Resenhas - A Mão Esquerda da Escuridão

Lai ( : 07/06/2023

A Fronteira Entre o Desconhecido e o Familiar é Dissoluta
Em "A Mão Esquerda da Escuridão", Ursula K. Le Guin nos transporta para um universo onde os limites da compreensão humana se desvanecem, revelando a fluidez inerente à existência. Nessa narrativa visionária, somos convidados a explorar as profundezas do estranho e a abraçar o desconhecido como uma parte intrínseca de nós mesmos. Le Guin desafia nossas concepções preconcebidas, mergulhando-nos em uma jornada onde a familiaridade se transforma em algo novo, instigante e, muitas vezes, desconcertante. É nesse encontro com o desconhecido que descobrimos as verdadeiras nuances da condição humana e somos confrontados com a inevitável dissolução dos limites que nos separam do mundo além do nosso alcance. Em "A Mão Esquerda da Escuridão", Le Guin nos lembra que a fronteira entre o desconhecido e o familiar é tão volátil quanto a própria natureza humana, e é nesse território ambíguo que encontramos a verdadeira essência da nossa existência.

David 06/06/2023

Essa é uma obra consagrada da ficção científica que aborda temas atemporais que continuam relevantes e desafiadores para os bichinhos mais espertos da Terra (nós). Publicado no final dos anos 60, o livro mergulha em questões como política, linguagem e o estranhamento cultural vivenciado pelo protagonista diante de uma sociedade que não se baseia em papéis fixos de homens ou mulheres.

Ursula nos faz confrontar nossas percepções e preconceitos ao apresentar um planeta (Gethen) que desafia as normas estabelecidas que conhecemos e mostra que existem outras possibilidades de existir e se relacionar. Reflexões sobre diplomacia, xenofobia e a importância da comunicação permeiam a história, abrindo caminhos para pensarmos sobre a natureza humana e nossa relação com o desconhecido.

Recomendo escrever um mini glossário no primeiro capítulo para ajudar a se familiarizar com alguns nomes estranhos que são importantes para entender a trama. Passado por isso logo no início, a leitura é fluida e tranquila, e temos um belo arco de crescimento dos protagonistas ao longo dessa narrativa de um outro mundo, povoado por humanos, onde nós somos os alienígenas.

Amanda 06/06/2023

Eu simplesmente amei esse livro, um dos melhores de ficção científica que já li e provavelmente, um dos melhores do ano. A autora foi genial em tantos níveis, imaginar um mundo agênero em 2023 é uma coisa, em 1969 é de outro planeta. O kemmer, os nuances políticos, as formas de governo, as mudanças na dinâmica social quando se abole o gênero, a cultura, a vida em um clima hostil e as adaptações necessárias para isso, o Estraven. Gostei de tantas coisas, que as que não gostei acabam desaparecendo entre elas.

"A única coisa que faz a vida possível é uma incerteza permanente e intolerável: não saber o que vem depois."

Cristiane 04/06/2023

A mão esquerda da escuridão
Ficção científica e poesia não são os estilos literários que mais gosto. Li esse livro porque participo das leituras coletivas do Ler antes de Morrer, se não fosse por isso provavelmente não teria lido.
Escrito em 1969 (ano em que nasci) o livro conta a história de Ai, um ser humano que viaja pelo espaço e tem a missão de unir planetas em um tipo de lugar intergaláctica.
No planeta em que ele está os indivíduos são andrógenos, e somente no período fértil são capazes de definir seu sexo e procriarem.
É claro que Ai é considerado uma aberração, por ser sempre homem, por ser grande, por ser negro.
Há uma reviravolta ele é considerado um inimigo, assim como o embaixador que apoiava sua missão.
O planeta é uma geleira só, apesar de nas cenas iniciais todos sintam muito calor.
A história é bem sem pé nem cabeça...
Não gostei .

Ricardo.Barroso 03/06/2023

Uma ficção científica diferente que virou um clássico
Li esse livro acompanhando a leitura coletiva do Ler Antes de Morrer, o que foi ótimo pois motiva mais e as lives abrem os olhos para outras interpretações. Esse livro é um clássico da ficção científica mas que eu estava sempre adiando a leitura. Temos viagem espacial e civilizações alienígenas, mas o que importa não é a tecnologia ou os efeitos da evolução da ciência, o que importam são as relações humanas. E aqui, elas são moldadas pela distinta sexualidade dos habitantes do planeta Gethen (assexuados na maior parte do tempo, podendo assumir qualquer um dos sexos no período fértil) e pelo clima rigoroso de onde vivem. Passeamos por diferentes modelos políticos de sociedade e de religião, como metáforas para as nossas organizações terráqueas (o livro foi escrito nos anos 60 mas muitas meforas ainda funcionam). Pontos negativos: muitos nomes inventados que só são explicados ao longo da leitura (ou nem isso) que podem espantar quem não está habituado a esse tipo de livro. Do meio pro final o livro ganha uma "barriga" quando os personagens atravessam uma região desolada e só temos descrição da paisagem e mais nomes estranhos, com um desenvolvimento lento dos personagens, isso cansou. O final, embora mais dinâmico e esclarecedor, foi também um pouco frustrante. No geral é um bom livro, para quem já gosta de ficção científica ou para quem não gosta, já que aborda aspectos que os outros do gênero não abordam.

