Analuz 23/02/2021
A obra, publicada no ano anterior à abolição da escravidão no Brasil, conta a história de uma escravizada fugitiva e os percalços de sua vida, frutos da condição desprovida de liberdade.
Posso dizer que o conto tem duas protagonistas: uma senhora branca abolicionista, de alta classe social, sem nome mencionado e que conta a outros membros da elite a história que presenciou, de modo a expor os horrores do sistema escravista; e a escravizada Joana, que, como afirmado, mostra o sofrimento que a acompanhou durante toda a sua vida. Ambas compartilham a narração, cada uma a seu tempo.
A leitura da obra é interessante, não apenas enquanto apreciação ou estudo literário, mas também como contextualização histórica, pois aborda alguns temas que podem passar despercebidos. Exemplo disso é a narrativa da permanência da venda de filhos de escravizados, mesmo após a instauração da Lei do Ventre Livre. Com isso, a autora demonstra que, mesmo com o aparato legal, muitos escravizadores não seguiram à risca o padrão estabelecido.
De forma simples e direta, Maria Firmina dos Reis (primeira autora negra da literatura nacional e filha de escravizada liberta), produziu uma obra tocante e que vai muito além do tema da escravidão em si, abordando outros aspectos sociais e de saúde, como doenças mentais.