de "capas" chamado Laurens Bancroft.

Mas a morte não é considerado um simples erro de sistema? Sim, mais a morte desse homem implicaria em revelar segredos sórdidos escondidos, um estopim para uma investigação. Ele poderia lembrar de quem o matou, mais quem quer que tenha feito isso pensou em todos os detalhes.

E agora em Bay City, a antiga São Francisco, Kovacs tem uma importante missão que é desvendar a morte de Bancroft, mas se deparará com um jogo de conspirações perversas até para os padrões de uma humanidade que comercializa a existência humana.

É um thriller de ficção científica que por ter uma narrativa lenta eu demorei mais na leitura. E por mais que eu tenha gostado da idéia de consciência num cartucho a possibilidade de trocar de corpo, todo o lance da comercialização e imaginado um cenário bacana todo futurista, com carros voando e coisas do tipo, tive muitos problemas de ambientação de leitura, de encontrar mesmo o que estava lendo. E por conta disso o livro não me prendeu como eu gostaria.
O personagem principal que mais se destaca, Kovacs, é característico por ser um típico machão daqueles que só ele é capaz de resolver tudo. O autor até tentou dar ao personagem um lado irônico, mais não funcionou. As cenas com ele só são apaziguadas no momento da ação, dignas de super produções cinematográficas, e isso me deixa muito curioso pois esse livro está sendo adaptado para uma série na Netflix.

Carbono Alterado possui uma trama complexa, onde a atenção é fundamental para que se entenda as coisas. A ideia de ser reencapado é insano e no entanto é genial quando se entende todas suas implicações. É um livro considerado um prato cheio para leitores acostumados com ficção científica e pra esses leitores talvez seja uma leitura mais prazerosa.

site: https://www.instagram.com/p/BetWn_Eh_KZ/?taken-by=omeninoquele
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Nath Correia @bibliotecadanath 02/02/2018

Carbono alterado l Richard Morgan l @bertrandbrasil l 487 páginas l 3,5’
“Tome o que lhe for oferecido, e isso às vezes tem que bastar.”

Imagine um mundo onde morrer não é mais uma realidade. Onde trocar de corpo é tão comum como trocar de roupa. Esse é o mundo onde vive Takeshi Kovacs, ex-Emissário da ONU, que, após sua última morte, vê sua consciência ser transferida para a Terra para solucionar o assassinato do magnata Laurens Bancroft – solução esta imposta pela própria vítima sem memória do crime. Ao começar suas investigações, Kovacs se verá inserido em uma teia de intrigas e mentiras que poderá por em risco toda a sua existência.

“Carbono alterado” é o primeiro livro de uma série cyberpunk ambientado no século XXV, onde a humanidade já ultrapassou os limites da Terra colonizando outros planetas. Com uma narrativa em primeira pessoa (através do olhar de Kovacs), o autor conduzirá o leitor por uma trama extremamente complexa e cheia de ação, onde cada mínimo detalhe deve ser memorizado pois fará toda a diferença no concluir da história. Os personagens são bem construídos e caracterizados, sendo interessante perceber que todos eles orbitam em torno da tênue linha do certo e do errado, do bem e do mal.

O ponto fraco da trama é a própria narrativa e a construção de mundo, onde há o uso exagerado de termos novos e de difícil entendimento e onde a nova realidade da humanidade é jogada para o leitor sem maiores explicações no início do livro, fazendo com a que narrativa seja arrastada. O ponto alto vem dos questionamentos que a história traz “Quanto vale a vida humana?” “Até que ponto o ser humano é definido por sua aparência?” “Nossa psique é quem nos define?”. Apesar dos defeitos apresentados, o autor soube misturar ficção científica e investigação na dose certa e soube amarrar todas as pontas soltas deixadas durante a história em um final eletrizante.

Instagram: @bibliotecadanath
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Acervo do Leitor 02/02/2018

Carbono Alterado de Richard Morgan | Resenha | Acervo do Leitor
O que o futuro nos reserva? Viagens interplanetárias? Colônias humanas espalhadas por toda galáxia? Drogas que promovem “invencibilidade”? Implantes cibernéticos? Quem sabe a imortalidade? Essa obra é um vislumbre de tudo que o tempo pode nos reservar, onde a inteligência é abundante mas o caráter é escasso. Um retrato perturbador do que está por vir. Se habilita para essa jornada?

