O amante

O amante Marguerite Duras




Resenhas - O Amante


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Gláucia 05/05/2011

O Amante - Marguerite Duras
Novela cujo tema é a iniciação sexual/amorosa de uma jovem de 15 anos com um homem mais velho e experiente. A narração é fragmentada, do tipo que vai e volta entre passado, presente e futuro. Apesar de curto exige uma leitura atenciosa, caso contrário acabamos nos perdendo no tempo em que a história se passa no momento.
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Cristina Henriques 13/04/2018

“Um dia, eu já tinha bastante idade, no saguão de um lugar público, um homem se aproximou de mim. Apresentou-se e disse: “Eu a conheço desde sempre. Todo mundo diz que você era bonita quando jovem; venho lhe dizer que, por mim, eu a acho agora ainda mais bonita do que quando jovem; gostava menos do seu rosto de moça do que do rosto que você tem agora, devastado”.
Penso com frequência nessa imagem que sou a única ainda a ver e que nunca mencionei a ninguém. Ela continua lá, no mesmo silêncio, fascinante. Entre todas as imagens de mim mesma, é a que me agrada, nela me reconheço, com ela me encanto.”

“Eu poderia me iludir, acreditar que sou bela como as belas mulheres, como as mulheres olhadas, porque realmente me olham muito. Mas sei que não é uma questão de beleza, e sim de outra coisa, por exemplo, sim, outra coisa, por exemplo espírito. Eu pareço o que quero parecer, bela também se for isso que quiserem que eu seja, bela ou bonita, bonita, por exemplo, para a família, para a família, não mais, posso me tornar tudo o que quiserem que eu seja. E acreditar nisso. Acreditar que também sou encantadora. Desde que eu acredite, que isso se torne verdadeiro para quem me vê e deseja que eu corresponda ao seu gosto, sei disso também.”

“Já estou ciente. Sei algumas coisas. Sei que não são as roupas que tornam as mulheres mais ou menos belas, nem os cuidados de beleza, nem o preço dos cremes, nem a raridade, o valor dos adornos. Sei que o problema está em outro lugar. Não sei onde. Só sei que não é onde as mulheres pensam que está.”

“Essa omissão das mulheres em relação a si mesmas, praticada por elas mesmas, sempre me pareceu um erro.
Não era preciso atrair o desejo. Ele estava em quem o despertava ou não existia. Ele já estava ali desde o primeiro olhar ou jamais teria existido. Ele era o entendimento imediato da relação de sexualidade ou não era nada. Isso, também, eu soube antes da experiência.”

“Não que precise chegar a alguma coisa, o que é preciso é sair de onde estamos.”

“O que acontece é justamente o silêncio, essa lenta labuta durante toda a minha vida. Ainda estou lá, diante daquelas crianças possessas, à mesma distância do mistério. Nunca escrevi, e pensei que escrevia, nunca amei, e pensei que amava, nunca fiz nada a não ser esperar diante da porta fechada.”

“. Eu digo que não é só por ser de dia, que ele está enganado, que sinto uma tristeza que já esperava e que vem só de mim. Que sempre fui triste. Que vejo essa tristeza também nas fotos em que sou menininha. Que hoje, ao reconhecer essa tristeza como a que sempre senti, eu quase poderia lhe dar meu nome, a tal ponto ela se parece comigo. Hoje eu lhe digo que essa tristeza é um bem estar, o de finalmente cair numa desgraça que minha mãe me anuncia desde sempre, clamando no deserto de sua vida.”

“Olhar é ter um movimento de curiosidade por alguma coisa, contra alguma coisa, é decair.”

“Mas, se tivesse previsto, como iria conseguir calar o que tinha se tornado sua própria história? Mentir no rosto, no olhar, na voz? no amor? Poderia morrer. Suprimir-se.”

“Os vagabundos vivem como ele vivia, sem solidariedade, sem grandeza, com medo.”

“fui séria tempo demais, até ser tarde demais, perdi o gosto pelo prazer.”

“Esse amor insensato que tenho por ele continua um mistério insondável para mim. Não sei por que eu o amava a ponto de querer morrer com sua morte. Estava separada dele fazia dez anos quando isso aconteceu e só raramente pensava nele. Parecia que eu o amava para sempre e nada de novo podia acontecer a esse amor. Eu tinha esquecido a morte.”

