O duplo

O duplo Fiódor Dostoiévski




Resenhas - O Duplo


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Nada 22/02/2022

É chato
Esta novela demonstra um personagem chato que nos mostra que tem algum problema psicológico pelos seus atos e diálogos e isto piora com a chegada do seu "duplo".

Foi o segundo livro publicado pelo Dostoiévski, um mês depois de "gente pobre", este livro não é nem um pouco fácil, é extremamente chato porém podem falar que eu estou passando o pano não me importo, mas está chatisse é necessária, pois esse livro entra na vida de uma pessoa extremamente detestável, chata e conspiradora não faz sentido o livro ser divertido já que retrata a vida deste personagem... e bato Palmas para Dostoiévski pela criação da narrativa, pois ele faz com nós cansemos dele por como ele fala, repete frases várias vezes, as vezes não termina alguma frase, gagueja, faz pausas e isso nos desgasta de uma forma muito arquitetada, msm sendo chato eu gostei e além da bagagem psicológica que ao decorrer do livro o personagem vai entrar cada vez mais na loucura, não recomendo este livro pois ele é bem difícil de se ler, tem q ter vontade msm

Percebi que este livro é que nem Dom Casmurro, não podemos só le-lo temos que ler ligados no que a narrativa nos dá umas pontas soltas para entendermos o que esta acontecendo e isso acrescenta demais na trama
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Natty 18/02/2022

O Duplo e as Consequências
O Duplo vêm da insatisfação de Golyádkin com seus colegas de trabalho,ambiente hostil, moradia... e é somente após um incidente particularmente embaraçoso que o seu Duplo,uma cópia sua,aparece na história.Assim,começa um fluxo de consciência truncado,ritmado na ansiedade e desespero o que dá um tom arrastado,e em certos momentos confusos na narrativa,porém nada mais fiel à mente humana.

Golyádkin segundo,seu duplo, é simpático, bem quisto pelos colegas de trabalho,sociável, praticamente seu oposto.O conflito do livro vêm justamente da incapacidade de Golyádkin de não torna-se como seu igual__O Golyádkin segundo.O Duplo é na minha opinião a máscara do próprio protagonista tomada como vida,sendo esta mesma nada mais do quê o Golyádkin primeiro deveria ser perante a sociedade,adequar-se e ,finalmente ser aceito por ela.

Acompanhamos um funcionário público que aos poucos vai enlouquecendo com o delírio de haver um outro igual ele na aparência e no nome,mas não nas ideias e atitudes,que aliás eram as mesmas que ele queria ter,no entanto não as tinha por medo,despeito ou moral. Então ouso pensar nas seguintes questões:

Assim vêm a loucura?Como o ser humano perde a noção de realidade?

Penso que os loucos são aqueles que não conseguiram controlar,dominar o acaso e renderam-se livremente ao seu duplo😒🤷‍♀️

A linguagem do Duplo é um espelho da mente do personagem principal __Golyádkin primeiro,por isso muito confusa:frases sem sentido,repetitivas.Ele é ser com muitas angústias,baixa estima e sempre está na defensiva.Vemos que há agonia permanente e cresce à medida que a leitura avança e confesso que senti pena e tristeza pelo herói que nunca desiste de combater os inimigos mas não entende o que acontece à sua volta.

De antemão já declaro que #dostoumgenio entregou uma obra perfeita da psique humana com autoconhecimento.O Duplo exige bastante atenção aos detalhes, uma leitura para ser feita com calma e vale cada segundo de nossa atenção!😊

Ps:Dostoiesvisk trabalha com personagens humilhados,miseráveis,pobres com poucas perspectivas de vida melhor.Sua obra é o laboratório para estudos de casos ao que refere-se aos transtornos mentais.#ficadica


site: nstagram.com/p/CaFkq_RLhRm/
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Rebecca Karamazov 17/01/2022

Maravilhoso
Dostoievski para sempre vai valer a leitura. Um gênio!
?O senhor Golyádikin reconhecera por completo seu amigo noturno. O amigo noturno era ele mesmo ? o próprio senhor Golyádikin, outro senhor Golyádikin, mas absolutamente igual a ele, era, em suma, aquilo que se chama o seu duplo, em todos os sentidos??
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Vinicius Lima 16/01/2022

