A paixão segundo G.H.

A paixão segundo G.H. Clarice Lispector




Resenhas - A Paixão Segundo G.H.


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luiza 28/05/2024

A paixão segundo GH
Comecei esse livro tentando entender com a cabeça, só depois, me dei conta que assim não iria aproveitar essa leitura. Então comecei a ler sentimentalmente e só assim senti o poder dessa história.
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Geovane 27/05/2024

Perder-se é um achar-se perigoso
A paixão segundo G.H. é o segundo livro que leio da Clarice, e que grata surpresa foi viajar nessa história lisérgica sobre baratas(?) e socialites.

G.H é uma socialite de meia-idade que, após demitir a empregada, vai visitar o quartinho da mesma, em uma manhã de domingo. A partir disso, somos convidados a entrar no fluxo de pensamentos da personagem principal.

Que grande delírio!

Sim, pelo menos para mim, a história, a partir de então, parece se tratar de um delírio de morte da personagem principal, com pensamentos desconexos e acelerados, assim como são os pensamentos.

Em uma escrita carregada de simbologia e carga pessoal, Clarice, por meio de G.H, nos faz pensar sobre a falta de sentido da nossa (Gênero Humano?) existência.

''Sucumbirei à necessidade de forma que vem de meu pavor de ficar indelimitada”.

Ao se deparar com uma puta de uma baratona no quarto da empregada, a véia entra em parafuso. Mas não se trata simplesmente de um medo comum de barata (na verdade, nem se trata de uma barata) o que se passa com G.H é o pavor e atração que o desconhecido nos causa.

O chamado do vazio

O chamado do vazio é aquele desejo que muitos têm de pular de um lugar alto, ao olhar para baixo, ou de gritar em uma reunião e cometer um ultraje contra o chefe, ou até mesmo sair correndo pelados pela igreja (isso foi muito específico?)

Ao se defrontar com algo abjeto como a barata, G.H. se defronta com o chamado do vazio, confrontando o significado das normas sociais as quais sempre seguira, e tendo a apavorante certeza de que essas normas nada passam de coisas da nossa imaginação, como uma cortina que, quando aberta, revela um vazio tal qual o espaço, as baratas, os homens, os fetos e qualquer partícula subatômica.


“Eu estava sendo levada pelo demoníaco.

Pois o inexpressivo é diabólico. Se a pessoa não estiver comprometida com a esperança, vive o demoníaco. Se a pessoa tiver coragem de largar os sentimentos, descobre a ampla vida de um silêncio extremamente ocupado, o mesmo que existe na barata, o mesmo nos astros, o mesmo em sí próprio – o demoníaco é antes de tudo humano.”

Enfrentar a barata é enfrentar o apavorante vazio da existência. No começo do livro, ela nos diz que sempre pensara sobre esse grande momento diante do desconhecido, e que ela provavelmente seguraria uma “mão imaginária”, até chegar o momento em que ela teria que largar essa mão, atravessar o portal e “caminhar cega pelo deserto”.

“Estou tão assustada que só poderei aceitar que me perdi se imaginar que alguém me está dando a mão”.

Mas, dado o momento, G.H não se vê com outra escolha a não ser enfrentar, largar qualquer muleta. E essa experiência é para G.H algo como o sacramento da comunhão, uma comunhão com o desconhecido.

Comer a barata é um ato extremamente nojento para a maioria das pessoas. A repulsa de comer uma barata melequenta é a mesma repulsa que seres humanos têm ao pensar na morte. Sobre isso, G.H usa a figura de imagem de comer o inseto como uma comunhão entre o ser e o nada.

“Não o ato máximo, como antes eu pensara, mas o ato ínfimo que sempre me havia faltado”. Pois o “Eu” é “apenas um dos espasmos instantâneos do mundo. Minha vida não tem sentido apenas humano, é muito maior– é tão maior que, em relação ao humano, não tem sentido”.

O que apavora a todos, é representado por G.H ao comer a barata - em um primeiro momento, uma experiência escatológica, mas, após o desapego das pré-concepções sobre o desconhecido, uma experiência orgástica de comunhão com o universo e sua total falta de sentido.