“Anos após a guerra, após os casamentos, os filhos, os divórcios, os livros, ele tinha vindo a Paris com a mulher. Ele lhe telefonara. Sou eu. Ela o reconhecera pela voz. Ele dissera: queria apenas ouvir sua voz. Ela: sou eu, bom dia. Ele estava intimidado, sentia medo como antes. Sua voz de repente tremeu. E com o tremor, de repente, ela reencontrara o sotaque da China. Ele sabia que ela tinha começado a escrever livros, soube pela mãe dela, que ele havia encontrado em Saigon. E também sobre o irmão mais moço, que ele tinha ficado triste por ela. E depois não havia mais o que dizer. E depois ele disse. Disse que era como antes, que ainda a amava, que nunca conseguiria deixar de amá-la, que a amaria até a morte.”
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Nena 13/02/2016

Acredita-se q o livro seja autobiográfico, mas Marguerite jamais confirmou essa suspeita. Narra o envolvimento sexual de uma garota de 17 anos com um chinês q ela conheceu em uma travessia de barco. Prostituição, miséria, decadência, agressão, amor, sexo, são narrados com maestria pela autora.
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Eli 16/02/2016

Muito cedo, tarde demais
" Muito cedo na minha vida ficou tarde demais" , a citação presente na primeira página do livro resume e antecipa os fatos da narrativa.

O Amante, é uma obra autobiográfica de Marguerite Duras, uma das autoras femininas mais celebradas na Europa, no século XX. O enredo baseia-se no relacionamento entre uma menina de quinze anos e meio e um rico chinês de 27 anos, relacionamento prematuro, levando-a a entrar em contato com a vida adulta muito cedo. Outro detalhe são os sinais do tempo que a castigam quando ainda era muito nova.


Aos quinze anos tinha o rosto do prazer e não conhecia o prazer. Os traços do prazer eram muito acentuados. Até minha mãe devia vê-los. Meus irmãos os viam. Tudo começou assim em minha vida, com esse rosto visionário, extenuado, as olheiras antecipando-se ao tempo, à experiência.



Soma-se outro aspecto importante que é o relacionamento familiar da autora com a mãe e os irmãos. A relação de ódio e amor com a mãe, a falta de afinidade com o irmão mais velho e o afeto pelo irmão mais novo.

Chama atenção , também,o fato de que todas as personagens que tenham importância afetiva em sua vida são privados de identificação, somente o irmão mais novo é citado uma vez, talvez pela importância desse vínculo afetivo em sua vida.

Narrativa sensível não-linear , fragmentada, com o passado e presente aparecendo de forma simultânea, temos também a presença de narrador em primeira pessoa , alternando-se com o de terceira pessoa. Romance extremamente desafiador, com singularidade estrutural , e prosa e poesia fundidas em uma só obra.

site: http://elitrevellinescritosguardados.blogspot.com.br/
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Mel 09/08/2010

...
É um livro muito gozado.
Só gozo, só choro. É de morrer.


"Nunca escrevi, e pensei que escrevia, nunca amei, e pensei que amava, nunca fiz nada a não ser esperar diante da porta fechada."
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Alexandre Kovacs / Mundo de K 05/04/2016

Marguerite Duras - O Amante
Editora Cosac Naify - 112 páginas - Tradução de Denise Bottman - Lançamento 2007 (Lançamento original na França em 1984).

Marguerite Duras (1914 - 1996), um dos grandes nomes do existencialismo e feminismo do século XX, expoente do movimento literário francês nouveau roman, foi agraciada com o prêmio Goncourt em 1984 por este romance que escreveu no final da carreira, já com setenta anos. Um "pequeno" livro de pouco mais de 100 páginas que se tornou fenômeno de vendas, tendo sido traduzido para 40 idiomas e adaptado para o cinema pelo diretor Jean-Jacques Annaud em 1992, com críticas não muito favoráveis da autora que já tinha as sua experiências com a criação de roteiros e direção de cinema, principalmente em "Hiroshima mon amour" (roteirista) e "India song" (diretora e roteirista).