Decepção
Amei a ideia do autor, mas detestei a forma como ele desenvolveu a história. Cheia de repetições, com um protagonista extremamente chato (pra não dizer burro) e um final até previsível, o livro poderia ter umas 100 páginas a menos que não fariam falta. Até o momento, do autor só li Gente Pobre e agora este, mas achei ambos razoáveis. Espero não me decepcionar com Crime e Castigo, que dizem ser um dos melhores.
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Asleep 14/01/2022

O filme é muito melhor
No geral esse livro não é ruim, só é chato. A história é interessante mas o protagonista é muito mas muito chato.
Vinicius Lima 15/01/2022minha estante
nossa, peguei ranço do protagonista kkkkk


Natty 15/02/2022minha estante
Qual o nome do filme? Tem na Amazon?


Asleep 15/02/2022minha estante
"O Duplo" de 2013 tem na Amazon


Natty 15/02/2022minha estante
Obrigada




Paula 13/01/2022

O duplo de cada um
Yákov Pietróvitch Golyádkin é um conselheiro titular que tem o nome mais pomposo do que de fato, é um cargo burocrático sem chances de projeções sociais. Golyádkin foi diagnostico pelo seu médico de solidão no qual lhe prescreve convívio social e "não ser inimigo da garrafa”. E eis que esse homem comum se arruma com mais fina roupa, aluga uma carruagem luxuosa e parti para uma festa em que não foi convidado. Pós confusão da intromissão, afinal não bastam roupas e dinheiro para aceitação deste funcionário comum em tal meio social, Golyádkin se depara com seu duplo. Nisso começa um fluxo de consciência truncado, ritmado na ansiedade e desespero o que dá um tom arrastado e em certos momentos confusos na narrativa, mas nada mais fiel a mente humana. Seu duplo é simpático, bem quisto pelos seus colegas, muito mais sociável, ou seja, praticamente seu oposto.

Com a maestria de Dostoiévski em narrar os anseios e a consciência de nós homens comuns, somos levados a pensar quantos de nós convivemos e desfilamos no dia dia com nossos duplos para ora alcançarmos nossos anseios dentro desse meio social e ora para sobrevivermos nele. Talvez até mesmo para alimentarmos a ilusão que nos permeia e nos dá folego a seguir diante das mazelas e da mediocridade da vida.

Embora a obra seja arrasta nos instiga a descobrir o final. E o fim é um vazio em que precisamos de um certo tempo para ordenar as ideias e preenchê-lo com reflexões, uma explosão delas. E ainda contamos com o posfácio de Paulo Bezerra que é um bálsamo que nos guia pelas mãos.

Por fim, o médico o leva, no início, ao encorajamento para o convívio social e é nesse convívio que Golyádkin colapsa em sua “loucura” e é levado pelo médico a sua mais profunda solidão e isolamento.

Ouço pensar que os “loucos” são apenas aqueles que não conseguiram controlar ou acaso se renderam livremente ao seu duplo. Meu duplo por ora está sob controle. Até quando? Impossível responder.
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Pedraish 08/01/2022

Dostoievski novamente impressiona
O Duplo conta a história do conselheiro titular Golyádkin, um funcionário de escritório incrivelmente desconcertado, ansioso e parvo, porém muito sincero.
A trama do Duplo vem da inadequação de Golyádkin com seus semelhantes, com seu ambiente de trabalho e sua própria moradia, e é somente após um incidente particularmente embaraçoso que o seu duplo, uma cópia sua, aparece na história.
O duplo é, na minha opinião, a máscara do próprio protagonista tomada vida, sendo esta máscara nada mais do que o que Golyádkin deveria ser, perante a sociedade, para finalmente se adequar e ser aceito por ela. O seu duplo é praticamente o seu oposto. Mantém relações cordiais com seu chefe e outros trabalhadores, consegue se explicar perfeitamente e possui uma autoconfiança inabalável, e o conflito do livro vem justamente da incapacidade de Golyádkin de se tornar como seu duplo, de colocar a máscara que pede a sociedade, de se adequar aos seus arredores.
Utilizando assim da psicologia para criar um drama caótico e trágico, Dostoievski mais uma vez concebe um livro sem igual, que, infelizmente, não é tão louvado se comparado a outros do autor.
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isabelle. 25/12/2021

?(?) até o próprio senhor golyádikin estaria disposto a considerar tudo isso um delírio quimérico, uma fugaz perturbação mental, um eclipse da mente (?)?

