A paixão segundo G.H.

A paixão segundo G.H. Clarice Lispector




Resenhas - A Paixão Segundo G.H.


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Mateus.Tosatti 11/08/2020

O livro mais incrível que eu já li na minha vida. Esse foi um divisor de águas pra mim. Mas calma, não tente entender ele. Esse livro precisa ser sentido.
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Bianca674 13/08/2020

É como diz a autora: este é um livro para pessoas com a alma já formada.
Não sei se eu sou ainda muito nova ou não tenho intelecto suficiente para o texto mas pra mim foi um sacrifício chegar ao final dessas 180 páginas, fora que pouca coisa absorvi.
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santainesense 14/08/2020

A Busca
Certa vez, um professor de inglês do ensino médio me viu com A Paixão Segundo G.H. debaixo do braço e disse: ?quando você estiver à procura de algo, leia este livro?. ?A procura de quê??, eu perguntei. Ao que ele respondeu: ?Quando você estiver sentindo falta, saberá?.

Muito tempo se passou desde essa conversa. E muitas e frustradas foram as minhas tentativas de sair das primeiras páginas deste romance. Logo na apresentação, Clarice Lispector pede: que este seja um livro a ser lido apenas por aquelas pessoas cuja alma já esteja formada. E o que é ter uma alma já formada? Estaria minha alma ainda em processo de formação e por isso eu não conseguia terminar de ler?

Decidi dar um tempo. Agora, depois de cinco anos e em plena pandemia do coronavírus, finalmente consegui concluir a leitura. Talvez a quarentena tenha me obrigado a conviver por tempo demais comigo mesmo, o que permitiu que eu me identificasse com a protagonista da obra. Ou talvez minha alma já esteja completa.

G.H. é uma mulher comum, de classe média, escultora, que vive na cobertura de um prédio. Após demitir a empregada, G.H. decide organizar seu apartamento, afinal, a vida da personagem sempre foi uma contínua busca pela organização. A faxina é, então, iniciada a partir do quarto dessa empregada, o qual a protagonista julga estar sujo e desordenado. No entanto, ao abrir o cômodo, G.H. depara-se com um vazio completamente ordenado onde vive uma barata, que é esmagada pela mulher na porta do armário.

O enredo parece banal, assim como tantas outras narrativas de Clarice Lispector. Todavia, ao explorar o cotidiano através de um fluxo contínuo de pensamentos, a autora nos leva ao caminho do que é mais íntimo e essencial na alma humana. G.H., ao caminhar em direção ao quarto da empregada, na verdade está indo de encontro a ela mesma, em seu âmago. E, ao deparar-se com a barata, G.H. é arrancada de sua realidade e obrigada a despir-se de tudo o que ela considerava humano, revelando uma inumanidade que, paradoxalmente, não pode ser considerada desumana. Metaforicamente, o mesmo acontece à barata que, ao ser esmagada pela porta do armário, expele um conteúdo mole e esbranquiçado.

Não posso dizer que entendi tudo da obra. Na verdade, não posso sequer afirmar que este é um livro entendível. Concordo com o que me disseram: A Paixão Segundo G.H. não é para ser lido, mas para ser sentido. O desenrolar dessa trama nos leva a um lugar onde a linguagem não é o suficiente para descrever o incompreensível que temos que encarar ao mergulhar nessas páginas. E, talvez, esse incompreensível só possa ser visto por olhos já formados de almas já formadas.

De qualquer modo, estando formada ou não, Clarice impregnou minha alma de uma estranheza que até agora me persegue. Se antes eu não sentia falta de algo, agora sinto.
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Capitu 16/08/2020