Minha experiência ao ler A paixão segundo G.H passou bem longe de ser um passeio no parque. Para dizer a verdade, foi algo como cogitar comer uma barata: ainda rejeito a ideia com todas as minhas forças, mas ela está lá na frente me espreitando.
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biawql 26/05/2024

Me dê a sua mão...
Nao tenho o que comentar sobre os livros da Clarice Lispector, a sensação de vazio após a leitura sempre me pega KKKKKK
Esse livro fugiu MUITO das minhas expectativas, apesar de boiar em algumas partes, sinto que consegui me conectar com g.h e compreender a mensagem que ela quis passar.
Se pudesse, ficaria o dia inteiro conversando com g.h e divagando sobre a vida.
Que livro meus amigos, que livro!!
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Wamarisen 26/05/2024

O romance brasileiro, A paixão segundo G.H, narrado em primeira pessoa e escrito por Clarice Lispector durante a ditadura militar no Brasil em 1964 apresenta a personagem narradora G.H que desenvolve temáticas reflexivas com cunho psicanalista e filosófico ao entrar no quarto da ex-empregada e deparar com uma barata que se torna objeto de analogias. Escrito de forma fluída, coerente, criativa e recheado de metáforas tal como seus influenciadores da literatura russa, Clarice cria uma abordagem centrada na introspecção de G.H ao se alongar no íntimo da mente humana da mesma, explorando detalhes psicológicos e filosóficos pessoas que são conectados a momentos acontecidos no mundo fictício. Desta forma, os capítulos, longos, se iniciam com fatos fictícios mas sendo apenas plano de fundo para reflexões, ou seja, em si, ocorre poucas cenas e estas são usadas para abordar principalmente o sujeito vida e este, por sua vez, ao final da narrativa é substituído pela palavra paixão. É como um emaranhado de crises existenciais com referencias diversas, tantos temas que você as vezes de embola por não ter lido uma virgula certo.
Em suma, a obra é voltada à reflexão, tem pinceladas marcantes na distinção de viver e existir, dependência emocional, o pós da mesma, a morte psíquica -- sentimento de perder a si mesmo, reflexões sobre relacionamentos românticos, atitudes, medos e outros temas.
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pedromourr 25/05/2024

Paixão segundo Clarice

Este livro eu li a muito tempo, acabei perdendo minha conta antiga, então estou atualizando todos aos poucos, aqui vai uma resenha do que achei.
A Paixão Segundo GH é um livro que li "nas escuras". Comecei ele sem conhecer a história nem nada, e me surpreendi positivamente. Apesar de se rum livro um pouco complicado para mim e difícil de entender, foi uma leitura muito rápida e satisfatória!
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Lari 24/05/2024

Clarice me tira o ar, me faz refletir sobre coisas que nunca tinha pensado, de uma forma que eu nunca tinha pensado, é um privilégio ter nascido no mesmo país que essa mulher!
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Larinhalivros 24/05/2024

Te amo Clarice
Te Clarice, só me senti meio burra lendo e não entendi algumas palavras e afins, mas amo livro de mulher doida amo amo amo, só senti, não fiquei procurando muito um sentido literal. GH, vc é perturbada, mas queria sentar em uma mesa de bar com vc.
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malu 23/05/2024

Não acho que encontrei na Clarice minha escritora preferida. é mais do que isso. encontrei minha religião e não estou nem 1% brincando. sinto coisas sobrenaturais, metafísicas, intangíveis e inexplicáveis lendo o que essa mulher escreveu meio século atrás. ela é o meu deus
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laissa33 23/05/2024

Sinto-me incapaz de fazer uma resenha sobre qualquer livro da Clarice.
Mas, se tem uma coisa que me acontece com frequência quando início um livro da mesma, é o seguinte: medo e uma energia inexplicável.
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Bianca.Fernandez 22/05/2024

Que livro é esse?
Sinto que minha cabeça explodiu.
Talvez não tenha compreendido muito da mensagem que Clarice quis passar, mas nos mostra uma reflexão sobre a vida muito interessante e que faz todo o sentido, mas não é um livro do estilo que estou acostumada a ler, alguns momentos só pensei que G.H. era louca.
A hora que entrou no quarto da empregada e viu que o quarto estava limpo, mas não gostou de encontrar o quarto limpo...o que???? Sem contar outros momentos que prefiro nem recordar...
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Maria17641 21/05/2024

G.H.
Um livro bom e bem escrito, só não senti muita fluidez nele. Me senti envolvida no início e não senti isso depois.
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carlosmanoelt 21/05/2024

?Neutro artesanato de vida.?
?Estou tentando te dizer de como cheguei ao neutro e ao inexpressivo de mim. Não sei se estou entendendo o que falo, estou sentindo - e receio muito o sentir, pois sentir é apenas um dos estilos de ser. No entanto atravessarei o mormaço estupefato que se incha do nada, e terei que entender o neutro com o sentir.?