"se te esqueceres de mim, não me esquecerei de ti; tudo é possível na vida, não te esqueças tu de mim!" ? senhor golyádikin num diálogo com senhor golyádikin.
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João 12/12/2021

O que almejamos?
Francamente foi difícil á beça terminar esse livro; a leitura bem lenta e arrastada, tanto é que eu devia ter terminado em uma semana e que se delongou e foram duas semanas para finaliza-lo, e apesar das circunstâncias digo que não odiei o livro mas que também não amei, achei mediano.

Nesse segundo livro, lançado em 1846. Dostoiévski, conta a história do Sr. Golyádkin, que com o passar da história mostra que tem uma vida muito chata pacata, que tem transtorno de personalidade e que se esquiva anseia por interação social; introvertidos desajeitado, até para conversar com alguém o personagem mostra uma certa dificuldade, ele não consegue se expressar para finalidades de seus objetivos.

Com tudo, Golyádkin, em uma noite encontra um rapaz, incrivelmente igual a ele, que leva até o mesmo nome, que é o duplo, mas que tem as suas diferenças, o duplo de Golyadkin era tudo aquilo que ele almejava, tudo que ele queria ser, uma pessoa com garra, com perseverança e bem sucedido.

Esse livro, tem um fator muito interessante que é a psicanálise o psique do personagem, que é interessante ressaltar que mesmo antes de esse segundo Golyádkin aparecer na narrativa, já existia dois Sr. Golyádkin, o homem que ele é e o homem que ele se esforça para ser, como se ele não gostasse dele mesmo e criasse meio que um ?personagem? perfeito e que agradasse a todos.

Na minha opinião, o último capítulo foi muito bom, porque Dostoiévski não oferece uma resposta definitiva e cabe a cada leitor interpretar a sua explicação da história. Sr. Golyádkin tinha um gêmeo mesmo ou era delírio de sua cabeça?
Karol Alencar 12/12/2021minha estante
??????


Michela Wakami 12/12/2021minha estante
Misericórdia, você fez uma reescrita da obra. ??????????????


João 12/12/2021minha estante
??? gostou não?


João 12/12/2021minha estante
Recomendo o livro para vocês duas em ;)


Michela Wakami 12/12/2021minha estante
Li, ótima resenha kkkkk.
Mas pelo tamanho, achei que não iria precisar ler o livro.
??????


Michela Wakami 12/12/2021minha estante
O primeiro comentário, foi antes de lê-la.
Kkkkkkkk.


Karol Alencar 12/12/2021minha estante
????????


Karol Alencar 12/12/2021minha estante
Tu chama o livro de medíocre e recomenda pra gente ?! Que amigo é tu ?! ?????


Michela Wakami 12/12/2021minha estante
Faltou um ponto de interrogação no meu primeiro comentário.?


Karol Alencar 12/12/2021minha estante
Tá vendo aí Michela kkkkkkkkkkkkk


Karol Alencar 12/12/2021minha estante
Eu tô é fora ???


João 12/12/2021minha estante
Medíocre é mediano, vale a pena a leitura, sério, vai por mim.


João 12/12/2021minha estante
Obrigado, Michela :)


Michela Wakami 12/12/2021minha estante
KkkkkkkKarol, e depois , fica se justificando.


Karol Alencar 12/12/2021minha estante
A palavra medíocre apesar de significar mediano é mais comumente usada no sentido pejorativo, para designar alguém ou o trabalho de alguém como abaixo da média, ordinário, irrelevante, insignificante, vulgar?.

Mas enfim Obrigada pela indicação, mas não tenho interesse kkkk ???


Michela Wakami 12/12/2021minha estante
Por nada, João!?