Eu não sei o que dizer desse livro
É um romance escrito por Clarice Lispector e publicado pela primeira vez em 1964. Não sei por onde começar, é o livro mais complexo que eu já li até hoje. Mesmo escrevendo esta resenha, não sei o que realmente este livro quer dizer.
G.H. é uma escultura rica que vive em uma cobertura, que após demitir sua empregada, ela vai até o quarto da mesma com o objetivo de limpá-lo, achando que o quarto de uma empregada seria sujo e desorganizado, mas se depara com um quarto extremamente simples e organizado. No entanto, das sombras do armário da empregada surge uma barata, a qual G.H tenta se livrar, mas ela acaba ficando presa no armário enquanto a massa branca da barata começa a sair enquanto ela ainda está viva. G.H irá refletir e tomar uma decisão estranha a respeito da barata para alcançar uma certa transcendência.
Clarice Lispector é uma autora um tanto mística e estranha, a sua escrita é inigualável e peculiar, sem um começo, meio e fim. Se você quer realmente ter alguma compreensão dessa obra, entregue-se, pegue na mão de G.H e atente-se ao que você sente, coloque de lado um pouco o seu racional, viaje com ela. Clarice tem o dom de provocar o sentimento de grotesco e de estranheza, estranheza essa que é provocado pela epifania e pela visão macro e microscópica das coisas, destituindo suas definições, suas formas, suas singularidades e voltando a elas ao seu estado primário, fazendo isso com a barata e com a si própria.
Enquanto pessoas comuns possuem rótulos e definições prontas, Clarice desconstrói todas essas coisas e causa um grande paradoxo e um grande caos. Se você se sentir desnorteado e confuso ao ler este livro, saiba que é super comum, nem mesmo a crítica da época de Clarice soube classificar ou mesmo fazer uma crítica ao livro, pois nem mesmo professores renomados conseguiram explicar a complexidade dessa obra.
A paixão Segundo G.H abre portas para várias interpretações, cada leitor adotará um sentido e um entendimento próprio com a leitura com base na sua própria vivência. É um livro que vai fazer você mergulhar dentro de si e fazer você ao mesmo tempo pensar em G.H, vai começar a pensar também em aspectos da sua própria vida, isso é muito interessante. Você vai mergulhar dentro da sua própria escuridão, e não digo aqui em sentido pejorativo, mas coisas dentro de si coisas que você ignora ou não quer olhar.
A barata para G.H. é uma coisa que ainda não consigo compreender, talvez daqui há alguns anos quando eu reler este livro eu espero ter uma compreensão maior, porque sinto como se não tivesse realmente entendido a obra. A barata é nojenta, ela se arrasta e antecede a varias criaturas que vivem e que já viveram neste planeta, ela é a representação da matéria-primeira, e a matéria primeira seria o paraíso, enquanto ser humano é o verdadeiro inferno para G.H. Enquanto as criaturas vivem e fazem o que é por natureza fazer, o ser humano tem o poder de escolher e de criar a própria realidade e é uma das coisas que mais teme a protagonista, não o viver, mas o saber que se vive, que se pode escolher. A barata também é a representação das coisas que não queremos olhar, ou aceitar dentro de nós mesmos, e assim como a filosofia de Spinoza, a procura de G.H. por um certo Deus, do núcleo, do neutro, seria o Deus que está em todas as coisas.
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Frankcimarks 22/08/2020

Imanência ou mergulho ao subterrâneo do ser
Não lamento o fato de ter lido Clarice tardiamente. Certeza que ela é um tipo de escritora que requer de nós uma certa ou pretensa maturidade ( não que eu seja a pessoa mais madura do mundo, longe disso). O fato é que se eu tivesse lido um de seus livros na adolescência, talvez ( ênfase em talvez) eu jamais tornasse a ler qualquer coisa sua.

Clarice é confusão, desorganização, desconstrução, desaprendizagem. Clarice é, sobretudo, antes de tudo, estranhamento. Meu Deus! Como é estranho ler essa mulher, mas como é belo estar em contato com suas palavras! O jeito que ela descreve algo, ou pelo menos tenta; a forma de agigantar o minúsculo, como se colocasse uma lente telescópica em nossos olhos para enxergarmos os micro-organismos sob nossa pele.

Esse livro em específico te joga do alto de uma cobertura para dentro do esgoto, minha impressão foi essa, não me julgue. A paixão de G.H é uma queda livre sem paraquedas. Você sente a angustia de estar desabando e não tem onde se agarrar. Você não sabe o que está lendo, pra começo de conversa. Você apenas presume que sabe o que está lendo, mas a grande verdade é que terminará o livro e continuará sem saber o que leu. A escrita de Clarice permanecerá com o leitor por alguns dias, atordoando-o.

o que eu achei que li:

Uma mulher rica, entediada, decide arrumar a casa e vai no quartinho da empregada, demitida, para organizar o que ela pensou estar uma bagunça, afinal era o quarto da empregada. Surpresa com o que viu, o oposto do que suspeitou, vê, surgindo dos fundos de um armário, uma barata. Aqui começa a viagem de G.H, ou melhor, sua via Crucis.

