Eu e Outras Poesias

Eu e Outras Poesias Augusto dos Anjos




Resenhas - Eu e Outras Poesias


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Gabriela 30/09/2018

Este livro estava parado na minha estante desde o final de 2014, quando comprei-o na festa de lançamento, com direito a dedicatória do ilustrador e da organizadora do roteiro de leitura e tudo mais. Era um tanto vergonhoso que não tivesse lido a única obra do poeta paraibano mais conhecido, mas eu acho que ainda sou um tanto "traumatizada" por ter sido forçada a ler e a tentar entender alguns desses poemas na escola.

Mas, neste ano, me "obriguei" a lê-lo para "desencalhá-lo" da estante e o resultado foi mais ou menos o que esperava. Eu compreendo a importância de "Eu" e entendo que foi (e ainda é) inovador, pois ninguém fez poesia com essa temática como Augusto dos Anjos fez. Porém, decididamente não é o tipo de leitura que gosto de fazer.

Ele fala da morte, mas não como aquela coisa abstrata, não como uma lamentação, uma saudade, dos que já foram, como é comum encontrar poemas por aí. Aqui a morte é tratada da sua maneira mais crua, falando de putrefação e decomposição do corpo e das vísceras, falando do medo paralisante da morte, esse tipo de coisa. Então, não é uma poesia agradável de ler, sabe? Também é uma poesia difícil de ler em relação ao vocabulário usado; li o tempo todo como meu celular do lado para poder consultar palavras como: álgida, abstrusa, adrede, e por aí vai.

Apesar de o tema não ser belo, a estrutura e o ritmo da poesia de Augusto dos Anjos são impecáveis. É um assombro que este homem tenha conseguido falar de tantas coisas nefastas, dentro de uma estrutura rígida como um soneto (há diversos deles), também com rimas ricas, aliterações, etc. Neste ponto, tenho que dizer que o roteiro de leitura feito pela profª. Neide Santos foi de grande ajuda. Além de trazer uma breve revisão de conceitos como ritmo, rima e métrica, ela faz uma breve análise e uma proposta de atividades para compreender e "sentir" melhor a poesia de Augusto dos Anjos. Embora o roteiro fale sobre apenas 19 poesias, a professora tenta chamar atenção para os pontos principais daquelas poesias, que são compartilhados por várias outras.

Por fim, mesmo não tendo gostado da maioria das poesias, porque a temática não é bem do meu agrado, isso não quer dizer que não gostei de nada. No geral, as poesias de que gostei são as que falam menos do aspecto físico da morte e mais sobre os sentimentos, como "Debaixo do tamarindo", "Idealismo" e o poema final do autor, "O Último Número".

site: https://bibliomaniacas.blogspot.com/
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Dos Anjos 18/01/2009

O Moderno em Augusto.
Considerado um dos precursores/continuadores da modernidade em poesia, o livro Eu e Outras Poesias, trás um poeta visceral, pessimista e ao mesmo tempo clássico, que através de termos apoéticos, linguagem científica e oxímoros vários, dá continuidade ao que começou Baudelaire, passando por Rimbaud, Mallarmé,etc.Leitura Obrigatória e recomendamos para estudo: Augusto dos Anjos - Toda a Poesia(Ferreira Gullar)Editora Paz e Terra-1976.
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Cris 09/06/2017

Darwinismo Splatter
Sintonizado com o pré-modernismo da literatura brasileira da época, a exemplo das obras de Lima Barreto, Augusto dos Anjos usa o fantástico, o macabro, o surreal para tecer ferozes críticas contra tudo e todos.
Lado a lado à fantasia mais delirante o autor injeta doses maciças de biologia, astronomia e darwinismo transformando "Eu", seu único livro publicado, em uma versão em forma de poema daquele mesmo universo gótico-científico-"gore" compartilhado por Poe, Lovecraft, David Cronenberg e Clive Barker.
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Joyce 23/06/2020

Magnífico
A leitura foi muito agradável.
"A pirâmide real do meu orgulho, hoje sou apenas matéria e entulho, tenho consciência de que nada sou!"
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Beatriz 26/06/2020

Sem palavras...
Meu deus, o tempo todo fiquei de queixo caído com tanta habilidade e eloquência da obra. Um dos meus poetas favoritos
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Ingrid.Pardinho 12/12/2020

Na poesia de Augusto dos Anjos a dor se torna arte
Augusto dos Anjos era um grande poeta, extremamente melancólico e profundo, não poupando palavras para demonstrar sua dor.
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Erick 20/12/2020

"alma às escuras, alma aflita"
O poeta paraibano Augusto dos Anjos transformou seu sofrimento em arte. Nascido no final do século XIX no nordeste brasileiro, antecipou a temática modernista numa métrica ao mesmo tempo rígida, consistente e ritmada. Augusto morreu precocemente aos 30 anos, tendo lançado apenas este “Eu e outros poemas”, onde é nítida a influência do cientificismo positivista em seus versos, numa mescla com uma visão cristalina dos conflitos da existência do humano.
Há quem enxergue crueza e pessimismo em seus poemas – não sem todo sentido. Entretanto, seus versos expressam muito mais do que uma mera perspectiva do sofrimento humano, em vez disso, o assume como matéria-prima de sua cosmovisão. Os vermes que se alimentarão da nossa corporeidade não são mais pessimistas do que nós, que seremos devorados por sua ânsia de subsistir. A vida é assim; devemos internalizar tal condição, como ele recomenda no poema “Versos íntimos”:

Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!