O que significaria G.H.? Manoel da Costa interpretou como ?gênero humano?, a busca por si dentro de si. Desse modo, ?A paixão segundo G.H.? poderia ser resumido como um livro sobre uma mulher que tem uma crise existencial após se deparar com uma barata, mas ele vai muito além disso. A barata, personagem secundária da trama, é usada por Clarice para dar início ao fluxo de consciência da personagem principal. É a partir deste acontecimento que G.H. começa a refletir sobre a sua existência, após demitir sua empregada doméstica, Janair, e ficar sozinha em sua cobertura.

Ao exercer o que parece ser uma tarefa simples e comum, e mais do que rotineira para qualquer um, a protagonista desencadeia uma série de reflexões, enquanto também se depara com a insignificância que a funcionária tinha para ela até o momento. Sem demais componentes atuando, a narrativa é uma imersão no seu próprio pensar, em que a solidão da atividade desempenhada leva a um diálogo com si própria. A estrutura textual evidencia o fluxo de pensamento, com capítulos que não possuem títulos ou marcações numéricas, mas se iniciam com a mesma sentença que encerrou o anterior, ilustrando sublimemente a constância da reflexão humana. Apesar de não trazer nenhum personagem dialogável, se precisássemos eleger uma espécie de antagonista em ?A paixão segundo G.H.?, com certeza, seria a barata. Ao arrumar o armário do quarto, a protagonista se depara com o inseto, e, no comum ato de esmagá-la, aprofunda-se ainda mais em uma viagem que transcende o tempo e o espaço de sua memória.

O clímax se dá de forma um tanto inesperada, quando, ao inseto expelir um líquido branco, a narradora decide engoli-lo, entrando em total estado de epifania. Ingerir um dos bichos mais asquerosos presentes na superfície terrestre causa uma autorevelação, em um ato perfeitamente simbólico. A mesma figura da barata também é subentendidamente retratada em ?A Metamorfose? (1915), de Franz Kafka, que aborda sobre a perda da dignidade humana e caminha de mãos dadas com o presente romance, tendo até seu título ressoado nas entrelinhas. ?É uma metamorfose em que eu perco tudo o que eu tinha, e o que eu tinha era eu ? só tenho o que eu sou?.

Clarice Lispector investiga com maestria o lado humano introspectivo. Faz isso através do contato de G.H. com a barata, mostrando as preocupações emocionais da personagem, que não se reconhece mais. Ao buscar dentro de si quem verdadeiramente é, entra em reflexões. O livro é principalmente sobre se sentir inquieto em sua própria pele. Sem um desfecho necessário para uma obra que percorre o mais íntimo do ser humano sem nem precisar sair das paredes de um apartamento, a protagonista não alcança uma devida conclusão. ?A paixão segundo G.H.? tem como ponto de chegada o mesmo de sua partida, com questionamentos sem resposta para essa personagem sem rosto e sem nome, na forma mais poética que alguém poderia pensar para retratar a essência daqueles de alma já formada. Ainda bem que tivemos uma Clarice Lispector para fazer isso, um passeio por nós mesmos.
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Lilian 21/05/2024

Nossa que livro! Intenso e devastador! É um livro que tem q ser lido depois de adulto, para conseguir entender algo kkkkk
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Vinicius.maris 20/05/2024