Esse quartinho de empregada insignificante é o santíssimo lugar, onde a arca da aliança repousa, sob a glória do Deus. G.H, num impulso incontrolável, ataca a barata. Como nós o fazemos com aquilo que consideramos menor e indigno, simplesmente atacamos. A barata, ser misterioso, sujo, esquisito, antigo, resistente, permanece meio viva. ( não será esse o estado de todos nós nesse mundo, meio vivos?) G.H fica intrigada com a massa branca, as vísceras da barata, e depois de refletir no universo, na vida, em si mesma e em Deus, na humanidade, nas coisas, decide comungar com aquela coisa vil e come a massa branca da barata, como se comesse uma hóstia sagrada.

PUTA QUE PARIU! Genial!

Quantas interpretações possíveis Clarice nos deixou? Não é isso que faz uma obra ser grande? Em muitos momentos me lembrei de Kafka e sua metamorfose. G.H não é Gregor Samsa, não se transmuta num inseto, mas sofre uma metamorfose ao se deparar com um.

Se nós observássemos mais as pequenas coisas ao redor, o que nos tornaríamos? Talvez encontrássemos Deus nas formigas, nas bactérias, nas baratas. Por que desprezamos tanto o que é menor, diferente? Por que não enxergamos Deus no outro? Deus está na alteridade e só quando reconhecemos isso, temos comunhão com seu íntimo.

Posso estar completamente equivocado quanto ao sentido do texto, mas o que importa? O importante foi a experiência maravilhosa que Clarice me proporcionou. Estou viciado nela.
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Guilherme.Santos 24/08/2020

GH também teve sonhos intranquilos
Claramente GH tinha acabado de ler A Metamorfose do Kafka e estava louca vendo sentimentos em baratas. Um erro comum, primeiro porque não necessariamente foi numa barata que Gregor Samsa acordou-se metamorfoseado, foi um monstro tão nojento quanto, segundo que baratas não tem sentimentos. Mas aparentemente tem sabor.
Sabor de autoconhecimento, sofrimento e existencialismo (adoro escrever essas coisas que soam poéticas, são para te inspirar a ler) mas isso aí é muito coisa que a Clarice pode ter pensado enquanto escrevia, ou sei lá alguém com mais sentimentos que eu pode sentir lendo.
Eu senti um pouco de nojo né, tenho medo de baratas, mas... não foi só isso que esse livro me despertou. Surgiu-me um questionamento.

Em algum momento da história ela começa a falar do quão antiga é a existência das baratas. Que como todos já ouviram falar, são resistentes à própria radiação, mais antigas que os dinossauros e tal, algumas coisas dessas que fazem a gente ter medo do que elas são capazes e se questionar como inseticidas são vendidos tão facilmente.
Me perdi um pouco nas minhas questões aqui, mas a minha dúvida é: Baratas evoluíram?

Você já pensou nisso? Sério algum momento da sua vida você se questionou em como eram as baratas que viveram junto com os dinossauros?
Eu sei que existe aquela animação Wall·e que tem um robô que é amigo de uma barata aí depois abandona ela por um robô fêmea ou algo assim... Eu nunca assisti essa não sei se é assim o enredo, mas talvez por isso GH fale sobre a paixão, pode existir um possível paralelo aí, mas acho que não.
No mais é isso. Um livro muito profundo sobre sentimentos, a leitura é fácil, mas é bom ler novamente depois de um tempo, não é na primeira que você entende tantos sentimentos. Eu não entendi.
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Lara.Militao 24/08/2020

Mudou minha vida
Com certeza é um livro pra se ler em várias fases da vida. A clarice te diz sobre a vida, sobre o ser, sobre o outro e sobre o eu. É a identificação profunda com o outro, e o entendimento do que é viver e ser. Incrível. Já sinto que preciso ler de novo.
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Lira 25/08/2020

?
Doses estratosféricas de estranhamento. Nossa! Clarice, que texto! Eu não estava preparado, e nunca estarei provavelmente. A vida é um questionar constante, labirinto cujo ínterim é marcado por uma perdição instaurada em essência, ou seja, a vida é em si e o seu tempo é o nada. E eu sou vida.