Dois fatores originaram o sucesso de público na época para "L'amant", primeiramente o tema polêmico: uma adolescente francesa inicia precocemente a sua vida sexual com um chinês rico e mais velho e o improvável casal se relaciona durante um ano e meio de forma clandestina, mas consentida pela família da jovem (a mãe e os dois irmãos) devido às dificuldades financeiras, fato que a transforma em uma prostituta particular, na visão da própria mãe. O argumento ainda é mais forte do que o seu predecessor na literatura moderna, "Lolita", de Vladimir Nabokov, com o acréscimo dos conflitos inerentes ao preconceito racial e a relação de amor e ódio familiar. Finalmente, o caráter autobiográfico da trama, nunca integralmente confirmado ou desmentido por Marguerite Duras, também alimentou a curiosidade dos leitores, alavancando as vendas do livro em todo o mundo.

No entanto, é bom que se diga que a popularidade obtida pelo romance, transformando-o em uma espécie de best seller da época, não é compatível com a complexidade do texto. O fluxo narrativo tem diferentes pontos de vista já que a protagonista inicia o romance com o seu "rosto devastado" pelo tempo para logo em seguida apresentar a cena que funciona como eixo central de toda a narrativa: uma jovem com "quinze anos e meio" atravessa o rio Mekong em direção a Saigon em uma balsa durante um dia ensolarado na Indochina francesa (atual Vietnã), no início dos anos 30. Uma sensualidade natural emana da imagem inesquecível (certamente cinematográfica) da jovem com um vestido de seda, gasto, quase transparente e sapatos de salto alto em lamê dourado e um toque de excentricidade ao usar um chapéu masculino com as abas retas e lisas de feltro cor de rosa e uma larga fita preta, prendendo o cabelo em tranças sobre o peito.

"Quinze anos e meio. O corpo é magro, quase mirrado, seios ainda infantis, maquilada de rosa pálido e vermelho. E depois essa roupa que poderia provocar risos e da qual ninguém ri. Vejo que já está tudo ali. Está tudo ali, e nada ainda começou, vejo nos olhos, tudo já está nos olhos. Quero escrever. Já disse para minha mãe: o que eu quero é isso, escrever. Nenhuma resposta na primeira vez. E depois ela pergunta: escrever o que? Digo livros, romances. Ela diz com dureza: depois do concurso para o magistério em matemática, se quiser pode escrever, não vai mais me dizer respeito. Ela é contra, não é digno, não é trabalho, é uma piada e me dirá mais tarde: uma ideia de criança."

A prosa de Marguerite Duras nos tira da zona de conforto, tanto devido à ausência de linearidade na técnica narrativa, que exige atenção redobrada do leitor, quanto pela morte da esperança, a marca da fatalidade com que envolve os seus personagens em situações que os levam a um destino trágico e inevitável. Assim como em "Lolita", o homem chinês de vinte e sete anos não tem a menor chance no jogo de sedução, passando rapidamente de corruptor a corrompido e ficando irremediavelmente perdido em uma paixão cega e doentia nas mãos da adolescente, ela sim a autêntica corruptora, como fica claro nos trechos abaixo. Inicialmente, em primeira pessoa, a protagonista já identifica em si mesma o desejo e, em outra parte, já oscilando para a narrativa em terceira pessoa, descreve a aproximação do homem já irremediavelmente seduzido.

"Não era preciso atrair o desejo. Ele estava em quem o despertava ou não existia. Ele já estava ali desde o primeiro olhar ou jamais teria existido. Ele era o entendimento imediato da relação de sexualidade ou não era nada. Isso, também eu soube antes da 'experiência' (...) O homem elegante desceu da limusine, ele fuma um cigarro inglês. Olha a jovem com chapéu masculino e sapatos dourados. Aproxima-se devagar. Visivelmente intimidado. De início não sorri. De início oferece um cigarro a ela. A mão treme. Há essa diferença de raça, ele não é branco, ele deve superá-la, por isso treme. Ela lhe diz que não fuma, não, obrigada. Não diz mais nada, não diz me deixe em paz. Ele sente menos medo. E diz que parece estar sonhando. Ela não responde. Não vale a pena responder, o que responderia? Ela espera. Ele pergunta: mas de onde você é? Ela diz que é filha da diretora da escola feminina de Sadec. Ele pensa um pouco e depois diz que ouviu falar dessa senhora, a mãe, de sua falta de sorte com aquela concessão que teria comprado no Camboja, não é isso? Sim, é isso."

