Sophia1534 07/04/2023
Enfim, o fim.
Depois de muitos anos, me propus a terminar de ler essa saga. Comecei em 2019: li os dois primeiros volumes e me apaixonei pela história. Comprei a coleção inteira e deixei lá os livros parados até esse ano, quando resolvi ler tudo de uma vez e sanar a minha curiosidade de tanto tempo!
Começo logo dizendo que essa tetralogia poderia ter sido perfeitamente uma trilogia. O terceiro e quarto livros são 70% enrolação ou eventos desimportantes que não acrescentam muito à história, o que é frustrante. Senti que a escritora estava desperdiçando páginas que poderiam ter sido usadas para avançar o plot, desenvolver personagens ou expandir o universo. Nesse último livro isso é ainda mais evidente: nada substancial acontece até os 80% do livro. Acontecem, sim, muitos eventos e reviravoltas, mas tudo é resolvido tão facilmente que nem consegue ter impacto. Poucas foram as coisas que de fato têm consequências sérias pelo resto da trama.
A escrita melhorou desde o terceiro livro, pois as descrições de cenário voltaram a aparecer, mas não sem prejudicar o desenvolvimento de plots e diálogos importantes. Para um livro de 320 páginas situado num cenário de guerra, temos muitas descrições de vestidos e almofadas.
Os personagens não mudaram muito, alguns continuam sendo insuportáveis (como Emília) e outros sequer apareceram, apesar de importantes (como Jules ou Pietyr). O que me incomoda muito neles, porém, é quão fácil eles perdoam e passam a confiar uns nos outros. Os protagonistas confiam depois de dois diálogos em pessoas que mataram e machucaram amigos e familiares queridos. Oi? No meio de uma guerra que vai mudar o curso da Ilha inteira, você se dá o luxo de confiar nessa pessoa aleatória traidora?
Até onde me lembro, quase nenhuma pergunta ficou exatamente sem uma resposta, mas isso não significa que as respostas tenham sido boas. As rainhas mortas somem por causa da névoa? É isso? A névoa some porque as rainhas mortas somem? E Illian? E Daphne? O que realmente queriam? Por que a névoa foi de fato criada? Por que ela se voltou contra o povo, quando só queria as rainhas mortas? Por que Katherine nunca mostrou sua dádiva naturalista, não importa o quão fraca? Por que a maldição da legião simplesmente sumiu? Por que Arsinoe foi trocada com Katherine no nascimento?
Achei muito ousado a escritora ter matado Mirabella e Katherine, mas acho que a morte de Arsinoe também seria essencial para realmente dar um fim na linhagem das rainhas, o que não ocorreu. A morte delas, apesar disso, foi muito corrida. Uma página para cada, sem muito impacto, deu nem para absorver o choque. Tirando elas, ninguém importante morre (Madrigal é discutível).
No geral, um fim não tão satisfatório para essa saga. Não gostei do plot da Rainha da Legião, achei um desperdício matar todas as rainhas quando elas finalmente passaram a se entender, muitas perguntas ficaram no ar... Poderia ter sido pior? Poderia. Mas poderia ter sido muito melhor.
Vou sentir saudades desse universo, apesar de tudo. Os personagens me cativaram, as dádivas, a religião, a política, a magia, a história envolvente. Estaria mentindo se dissesse que não gostei do livro, pois fiquei presa nele a semana inteira.
Irei ler os dois contos adicionais, mas com o coração um pouco vazio, esperando ser preenchido por alguma resposta que não virá :c
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