Dogmas da Barata
Faz uns 10 dias ou mais que eu li "Uma Paixão Segundo G.H." Confesso que ainda não superei esse livro. A Clarice deixou um vazio tão grande dentro de mim, fazendo eu questionar tudo que faço, sinto e acredito. É impressionante como ela utilizou uma barata para falar sobre coisas tão profundas, como fé, amor, morte e até mesmo sobre a própria forma de vida. A barata, para mim, é uma metáfora para várias coisas. Apesar daquele ser indiferente e exótico, G.H. pôde descobrir o mundo dentro do quarto da empregada. Descobriu seu império, sua bolha que estava a um passo de ser estourada. Uma bolha que mudaria sua vida, sua forma de ver o mundo, as pessoas e a si mesma. Não sabemos de nada, somos peões do mundo, somos escravos de nossas mentes e das coisas que acreditamos. Tudo é perspectiva, tudo é contexto. Somos e não somos, pois é assim que sobrevivemos na realidade e no mundo.

Clarice nos deixa em completo transe, do mesmo jeito que vemos um inseto como insignificante, eles nos enxergam com o mesmo julgamento. Eu não o conheço, ela não me conhece, somos completos desconhecidos. Somos fracos e imaturos, temos camadas, proteção, vida e razão para viver. Somos diferentes iguais, lutando para sobreviver, para viver e se realizar. Somos completos ignorantes tentando mostrar que sabemos o que estamos fazendo.

Apesar dos questionamentos constantes de G.H. e seus devaneios feitos pelo simples fato da existência da barata, ela percebeu que o diferente pode ser normal, o normal pode ser diferente, o feio é bonito e vice-versa. A perspectiva muda tudo, são nossos olhos. Podemos desfazer tudo que já foi feito. Somos livres para questionar, até porque só os que questionam estão salvos das mentiras. Tudo é questionável, tudo pode ter uma resposta, mas só os tolos buscam entender.

Um dos dogmas são o amor e a morte. São esses que nos motivam a viver. Fazemos de tudo para nos manter vivos porque queremos fugir do fim. Queremos fugir da forma natural da vida, que é a "morte". Somos seres humanos e seres humanos não gostam do fim. Somos motivados a continuar porque sabemos que vai ter um fim. No entanto, só continuamos porque tem amor. O amor é esse que faz a vida ser tolerável. É o amor que une o impossível. Amor e morte são razões que não têm finalidades. São o motivo da vida e da realidade porque eles não podem ser questionados. Mas ninguém pode dizer que conhece. Ninguém pode mudar sua forma de sentir o amor. É igual para todos, mas ele se manifesta de formas diferentes assim como a morte.

Todos iremos morrer, todos sentimos amor, mas nunca saberemos o que é amor e o que acontece quando morremos. São verdades ocultas, são intangíveis. Só podem ser sentidas, assim como "Uma Paixão Segundo G.H." Ou você sente ou você não sente.
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leo 20/05/2024

🤬 #$%!& ! para gh não há nada mais proeminente do que escapar-se de si, não como uma escolha, e não como um tédio esguio no cotidiano ou plano de fundo para um acontecimento sepulcral. é apenas a vida. é a inclinação existencial. é a barata. é deus. é o sabath. é o viver. a linha de ação da personagem é pontiaguda, é viril, é fugaz. clarice, brilhantemente, escreve um arco de sentimentos contraditórios, estranhos, dignos de nota para qualquer um. tece, como a grande costureira da colcha de retalho sentimentais que é, a realidade sob a ruína de gh que quedou-se humana, nada mais que humana. e é por isso mesmo que a obra consiste em, mais do que provocar consciência, jogar perguntas desestabilizadoras, vívidas do choque, da intersecção latente entre as sempre-oposições maniqueístas: “bom e mau, velho e novo, esperança e desespero, terror e alegria”. porventura, qual é o antagonismo que reside no outro lado do amor? é a confiança? é o medo de si? do outro? lispector é pioneira em esquadrinhar personagens na mais sã e vertiginosa loucura, aqui ela está desacompanhada de descrições lisas e espalmadas, e agarra a mesma profundidade que esconde as criaturas assombrosas de águas desconhecidas, e coabita o simples ato de refletir, de colocar-se em risco no caos, no ritual de repetição da vida em se perguntar: sobre o nojo da barata, sobre ciência, sobre caminhos, sobre deus. “Viver é só isto? (...) é exatamente isto, responde-lhe a voz do texto. /.../ A essência é de uma insipidez pungente. (p. 111)
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