“Kadmin tinha se libertado das percepções convencionais do físico. Numa era anterior, ele teria sido um xamã; aqui, os séculos de tecnologia o haviam transformado em algo mais. Um demônio eletrônico, um espírito maligno que habitava o carbono alterado e emergia apenas para possuir carne e semear o caos. ”

Estamos na Terra do século XXV. Séculos de avanço da ciência e tecnologia propiciaram o inimaginável: a imortalidade. Com a quantidade certa de dinheiro você pode ter seu “eu” armazenado em um banco de dados com a possibilidade de ser “baixado” (download) em qualquer “capa” (corpo) que você possa pagar. Agora, alem da prestação da casa e outras contas, existem a prestação das “capas”. Afinal quem não quer um clone seu ou um outro corpo, até mais jovem, bonito, saudável e quem sabe de outro sexo, de reserva caso aconteça algo inesperado com você? Se sua conta bancária for gorda o bastante, sua vida será longa. Nesse cenário existem os “Matusas” (de Matusalém da Bíblia que viveu mais de 900 anos), pessoas que já viveram séculos demais, que se acham acima do bem e do mal capazes de moldar a realidade a seu bel prazer. Visto por muitos como dinossauros que merecem a extinção, são alvos de inveja e constante ataques. E um desses “Matusas” é o magnata Laurens Bancroft, recém “encapado” a polícia afirma que ele se matou em sua última vida, ele duvida, mas não consegue provar o contrário… até trazer Takeshi Kovacs, um ex-emissário da ONU, da morte.

“A vida nas ruas tem certa mesmice. Em todos os mundos em que já estive, os mesmos padrões subjacentes se estabelecem, burburinho e ostentação, compra e venda, como se fossem uma essência destilada do comportamento humano vazando por baixo de qualquer que fosse a máquina política do alto. ”

Takeshi Kovacs está de volta. Ele é mais conhecido como o Lev Mamba, Lacerador ou Pica-Gelo. Depois de estar na “geladeira” cumprindo sentença por diversos crimes ele volta a ativa. Debaixo de um contrato que garante a vida dele por apenas 6 semanas, ele é obrigado a solucionar um crime já encerrado pela polícia: o suicídio, ou assassinato, do “Matusa” Bancroft. Vindo de um planeta bem diferente da Terra, o Mundo de Harlan, Kovacs terá que enfrentar fantasmas do passado, a polícia do presente, e assassinos do futuro, além de uma esposa sedutora e infiel e a igreja católica apenas para saciar a curiosidade de um ricaço, ou teria muito mais em jogo? Sexo, drogas, violência e uma dose de Blues pelos becos de Bay City completam a jornada misteriosa de um crime não solucionável.

“Ainda de joelhos, eu a vi morrer com claridade química (…) A cama se foi primeiro, irrompendo em erupções de plumas brancas de ganso e pano rasgado, e Sarah foi logo atrás, pega na tempestade enquanto se virava. Vi uma perna ser destroçada abaixo do joelho, depois os tiros atingiram o torso, arrancando punhados ensanguentados de carne do flanco pálido enquanto ela caía em meio à cortina de fogo. ”

SENTENÇA

Imagina um quadro com tantos elementos e cores que saltam aos olhos pela beleza mas confunde os sentidos devido a tanta informação. Richard Morgan (autor) nos apresenta sua visão de um futuro bem palpável e assustador. Mas insere tantas nuances e detalhes, por vezes desnecessários, que chega a confundir e cansar. Há também uma quebra de “ritmo” na história. Um começo alucinante, um meio morno, e um aquecimento bem para o final, o que não me deixou sentir exatamente a “pegada” do livro. Acrescente cenas de sexo explicitamente pesadas, ao meu ver desnecessárias, e constrangedoras. Um livro difícil de avaliar. Sem dúvida uma boa e rica obra, acredito que muitos vão amar, tinha tudo para dar certo, mas não “funcionou” bem comigo. Não consegui me envolver com personagem algum alem de achar que a trama se arrastou no final. Talvez eu devesse vestir outra “capa” para apreciar um pouco mais este livro, porem, enquanto isso ainda não é possível, esse meu “eu” achou essa obra com uma premissa bem instigante, mas com uma execução apenas mediana.

site: http://acervodoleitor.com.br/carbono-alterado-de-r-morgan-resenha/
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Gabe | @cafecomgabe 01/02/2018

Confuso
Infelizmente esse livro não funcionou pra mim. Nem vou me demorar nesta "resenha". O que tinha tudo para ser uma incrível história, teve (ao meu ver) uma má execução no desenvolvimento. O começo é extremamente instigante porém do meio para fim é uma tortura. O autor nos joga uma quantidade imensa e por vezes desnecessária de detalhes tornando a narrativa ainda mais cansativa. Enfim, me resta conferir a série da Netflix para ver se consigo entender melhor a proposta do livro.
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Lit.em Pauta 31/01/2018

Literatura em Pauta: seu primeiro portal para críticas e notícias literárias!