João 12/12/2021minha estante
Estou pensando em editar, e trocar a palavra medíocre para mediano, apesar de ambas ter o mesmo significado, mas medíocre é uma palavra muito forte kkk e deixar parecer negativo ?


Karol Alencar 12/12/2021minha estante
Né isso amiga, esse Chicó ????


Michela Wakami 12/12/2021minha estante
Talvez soe melhor!?


João 12/12/2021minha estante
Vou editar ???


Michela Wakami 12/12/2021minha estante
?????


João 12/12/2021minha estante
Ficou melhor agora, apesar de ser um livro mediano, por ser arrastado e lento, vale a pena a leitura, a mensagem que ele passa. Quem não quiser ler não leia, mas eu indico kkk vão querer lacrar em outro lugar ?


Karol Alencar 13/12/2021minha estante
Lacre atrás de lacre, fecho atrás de fecho, eu trabalho destruindo o patriarcado, rompendo barreiras. ???????????????????


João 18/12/2021minha estante
???


DANILÃO1505 20/06/2022minha estante
Parabéns, ótimo livro

Livro de Artista

Resenha de Artista!




Lucas Lobo 24/11/2021

Confusão
Esse foi meu primeiro livro de Dostoievski, confesso que foi uma leitura bem difícil e confusa. Mas a mensagem do livro é bem interessante.
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LER ETERNO PRAZER 29/10/2021

"Duplo foi o segundo romance de Fiódor Dostoiévski, publicado apenas duas semanas após o lançamento de Gente pobre, foi um romance que não agradou muito ao público que havia absorvido bem até demais ao primeiro.
Talvez por "O duplo" ser uma obra onde seu enredo, posso dizer bem estranho!
Aqui nós vamos acompanhar as estranhezas de Golyádkin, um simples funcionário público Russo. Iniciamos com nosso protagonista se preparando para ir a um jantar na casa do chefe do departamento público onde trabalha. Com dinheiro no bolso se emperequeta todo, aluga uma carruagem e parte em passeio por São Petersburgo acompanhado de seu criado, Pietruchka. Mas antes resolve dar uma passada no consultório de seu médico e confiar ao doutor seus medos: a falta de jeito para falar que lhe atormenta e atrapalha a vida. O remédio, segundo o doutor, é sair, se divertir, se entreter. Coisa que Golyádkin pretende fazer nessa noite.
Dostoievski se refere sempre a Golyádkin, como "nosso herói" mas vi que no caso aqui iremos nos depara com um herói trágico. Golyádkin não esperava por tudo que ia lhe acontecer a partir de sua chegada ao jantar, ele é barrado na entrada do jantar, mas mesmo assim consegui entra de penetra, e se aproximar de Clara Olsúfievna, a aniversariante por quem é apaixonado. Mas a falta de jeito é claro, o impede de conseguir manter qualquer diálogo coerente com a moça, e depois de uma tentativa brusca de tirá-la para dançar, Golyádkin é afastado dela e expulso da casa na frente de toda a sociedade de São Petersburgo, de todos os funcionários importantes de seu departamento. A humilhação toma conta do protagonista, e é nesse momento que o senhor Golyádkin não só queria fugir de si mesmo, mas deixar-se destruir completamente, virar pó, sumir. Só que ao contrário desse desejo, porém, ele se duplica. E e aí que nossa história se enche de "estranheza". Nosso narrado se divide em dois, ou melhor "nosso herói" fantasia que dele sai um outro homem, alguém idêntico a ele, com o mesmo rosto e as mesmas roupas, uma pessoa que se dirige para o mesmo lugar para onde ele vai, sua casa. No dia seguinte, quando toma a decisão de aparecer no trabalho apesar de toda a vergonha do ocorrido no jantar, é o segundo Golyádkin, seu duplo, quem ele encontra no departamento. Um funcionário novo, abaixo de sua posição, com quem terá que dividir o nome e a mesa. Apesar de nervoso e confuso, o ?nosso herói? acolhe esse duplo, oferece sua casa para que ele descanse após o trabalho, ouve sua história e se compadece com ela.
Mas esse acolhimento dura pouco, mais especificamente até o momento em que o protagonista começa a notar os planos de seu duplo. O segundo Golyádkin é bem mais comunicativo e desinibido do que seu original, e é justamente por isso que ele consegue bajular e agradar aos seus superiores no departamento. Coisas que o original tem dificuldade em externar e fazer, o duplo o faz com maestria, e em pouco tempo se coloca dentro desse círculo até então fechado para o protagonista.
"O duplo" não é tão tranquilo de ler, isso porque a narrativa se concentra toda na confusão de pensamentos e atitudes de Golyádkin. Há momentos confusos, onde um fala e em segui vem o outro, você precisa estar bem atento para distinguir as nuances de cada um. Mas, mesmo sendo um livro bem diferente de sua primeira publicação, Dostoievski se mantém fiel ao seu estilo e a forma de criar seus personagens, Dostoiévski trabalha com personagens miseráveis, humilhadas, pobres, com poucas perspectivas de uma vida melhor. Golyádkin é uma personagem que, talvez, poderia ascender na vida, não fosse sua loucura e mediocridade como pessoa. Seu "duplo" nada mais é do que uma projeção do que ele gostaria de ser: desenvolto, bonito, falante, persuasivo. E é justamente esse desejo de ser diferente ? retratado pelo seu duplo ? que o leva para mais fundo nesse poço e o afoga em paranóias.
Se você conseguir penetrar no fundo do nosso Golyádkin irá ver que todo o desespero que ele desenvolve só cresce a cada página, você sabe que qualquer esperança que ele possa alimentar é uma fantasia ingênua, porque não há outra saída para ele além de um fim trágico.
"O duplo" um livro complicadinho de se ler, mas com toda a qualidade Dostoievskiana de sempre.
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Eder- 19/10/2021