No Brasil, este romance foi inicialmente lançado pela Editora Nova Fronteira em 1985 com tradução de Aulyde Soares Rodrigues, edição atualmente esgotada que foi relançada pela Publifolha / Globo em 2003 e, finalmente, nesta mais recente tradução de Denise Bottman pela Editora Cosac Naify em 2007, editora que, infelizmente, encerrou suas atividades no país em 2015. Vale lembrar que grande parte do acervo da Cosac Naify, inclusive este romance, ainda está disponível no site da Amazon com descontos muito convidativos, boa dica de utilidade pública para os eventuais leitores do blog.
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Dani.Peghim 27/09/2016

Sensível
Um livro dolorido que conta sobre a miséria da família e passa pelas lembranças de infância e adolescência que pelo que soube são da própria autora. Fiquei um pouco confusa em alguns momentos devido a narrativa não linear, hora no presente hora retornando abruptamente ao passado, hora em primeira pessoa hora em terceira pessoa. Uma escrita poética e impactante.
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Cláudia 09/02/2017

O Amante
Mais um "grande" livro para nosso desafio "Um Livro Por Dia".
Agora vou em grande estilo. "O Amante" da francesa Marguerite Duras, Editora Cosac Naify foi uma releitura agradável. Já tinha lido ele há muitos e muitos anos atrás, e tinha gostado. E dessa vez não foi diferente.
Um livro rápido sem ser simples.Uma leitura que vale a pena.
É considerado o livro mais autobiográfico da autora. Ela narra com muita poesia os episódios da sua adolescência, sua iniciação sexual aos quinze anos e meio com um chinês rico de Saigon, e a ligação que os uniria por três anos. Na história, estão presentes a mãe, sua desgraça financeira e moral, o irmão mais velho, drogado e cruel, o irmão mais novo, frágil e oprimido, e ela, uma jovem estudante do Liceu Francês de Saigon, brutalmente amadurecida e desencantada.
Embora desenvolva uma trama perfeitamente compreensível, o romance tem uma estrutura complexa. É composta por fragmentos de suas memórias. E, desfragmentar essa história é como folhear um álbum de fotografias, e tentar colocar legendas nele, como diz Leyla Perrone-Moisés, no posfácio do livro.
A história toca do início ao fim. É poético sem ser piegas. É realista, mas com muitos sonhos sobrepostos. É comovente sem ser frágil. É forte, tenso, envolvente.
Aí está uma autora que recomendo. Acho que todos deveriam descobrir Marguerite Duras. E pode ser num só dia...
Fica a dica!

site: http://umolhardeestrangeiro.blogspot.com.br/2017/01/o-amante-projeto-um-livro-por-dia-5.html
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Jéssica - Janelas Literárias 25/03/2017

"Permitam-me dizer, tenho quinze anos e meio.
Uma balsa desliza sobre Mekong.
A imagem permanece durante toda travessia do rio.
Tenho quinze anos e meio, esse país não tem estações, vivemos numa estação só, quente, monótona; vivemos na longa zona quente da terra, sem primavera, sem renovação" (p. 8)

Quinze anos e meio, numa balsa atravessando o rio, com um vestido claro de seda natural, sapatos de salto alto em lamê dourado, usando um chapéu masculino de abas retas e lisas. Esta é a maior e mais recorrente composição, quase fotográfica, que você vai encontrar em "O Amante".

O tom autobiográfico da obra é tanto inegável quanto indeterminado. Segundo Leyla Perrone-Moisés, "quase todas as obras de Marguerite Duras são autobiográficas na medida em que são transposições de experiências existenciais da autora", no entanto é impossível saber onde começa a biografia e onde termina a ficção, dificuldade que nem mesmo os biógrafos da autora conseguiram contornar (p. 103 e 106). Este entrelaçamento entre vida real e ficcional faz de Duras uma figura emblemática, que se confunde com o que escreve.

A história de "O Amante" se passa na Indochina Francesa (atual Vietnã), onde Marguerite conhece um rico chinês de Saigon, doze anos mais velho, com quem vivenciará as primeiras experiências sexuais. O relacionamento, essencialmente sexual, dura por três anos.