"Com temática cyberpunk, Carbono Alterado é uma ficção científica noir pouco preocupada com a filosofia por trás da tecnologia fantástica de seu universo, colocando o foco, em vez disso, em sua aplicabilidade prática. O romance, escrito por Richard Morgan, não está interessado em como seus personagens lidam com questões de memória e identidade, mas em como eles conseguem resistir à opressão de uma sociedade capitalista que não para de descobrir novas formas de abusar desses elementos.

O protagonista, Takeshi Kovacs, começa a narrativa sendo assassinado pela polícia. Quando acorda, sua consciência está instalada em outro corpo e sua liberdade encontra-se atrelada a uma única condição: resolver o assassinato do milionário Laurens Bancroft.

A narrativa transcorre 500 anos no futuro, quando a consciência de um indivíduo pode ser digitalizada por meio do armazenamento de suas memórias em um aparelho localizado em sua espinha dorsal. Como viagens interplanetárias ocorrem com o envio digital dessa consciência, que é então baixada e instalada em outro corpo no novo planeta, o treinamento militar passa a intensificar ainda mais o desenvolvimento de técnicas mentais em seus soldados de elite, uma vez que os corpos que utilizam costumam variar entre as batalhas. Kovacks é um desses supersoldados e sua condição precária especial – preso após ter sido morto por policiais – torna-o um ótimo candidato para ser manipulado por Bancroft.

O problema do milionário é simples. A polícia encontrou seu cadáver em sua própria casa, tendo levado um tiro na cabeça, e considerou o caso um suicídio. Salvo por um upload remoto antigo, visto que o aparelho que guardava suas memórias foi destruído com o disparo, Bancroft recusa-se a acreditar que tirou a própria vida e contrata um detetive particular para descobrir o que de fato aconteceu.

Kovacks, entretanto, mostra-se um homem difícil de controlar. Em uma primeira análise, ele funciona como um detetive noir clássico, com fala grossa, passado trágico e uma visão de mundo niilista. O personagem entende como as coisas funcionam e não vê esperança de melhora, acreditando que a desigualdade social e a exploração dos mais fracos por grandes corporações são constantes em qualquer planeta. Em determinado momento, Kovacks pensa em tudo o que poderia dizer para reconfortar certa pessoa, mas escolhe permanecer calado mesmo assim, acreditando que a dor dela continuaria inalterada não importa o que dissesse: o detetive não enxerga utilidade em em determinadas ações, por entender que nada mudará.

Dessa forma, o protagonista surpreende justamente por não conseguir manter essa passividade em determinadas situações, ficando eventualmente farto das injustiças que vivencia. Sua investigação o leva ao submundo da cidade de Bancroft, passando por casas de prostituição, ringues de luta ilegal e clínicas de tortura digital. A tecnologia de preservação de consciência, que a princípio parece uma cura para a mortalidade, rapidamente revela-se uma maldição, abrindo portas para situações horríveis: alguém comprar seu corpo original e usá-lo como artigo de luxo ou como saco de pancadas pessoal não é nada comparado à possibilidade de sua consciência ser inserida em uma simulação de tortura num computador, que pode rodar o equivalente a um ano das mais variadas e violentas práticas em apenas algumas horas. Assim, cada ato de brutalidade ou de abuso que Kovacks presencia vai tornando-o cada vez mais revoltado internamente e, em seus derradeiros momentos de explosão, o detetive para de se importar com as consequências de seus atos e transforma-se num justiceiro sanguinário incontrolável."