Cinthia.Lavander 02/06/2023

Uma ficção científica que vale a pena ser lida!
Somos tele transportados para um novo mundo, que de início pode parecer confuso, mas com o passar dos capítulos é possível compreender o funcionamento dessa sociedade ao qual nossa personagem Genly Ai foi enviado para cumprir um "missão interestelar".

Alguns capítulos são narrados pelo enviado, outros por um nativo, o que proporciona a experiência de ver o lado de duas moedas. Contudo, o que enriqueceu mais ainda a leitura são os capítulos dedicados a narrar sobre o planeta Inverno que auxiliam no entendimento da história e da cultura local.

Foi muito bacana, e em algum momentos invejável, imaginar como seria ser/viver em uma sociedade androgena, no qual as relações só acontecem de forma consentida e obviamente não há distinção de papéis de acordo com um determinado gênero.

Outro ponto que vale ser ressaltado, além da escritora ter redigido este livro há quase 50 anos e já fazer questão de nos proporcionar um reflexão de gênero e ter uma personagem negra como protagonista, o fato de ter traçado um paralelo com a realidade política de sua época.

Sim, muitos dos "conflitos", de como os países locais se relacionam (apesar de não haver guerra) e a própria missão de Genly, se assemelha muito ao que era visto nas relações da Guerra Fria e atuação da ONU.

Admito que parte do que me proporcionou uma boa experiência foi o fato de ter a mão um papel e caneta para fazer algumas anotações e um cronograma de leitura (que em minha singela opinião, você devora rapidamente).

Quanto ao livro da editora Aleph, ela fez um bom trabalho, na 3° edição de 2019, há duas introduções (uma da própria autora) e ao final uma anexo sobre o calendário e relógio local, o que também facilitou em muito no entendimento/localização da história.

PS. Agradeço ao canal Ler Antes de Morrer a oportunidade de ter participado da leitura coletiva deste livro. Uma ótima leitura e que está entre meus favoritos!

Mateus.fariadc 02/06/2023

Mais uma leitura coletiva da Isabella Lubrano finalizada, e infelizmente essa daqui não foi tão boa quanto eu esperava que fosse.

A emoção que eu tinha no começo do livro, de apreciar uma obra que abordava questões filosóficas interessantes, se perdeu do meio para frente. Isso porque, quando o livro se volta para a narrativa essa já não funciona tão bem, e até poderia, mas a parte do meio para o final em que o Genly Ai e Estraven andam por mais de MIL quilômetros na neve, é absurdamente cansativa e cheio de descrições de paisagens que mais me cansaram do que me fizeram compreender o esplendor e a dificuldade da missão em si.

Como livro de reflexões e questionamentos, eu já acho fantástico as abordagens que a Ursula faz aqui, e o ponto que mais me encantou foi toda a dinâmica de visão social do povo de Gethen, que por terem os dois sexos, não possuem uma sociedade machista e opressora, e que tira oportunidades para as mulheres em diversas áreas, lá todos se enxergam e se respeitam, porque são seres humanos, e isso é fascinante, como seria bom se nós fôssemos capazes de agir dessa mesma maneira aqui na Terra, com certeza muitos problemas desapareceriam.

Além disso, há muitas outros pensamentos e atitudes desse povo que nos fazem perceber o quanto eles são bastante moralmente evoluídos com relação a nós aqui da Terra, porém, ainda são seres humanos e possuem algumas atitudes e ideais bastante ultrapassados, como o caso do Rei Argaven XV, que acredita no governo pelo medo e que nada mais funciona para governar seu povo ''O medo é rei!''. Portanto, apesar de ser um livro que perde muito da metade para frente, e mesmo não tendo um clímax no final, ainda sim é um livro importante e que deve ser lido e analisado sobre o que nós poderíamos aprender com esse povo, que ao mesmo tempo são tão parecidos, mas que são tão diferentes de nós.

Guacira.GonAalves 01/06/2023

Não se tornou uma ficção preferida, mas teve seu valor ao longo da leitura. Genly Ai é um homem da Terra em missão em um planeta chamado Inverno e passa um pouco pelos perrengues de ser diferente das pessoas daquele mundo desconhecido. Ele é representante de grupo de mundos e precisa fazer uma aliança com uma espécie de "homens" que têm guardado em si ambos os sexos masculino e feminino. Ele faz aliados, ao mesmo tempo que é tratado de pervertido por trazer em si um único gênero que pode ser utilizado para acasal a qualquer época do mês, diferente dos habitantes de Inverno.
Uma história interessante, principalmente, pelo contexto em que as pessoas vivem naquele lugar.

Eduarda 30/05/2023

Nusuth
Gosto muito de livros assim, em que mergulhamos subitamente em um novo universo, com suas próprias culturas, linguagens, e vamos assimilando pouco a pouco com o decorrer da história. E nesse livro, assim como Genly Ai, passamos por esse processo de construir um entendimento sobre os gethenianos. Apesar de algumas problemáticas contextuais, foi uma leitura muito boa, dinâmica e original.