Pobre, miserável, Duras vai presenciar a decadência moral da família, sobretudo da sua mãe e seu irmão mais velho. Os sentimentos ambíguos que sente pela mãe residem na linha tênue que separa o amor do ódio, emoções tão parecidas em sua intensidade, mas diametralmente opostas na direção. Pelo que descreve, a mãe é uma alienada, vive em um mundo próprio e estéril à realidade. Parece ter sido o jeito que encontrou pra contornar a desgraça, a miséria e a dor.


Marguerite Duras na juventude
É assim que a autora consegue, de maneira altamente fragmentada e não linear, executar um trabalho extenuante de revisitação e ressignificação do passado. Afinal, nossa memória é seletiva e fadada a compreensões precárias no decorrer do tempo, mas também tem este poder único de recriar a si mesma na esperança de fazer sentido.

Além do caráter fragmentário, também se identifica, com muita facilidade, uma alternação de vozes. As vezes ela escreve em primeira pessoa, as vezes em terceira. A escrita em terceira pessoa tem o condão de expressar distanciamento, seja ele temporal ou emocional. Temos o olhar de perto e o olhar de longe.

"É como se já tivessem uma vida completa, como se ela lhes viesse de fora. É como se eu não tivesse nada parecido. A mãe diz: essa nunca vai ficar contente com nada. Acho que minha vida começa a se mostrar pra mim. Acho que já sei dizer o que ela é, tenho uma vaga vontade de morrer. (...) Vou escrever livros. É o que vejo para além do instante, no grande deserto que se afigura como extensão de minha vida" (ps.87 e 88)

Duras é inerte. Encara a vida como se fosse um fato consumado. Esse desencantamento é constante. Ela tem esta tendência (que nasce de um não se importar com nada) a ser triste, a aceitar de imediato tudo que lhe acontece. Vive em um estado entorpecido. Como se seu corpo fosse apenas um instrumento, uma vazão, para uma pulsão involuntária e irresponsável por abstração completa, um perder-se de si mesma, já que é a única coisa que tem a perder.

O desejo "suicida" emerge, fortemente, no sexo. A tal vontade de morrer, de ver até onde é possível se morrer, de fugir da existência física, encontra uma forma de se expressar através do que os franceses chamam de "La Petit Mort" (a pequena morte), ou seja, do momento transcendental orgasmático.

"(...) entregues à infâmia de um gozo de morrer, dizem elas, de morrer dessa morte misteriosa dos amantes sem amor. É disso que se trata, dessa disposição para morrer" (p. 71)

Repetitivo e de pontuação escassa, o texto melodioso e oral de Duras traz uma prosa poética marcada por toques de sensualidade, melancolia e tragicidade.

A autora também faz críticas sociais interessantes e existem vários outros temas que podem ser desenvolvidos. O seu relacionamento com os irmãos, a bela explanação que faz sobre como pensamos que as pessoas são imortais até que morram, entre outras. "O amante" é um romance pequeno somente no que se refere à quantidade de páginas.

"Muito cedo foi tarde demais em minha vida" (p. 7)

site: https://www.instagram.com/janelasliterarias/
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Rodiney 13/06/2017

Duras começa a falar de seu rosto devastado, um rosto onisciente, pois já trazia em si as dores que deveria sofrer ao longo de sua existência. Nessa breve autobiografia, a autora é mera expectadora dos acontecimentos. Escrevendo, ora em primeira pessoa, ora em terceira pessoa. Duras revela a formação de si mesma a partir do sofrimento da mãe, do desespero do irmão mais velho, do inocente irmãozinho, do apaixonado amante chinês e de mulheres que ela admirava. No entanto, parece-me que Duras é a única que não tem história, ela apenas é produto dos que viveram, dos que moldaram a sua mente. Um texto corajoso, pois nos apresenta partes íntimas, muito íntimas da história de pessoas importantes na formação dos primeiros anos da grande escritora.
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Celso 14/07/2017

Construção do livro interessante
Achei interessante a construção do livro, sem capítulos e sem um enredo linear. Dá a impressão de lembranças ou como se fosse um sonho de alguém (embora seja baseado em fatos reais).
A psicologia dos personagens é bem definida logo no início e a história vai se desenrolando em um vai e vem.
Gostei também do ambiente onde se passa a história (Vietnã), pois geralmente ouvimos pouco sobre esse país.
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Guynaciria 18/08/2017

O amante
O livro é baseado em fatos reais da vida da autora, que conta alguns eventos que ocorrera em sua infância e inicio da juventude, quando ainda residia com sua família na Indochina Francesa (Vietnã).