A tonalidade "auto-messiânica" na duplicidade do ser dostoieviskiano
A tentativa de se compreender os "porões da alma humana" não é dos mais fáceis desafios. E Dostoiévski, como nenhum outro, logo nas primeiras obras, já demonstra inaugurar uma escola literária, em meio à grandes desdobramentos ocasionados por rupturas na sociedade de época em que viveu. Novos valores oriundos de profundas e dramáticas transições como a industrialização, o republicanismo no mundo ocidental, o capitalismo mercantilista, o expansionismo das potências e os ideias progressistas (estes mascarados na forma de democracia utópica) tornam a humanidade refém de uma esperança messiânica extrinsecamente buscada (mas não encontrada) nas superestruturas ou nas instituições. E neste particular encontramos a reprodução social do duplo, que perdura até agora em nós mesmos. Essa duplicidade de cada um é característica do homem contemporâneo, diante de uma sociedade complexa, que exige não apenas a ética, mas, sobretudo, a moralidade. O homem deve prestar contas ao coletivo, e não apenas ao seu consciente individual. Doravante, cria esperanças nos novos "eus" e nos novos "deuses", num ritual de interação reverberada na construção de "fachadas", que tornam-se extremamente evocadas no cotidiano (cf. Erwin Goffman). Nisto, manifestam-se ruídos, desilusões e reencantamentos vários, os quais adquirem formatos no imaginário social. Afinal, somos ou representamos aquilo que os outros vêm em nós. Precisamos nos metamorfosear para sobreviver e nos esquivarmos da solidão; aspecto, aliás, muito evidente nos dias atuais. E da herança dessa esperança messiânica auto-introjetada em nosso imaginário, exemplificada nesse duplo dostoievskiano, vemos a vital importância da batalha cotidiana como uma espécie de combustível que nos move em direção a essência de cada um, aos moldes nietzschianos: pois "a guerra é que nos faz forte" e não o platônico amor fajuta e dissimulado da fraqueza dos povos, protótipos da influência do cristianismo ocidental constantiniano. Nessa arte de guerrear contra si mesmo, o nosso herói Yákov Pietróvitch Golyádkin primeiro retroalimenta sua vida na luta constante ao seu antagonista: o Yákov Pietróvitch Golyádkin segundo. Neste campo de batalha é que o autor esforça-se em reproduzir, na arte literária, as insondáveis inquietações do subsolo da alma humana (o que mais tarde viria a se repetir, com maturidade, nas "Memórias do subsolo"). Ler O Duplo requer um exercício de imaginação fora do comum! Mas que também desvenda-nos os mais secretos e sórdidos cacoetes de nosso id, ego e superego.
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Diego Rodrigues 08/10/2021