Thayssa.Tannuri 30/05/2023

Ficção científica é um gênero literário bem fora da minha zona de conforto, mas já queria ler "A Mão Esquerda da Escuridão" de Ursula K. Le Guin por conta de um vídeo da Rita Von Hunty sobre! Fui surpreendida com a forma como este livro me cativou desde o início. A trama política e nossa curiosidade sobre os habitantes do planeta 'Inverno' fazem dele um livro difícil de largar. Amei, uma aventura magnífica ?

Erich 29/05/2023

Somos arrancados um pouco da realidade-comum e colocados dentro de uma possibilidade inovadora para ver e pensar o mundo.

Os conceitos centrais que parecem permear a obra são: 1 - a "expansão" galáctica, e 2 - a existência de uma raça sem a dicotomia masculino/feminino. Apesar de que outros conceitos são também abordados.

O contato entre diferentes civilizações surgindo por um conceito de colaboração, quase que um sistema de troca de conhecimento e nada mais, é bem interessante e bem diferente das concepções apresentadas tanto em Isaac Asimov quanto por Frank Herbert. Ursula Le Guin faz inclusive algo interessante, ao explorar a essa expansão galáctica sem inventar um meio de transporte acima da velocidade da luz.

Quanto à raça, no planeta Inverno temos humanos que não se "dividem" entre homens e mulheres. Todos são uma forma "híbrida" e assexuada na maior parte do tempo mas que seguem um ciclo assexuado-sexuado análogo ao ciclo menstrual. O período de "menstruação", seguindo a analogia, seria o periodo kemmer, quando os orgãos sexuais surgem. Porém, não é algo definitivo que um humano de inverno assumirá a forma masculina ou feminina durante o kemmer; isso pode mudar de um ciclo para o outro. Dito isso, o interessante desse exercício mental é pensar como seria a sociedade se não existe uma distinção evidente entre os indivíduos e existe uma limitação clara a todos. Na primeira camada, isso nos faz entender que se a sociedade fosse feminina a estrutura de trabalho levaria em consideração a menstruação da mulher. Naturalmente, a discussão é mais profunda do que isto.

A questão sexual dos karhideanos é abordada pelo ponto de vista, de certo modo preconceituoso, do "alienigena" (extra-Invernense talvez) Genly Ai, um homem. E ele demonstra, como um choque cultural, a dificuldade dele de entender o outro, os humanos neutros. Inclusive por não ter palavras exatas de como descrever aquilo, pois não faz parte da sua realidade original.

Rodrigo 28/05/2023

Leitura obrigatória
Este livro é um grande clássico da ficção-científica. Ele conta a história de Genly Aí, um emissário da humanidade que pousa em Inverno, onde reina um clima severamente frio. Este é um mundo complexo que, embora povoado por humanos, este tem uma constituição biológica bastante diferente dos humanos em geral. A sociedade também se organiza de forma complexa, com diversos reinos que se relacionam com desconfiança e disputas, o que acaba sendo transferido para Genly na sua missão de estabelecer contato entre este planeta e o restante da humanidade. Grande livro.

A geógrafa 27/05/2023

O Plot Twist salva esse livro
Eu estava esperando muito desse livro no começo, pois ele começa super bem, mas chega num capítulo que passa a ser praticamente só descrição de paisagem e uma longa viagem no meio do gelo. Me lembrou muito Senhor dos Anéis pq demora pra ter algo marcante, mas quando tem compensa um pouco a lentidão da história.
O Plot Twist que acontece quase no fim me chocou muito e eu melhorei a minha nota por causa dele. É um baita Plot Twist na minha opinião.

Alana.Benedito 20/05/2023

Difícil descrever essa experiência
Essa não foi uma leitura fácil. Longe disso, foi muito diferente, um pouco monótona aos padrões em que estou acostumada. Mas eu não me arrependo de nenhum parágrafo lido.

Foi uma experiência que me fez pensar muito sobre sociedade e a discussão de gênero, depois sobre nossos sentimentos como seres humanos, o que nos impulsiona e o que nos restringe.

Eu recomendo essa leitura, sabendo que não vai ser do agrado de todos. Mas para aqueles que gostam de reflexões, e podem ter paciência para driblar as dificuldades da leitura, eu acho que vai ser uma experiência única!

Mari1731 14/05/2023

Um livro maravilhoso!

Sinceramente eu esperava um livro com muitas discussões sobre papel de gênero e tals... mas a gnt tem q colocar ele na linha do tempo q foi escrito. Mas isso desrespeito ao q eu esperava, de forma nenhuma diminui a obra.

Nos faz sim refletir sobre o papel de gênero e de uma forma bem didática e leve. E mais que isso na vdd, fala sobre sistema de governos a estranheza do desconhecido.

Quero ler mais livros da aurora e acabo o livro tendo certeza que vou lembrar dele por MT tempo e recomendar para todo mundo.