João 29/01/2023
loucura, viu?
a única coisa que consigo pensar ao definir esse livro é: sei lá. realmente não sei se gostei, porém não vou mentir e dizer que não me tocou da cabeça aos pés com seu tom poético. é visceral, desconcertante, como se você desbravasse todas as camadas do desejo e só restasse você e os seus bloqueios, suas inseguranças. Esse livro é extremamente desconfortável de ser lido, pois você se sente exposto do início ao fim, seja com as cenas eróticas ou com a sinceridade excessiva em que é retratado todo o romance. Posso até chamar esse livro de chato, pois tem muito lenga lenga no flerte, no desejo e para nós isso é chato, porque já vemos isso demais na vida real e às vezes, saímos da realidade e migramos pra ficção justamente para esquecer um pouco isso. Nós gostamos de rapidez, fluidez, intensidade, mas, acredito eu, que não somos assim, nunca vamos chegar extremamente confiantes numa pessoa do nada que não conhecemos para desenrolar algo. Somos inseguros, temos uma certa tendência a questionar da nossa beleza, do nosso poder de atração, da nossa personalidade e o livro mostra PERFEITAMENTE isso. O Elio, personagem principal, sofre com essa sensação relativamente nova e insuportável que sente pelo Oliver, mas tem toda a insegurança de chegar nele e ser zombado ou passar por ele e ter que suportar o fato de que a família dele pode descobrir. Sei lá, posso estar viajando e muito. Enfim, se eu pudesse definir esse livro em uma palavra apenas, eu usaria Intimidade. Dói e dói muito, não chorei, mas doeu, não sei se foi porque me via em algumas situações várias vezes, pela ótima escrita abstrata. Acho que nem vou tentar buscar o porquê machucou tanto, o porquê a angústia foi tamanha, porque a incompreensão, as vezes, é melhor.