Ele não é escrito de forma linear e nem está dividido em capítulos, o que torna a leitura  as vezes um pouco confusa.

A autora escreveu esse livro quando estava com 70 anos, e para o leitor fica claro essa experiência que ela teve de trazer a tona determinadas lembranças, que nunca antes haviam sido contadas a ninguém. 

A impressão que tive, era como se estivesse compartilhando um segredo obscuro da vida de alguém próximo. E ao mesmo tempo que era solidaria com aquilo que havia sido vivenciado, também era impossível não analisar de uma forma mais critica, aquela família tão desestruturada.  

M. Duras, conseguiu romantizar a sua vida, tornando eventos problemáticos em algo poético.

Fica claro que a personagem principal e muito amadurecida para sua idade, talvez pelo fato de ter passado por tantas tragédias, ou quem sabe, essa era a visão que M. Duras tinha ao 70 anos, sendo bem diferente da visão da menina de 15 anos e meio, o que por si só, já abre uma brecha para questionar o quanto daquilo que foi passado, era de fato condizente com a realidade. Mas a verdade é que nunca vamos saber, o que era real, e o que é ficção nessa obra.

Posso no entanto falar para vocês, que nada é capaz de diminuir a experiência literária que terão ao entrar em contato com essa obra. 

Além de que, vocês poderão descobrir um pouco mais sobre o país onde ela foi ambientada, os costumes da época, e a forma como as pessoas brancas, privilegiadas ou não economicamente, era tratadas de forma tão diferente dos nativos daquela região.

Bjos! 

site: https://wordpress.com/stats/day/utopialiterariaentreamigas.wordpress.com
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Poesia na Alma 27/01/2018

O incógnito amado de Marguerite Duras
A escrita de Marguerite Duras está marcada por sua relação familiar. A exemplo, o amor nutrido pelo irmão mais novo e o ódio ao mais velho, a relação conflituosa com a mãe e o pai morto quando era criança. Em O Amante, Grupo Editorial Record, livro mais autobiográfico e premiado com o Goncourt, a autora traz detalhes de seu caso amoroso com um chinês sem nome. O que para mãe era algo repugnante, a relação de uma branca com um chinês. Isso poderia arruinar a vida da jovem para um futuro casamento e a deixar com fama de prostituta.


http://www.poesianaalma.com.br/2018/01/resenha-o-incognito-amado-de-marguerite.html
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Suiany 15/02/2018

"Muito cedo em minha vida foi tarde demais."
O amante conta a história de uma jovem moradora da Conchinchina (uma então Colônia Francesa, região sul do Vietnã) que, aos quinze anos e meio, inicia um envolvimento com um homem mais velho, um Chinês de 27 anos.

A narrativa de Marguerite é muito envolvente, não-linear e cujo narrador transita entre alguns personagens. O ritmo de leitura é agradável e o texto transita entre a prosa e a poesia.

Optei por não utilizar descrições como: romance, relacionamento amoroso. Explico, considerando a idade dos personagens, a forma como eles se encontram e a temática do dinheiro que envolve tudo, achei bem complicado descrevê-lo como erótico/pornográfico. O teor sexual é presente, sim, mas as relações de poder para mim são mais fortes.

O que fez/faz com que muitos diferenciem essa história de outras como Lolita é o fato de que a protagonista já vivenciou aquela vida e nos conta aquilo que a marcou. Não é o presente das relações sexuais de um homem mais velho e endinheirado com uma jovem menina. Ainda assim, acho bem complicado falar de amor nesse livro, viu?

Apesar dessa problemática, a autora escreve muito bem, com frases que tocam o coração e nos fazem ler e reler alguns trechos sensacionais.

Fica a recomendação de leitura!
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Sanoli 21/03/2018

http://surteipostei.blogspot.com.br/2018/03/o-amante.html
http://surteipostei.blogspot.com.br/2018/03/o-amante.html

site: http://surteipostei.blogspot.com.br/2018/03/o-amante.html
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