23. #desafioskoob
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wendelwonka 29/08/2020

Clarice é pura poesia. O livro te leva pra uma reflexão da vida intensa ;)
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Fábio Justus 04/09/2020

Nada do que eu disser será relevante. Deixo um trecho!
"E é só o que posso dizer a meu respeito? Ser ?sincera?? Relativamente sou. Não minto para formar verdades falsas. Mas usei demais as verdades como pretexto. A verdade como pretexto para mentir? Eu poderia relatar a mim mesma o que me lisonjeasse, e também fazer o relato da sordidez. Mas tenho que tomar cuidado de não confundir defeitos com verdades. Tenho medo daquilo a que me levaria uma sinceridade: à minha chamada nobreza, que omito, à minha chamada sordidez, que também omito. Quanto mais sincera eu fosse, mais seria levada a me lisonjear tanto com as ocasionais nobrezas como sobretudo com a ocasional sordidez. A sinceridade só não me levaria a me vangloriar da mesquinhez. Essa eu omito, e não só por falta do autoperdão, eu que me perdoei tudo o que foi grave e maior em mim. A mesquinhez eu também a omito porque a confissão me é muitas vezes uma vaidade, mesmo a confissão penosa.
Não é que eu queira estar pura da vaidade, mas preciso ter o campo ausente de mim para poder andar. Se eu andar. Ou não querer ter vaidade é a pior forma de se envaidecer? Não, acho que estou precisando de olhar sem que a cor de meus olhos importe, preciso ficar isenta de mim para ver."
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Dilaine 07/09/2020

Esperei o momento certo
Eu queria ler esse livro desde os 15 anos, mas agora vi que escolhi o momento certo para lê-lo, esse livro foi uma conversa comigo mesma, ao mesmo tempo que a personagem conversava com ela mesma.
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Alan360 07/09/2020

Tentei mas infelizmente não deu liga
Este foi o terceiro livro que li da Clarice. Gostei de A hora da estrela, não gostei de Felicidade Clandestina nem de Paixão segundo GH. Tentei mas infelizmente não deu liga com a autora.
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Thereza 08/09/2020

Para viver é preciso viver
G.H. é o que se lê na valise de couro, é o que a narradora se vê sido. Mas há a G.H. antes de ontem e a G.H. de hoje. Ontem ela descobriu em sua própria casa um cômodo que parecia acima da casa, um lugar seco e demasiado iluminado pelo sol - isso em sua casa tão úmida. E foi nesse cômodo, sob o espanto de reconhecer-se na parede, que ela sentiu desejo de matar. Mas a morte da barata não veio de imediato, mas fez-se lentamente, derramando seu sangue branco sedento por ser experimentado.
O que resta da G.H. da valise de couro, o que resta de humanizado nesta mulher que teve o desejo de matar?
"E eu não quero perder a minha humanidade! ah, perdê-la dói, meu amor, como largar um corpo ainda vivo e que se recusa a morrer como os pedaços cortados de uma lagartixa."
A vida lhe assusta, o já, o viver por viver lhe faz querer fugir. Talvez não para um lugar, mas para um estado, para uma invenção. Ela sabe que antes havia vivido algo inventado, tanto que nem pode dizer que vivia. E, agora, que é puxada à viver sem esperar se viver, é como se antes tivesse três pernas e uma lhe fora arrancada a mandando de volta à realidade de caminhar com duas pernas. Exceto pelo fato de que o "de volta" é ilusório, pois não se sabia como é ter duas pernas, assim como não se sabia como viver.
Aos poucos vamos segurando a mão de G.H., como se mesmo assustados com seu relato, assumíssemos a posição de suporte à alguém que parece que irá sucumbir a qualquer instante. E sucumbir a quê? Não se sabe.
Mas viver, quando se percebe enfim que o está fazendo, é quase inevitável. Pode se escolher voltar àquele estado indefinível de antes, mas como ter forças para voltar? Sem nem saber para o quê... O medo de viver é grande, mas se acostuma a conviver com o medo. Clarice diz que G.H. lhe trouxe uma espécie de felicidade. A mim trouxe algo semelhante, somado à uma imensa satisfação e alívio pela sua escolha. Para viver não é preciso compreender ou esperar, para viver é preciso viver.

site: https://www.youtube.com/watch?v=X645AWFrgB4
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