Participe da discussão, lendo a crítica completa em:

site: http://literaturaempauta.com.br/Livro-detail/carbono-alterado-critica/
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Mauricio (Vespeiro) 27/01/2018

Criativo, excêntrico e com uma escrita impecável.
Só fui descobrir “Carbono Alterado”, de Richard Morgan, através da chamada para a nova série da Netflix (que estreou no dia 02/02/18). A ideia é genial. Restava descobrir se a história se sustentava. E foi uma grata surpresa. Morgan é um grande escritor e nos apresenta uma ficção científica maiúscula, visionária, deliciosamente detalhada. Fiquei extasiado com a qualidade do texto, trazendo uma aula do uso de metáforas, sinestesias e personificações. O livro de 2002 é o único do autor publicado no Brasil e, obviamente, só chegou até nós na onda do lançamento da nova série.

A história se passa no século XXV, quando morrer deixou de ser um problema. Especialmente para quem tem dinheiro. Cada pessoa carrega suas memórias (e a própria consciência - ou a “alma”, se preferir) num minúsculo dispositivo alojado na nuca, próximo à coluna cervical. Quando o corpo padece, esse cartucho de carbono é retirado e reimplantado num novo corpo (ou “capa”, como passou a ser chamado). As pessoas pagam seguros a grandes corporações e podem perpetuar suas vidas em outras capas. Dependendo do poder econômico, a nova capa pode ser sintética (a mais barata) ou até um clone (ou mais de um) da sua própria capa original, opcionalmente turbinada com neuroquímica, acrescentando-lhe capacidades físicas e intelectuais. Em alguns casos, se a pessoa não tiver condições de comprar uma capa nova, os familiares podem deixar o dispositivo armazenado e recuperá-lo em algumas ocasiões (alugando uma capa provisória). Existe também a hipótese de uma vida virtual, criada em mundos digitalizados. Os milionários, além de terem seus clones reservados, podem fazer o armazenamento da memória na “nuvem” (usando um termo atual). Desta forma, mesmo que o cartucho seja destruído (o que chamam de MR - morte real), há um backup remoto que pode ser recuperado e reimplantado em outra capa. É a conquista da imortalidade!

Laurens Bancroft é um desses milionários. Aliás, é o homem mais rico do Protetorado, conjunto de planetas colonizados pelo ser humano. Ele é assassinado com um tiro que destrói o cartucho e, como o backup da memória é feito em intervalos, resta o mistério da autoria do crime. A transmissão dos dados para a central leva algum tempo e suas últimas horas de vida não foram registradas antes do último backup. Depois que o reimplante é feito, a investigação da polícia aponta para suicídio e o caso é encerrado. O resultado é inadmissível para Bancroft, que decide contratar um ex-Emissário (espécie de super-soldado) da ONU, Takeshi Kovacs, para descobrir a verdade. Desta forma, Kovacs ingressa num obscuro e tortuoso caminho de conspirações, avançada tecnologia, mentiras, violência, drogas, sexo e traição.

Richard Morgan é hábil com a escrita. Um craque que não tem medo de criar uma infinidade de neologismos - apresentados sem aviso prévio, nenhuma explicação, legenda ou nota de rodapé - para descrever a vida daquela época. Contamos com a tradução feita por Edmo Suassuna para adaptar palavras e termos que não existem no inglês para o nosso português. Um desafio que apresentou muitas falhas (palavras traduzidas de formas diferentes no transcorrer da história), mas que não comprometeram o entendimento. A Bertrand Brasil não costuma ter cuidado editorial, seja na tradução, revisão e até na qualidade de impressão. A edição piora nos capítulos finais, denotando pressa e atropelo na publicação.

É um livro que exige muita atenção durante a leitura. Além dos neologismos inadvertidos, são muitos personagens, funções e cenários. Quem tiver paciência para ler e fazer anotações (quem sabe até fazendo um diagrama) terá menos chance de se perder. O autor deixa algumas lacunas sem pistas que obrigam o leitor a deduzir algumas pontes da trama. Ele também antecipa situações que só serão explicadas bem mais tarde. Portanto, uma leitura atenta faz-se necessária.

Há quem compare a obra de Morgan com “Blade Runner”, pela característica distópica e reflexões filosóficas, pelo agente marginal contratado para uma investigação particular, marginais nas ruas, corrupção da polícia, presença maciça de orientais, mas não passa disso. Philip K. Dick escreveu um clássico com camadas profundas de filosofia, inspirou um cult movie que deu origem a longas teorias. “Carbono Alterado” não apresenta tamanha profundidade, mas é uma história bem resolvida e escrita de forma magistral.

Nota do livro: 7,25 (4 estrelas).
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