A primeira expedição de Dostoiévski às cavernas da mente humana
Após abandonar a carreira militar para se dedicar a literatura, Dostoiévski viu seu romance de estreia, "Gente Pobre", cair nas graças da crítica. Publicado um pouco mais tarde naquele mesmo ano de 1846, "O Duplo" teve uma recepção bem diferente de seu antecessor. Incompreendida, a obra foi tida como uma grande decepção por aqueles que viam em Dostoiévski a possiblidade de um novo Gógol. Olhando em retrospecto, é possível entender o estranhamento que o romance causou. "O Duplo" marca o primeiro mergulho de Dostoiévski no psiquismo humano, elemento que se tornaria recorrente em seus escritos e que seria explorado mais a fundo em obras como "Crime e Castigo", "O Idiota" e "Os Irmãos Karamázov". Não que a psique humana não tivesse sido explorada na literatura russa até então, autores como Pushkin e Gógol já haviam tratado do tema, mas não da forma como Dostoiévski o fez. Mais que um simples curioso, Dostoiévski realmente buscava conhecimento sobre o campo da psicologia, talvez pelo fato de sofrer de epilepsia (há controvérsias quanto a isso). O fato é que o psiquismo era muito mais que simples interesse para Dostoiévski e "O Duplo" foi a sua primeira expedição às cavernas da mente humana.

Aqui nós vamos acompanhar o drama do pequeno funcionário público que almeja aceitação na alta sociedade. Golyádkin é diagnosticado com solidão e o médico lhe prescreve: convívio social e "não ser inimigo da garrafa." Mas o protagonista se vê emaranhado por uma teia de amarras morais e sociais, perdido em um labirinto burocrático sem fim numa Petersburgo cinzenta. Após um episódio traumático que desencadeia numa crise, Golyádkin se vê face a face com seu duplo. Seria sonho? Loucura? Uma peça pregada pelos colegas de trabalho? Golyádkin então passa a conviver com seu duplo, o que rende até alguns momentos de humor, mas aos poucos o recém chegado vai se revelando um verdadeiro tormento para o original.

Construídos com maestria, os diálogos roubam a cena em "O Duplo". Não só as conversas entre Golyádkin e seu duplo são excepcionais, como também as conversas que o protagonista tem com seu médico, seus colegas de trabalho e seus superiores, e até mesmo seus longos monólogos, tudo parece um intrincado jogo de xadrez psicológico no qual Dostoiévski vai movendo as peças até chegar ao xeque-mate: um trágico desfecho propenso a mergulhar o leitor em um estado de melancolia.

Mas seria essa uma leitura complexa? Não! Apesar de todo o labirinto psicológico envolvido, "O Duplo" é um romance extremamente fluido (talvez o Dostoiévski mais fluido que já li). Com pouco mais de duzentas páginas e de rápida leitura, acredito que esta seja a porta de entrada ideal para aqueles que pretendem embarcar na obra dostoievskiana. Sem contar que a identificação com o protagonista acontece de forma muito natural, afinal, quem nunca de sentiu deslocado no meio social em algum momento? Sabe aquela sensação de não se encaixar? Quantos de nós somos duplos sem perceber? Quantas vezes criamos uma outra versão de nós mesmos para cumprir as conveniências sociais e acabamos nos perdendo dentro dela, presos em nossos próprios papéis? Questões como essas surgirão ao longo da narrativa. Se prepare pra ser incomodado, essa não é uma leitura agradável.

Quanto a edição da 34, falar sobre é chover no molhado, né? Com tradução e posfácio de Paulo Bezerra e ilustrações do expressionista austríaco Alfred Kubin (que dialogam muito bem com a obra), a edição entrega tudo para que o leitor tenha a melhor e mais completa experiência de leitura. Aquele cuidado especial que todo romance dostoievskiano merece.

site: https://discolivro.blogspot.com/
@quixotandocomadani 09/10/2021minha estante
Show de resenha! Preciso ler esse livro! ?




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