A lama que cobrirá os corpos de todos que um dia viveram é nosso destino inelutável e assombrar-se com isso é padecer de demasiada ingenuidade. Devemos, sobretudo, lutar contra essa brutalização que se naturaliza com a modernização das sociedades, contra essa “necessidade de também ser fera”. Augusto evidencia a hipocrisia humana, essa mão que ‘afaga e apedreja’: difícil confiar no outro quando as relações se reificam, tornam-se relações entre coisas, não mais relações entre pessoas. A desconfiança da vida urbana nos torna mais frios, sem sensibilidade em relação a nossa condição trágica que nos atinge a todos.
O progresso que a ciência – os seus lacaios, melhor dizendo – nos promete é motivo constante de crítica de Augusto. O avanço da sociedade tem como contraparte um retrocesso que nos constrange perante nossa própria fragilidade. Uma das saídas da sociedade industrial é a medicalização do sofrimento – Augusto antecipa em décadas a crítica antipsiquiátrica. No poema “A lágrima”, ele expressão sua visão de duas ciências (Farmácia e Medicina) que iniciavam sua supremacia sobre as demais através da lógica da racionalização imposta pela modernidade:

-A farmacologia e a medicina
Com a relatividade dos sentidos
Desconhecem os mil desconhecidos
Segredos dessa secreção divina

E logo a lágrima em meus olhos cai.
Ah! Vale mais lembrar-me eu de meu Pai
Do que todas as drogas da farmácia!

Pílulas não dão conta do sofrimento humano, nossa inelutável condição trágica. Ao poeta, vale mais o exercício da memória de seu finado pai, pois a lembrança de que a morte alcança a todos é um alívio desse sofrimento cotidiano. O choro é catártico e as lágrimas que escorrem pelo rosto do poeta concretizam sua profunda dor de existir. Quem disse que homem não chora? Tá bom, falou!
No poema “Solilóquio de um visionário”, o poeta dialoga com quem mais o entende, seu daimon que não lhe mente nunca, que evoca o mistério da existência e faz da verdade do indivíduo um labirinto onde se perder é extremamente necessário. Achar-se significa submeter-se a noções pré-estabelecidas. Resta-nos, portanto, admitir que viver é insolúvel e perdermo-nos no mistério da transcendência que nos cerca:

Pelas monotonias siderais…
Subi talvez às máximas alturas,
Mas, se hoje volto assim, com a alma às escuras,
É necessário que inda eu suba mais!

A morte é um tema onipresente na obra de Augusto. Não há como viver sem pensar diariamente na nossa finitude. A qualidade de nossos dias na terra dependem de como concebemos tal conflito. O poema “Vozes da morte”, onde o poeta homenageia um Tamarindo, uma árvore pela qual ele sente um sentimento de identidade mortífera, é notável nesse sentido. A morte não é um fenômeno que atinge apenas aos seres racionais: todo ser animado padece de algum modo de finitude. Devemos, isso sim, pensar nos termos dos limites aos quais somos condicionados, pois uma espécie de reflexão que o poeta se afeiçoa muito nem mesmo reconhece tais limites:

Agora, sim! Vamos morrer, reunidos,
Tamarindo de minha desventura,
Tu, com o envelhecimento da nervura,
Eu, com o envelhecimento dos tecidos!
Ah! Esta noite é a noite dos Vencidos!
E a podridão, meu velho! E essa futura
Ultrafatalidade de ossatura,
A que nos acharemos reduzidos!
Não morrerão, porém, tuas sementes!
E assim, para o Futuro, em diferentes
Florestas, vales, selvas, glebas, trilhos,
Na multiplicidade dos teus ramos,
Pelo muito que em vida nos amamos,
Depois da morte inda teremos filhos!

É evidente a temática espiritualista nesses dois últimos poemas que analisamos. A morte nunca é um fim em si mesmo, mas uma passagem para uma outra condição. Ao mesmo tempo em que Augusto é influenciado pelo contexto cientificista do fim do século XIX, também repercute a vida do espírito num mundo dominado pelo materialismo. O século XX será fértil no renascimento da espiritualidade e o poeta não está alheio a esses movimentos cósmicos dos quais somos modificações.
O conflito ontológico é a temática de “Vítima do dualismo”: o dualismo é exatamente essa ambiguidade que a passagem do século XIX, que concretizou no âmbito da ciência todas as conquistas intelectuais do iluminismo que o antecedeu, para o século XX, dilacerado pelas contradições intrínsecas de um desenvolvimento que não é pleno de sentido em toda a sua amplitude:

Ser miserável dentre os miseráveis
— Carrego em minhas células sombrias
Antagonismos irreconciliáveis
E as mais opostas idiossincrasias!
Muito mais cedo do que o imagináveis
Eis-vos, minha alma, enfim, dada às bravias
Cóleras dos dualismos implacáveis
E à gula negra das antinomias!
Psiquê biforme, o Céu e o Inferno absorvo…
Criação a um tempo escura e cor-de-rosa,
Feita dos mais variáveis elementos,
Ceva-se em minha carne, como um corvo

Antagonismos, idiossincrasias, antinomias...tais palavras expressam o estado mental de um poeta que não necessita de coerência pois é absolutamente cônscio de que a vida não se resolve pela lógica racional. Há incrustado em nossas células toda a história da humanidade, com todas as possibilidades que encerram tanto a pulsão de vida quanto a pulsão de morte. Não à toa, há diversas interpretações psicanalíticas dos versos de Augusto, contemporâneo de Freud, trágico e ligeiramente pessimista como ele. Essa dimensão trágica encerra a biformidade de nossa psique, que ora vive sob o Céu da alegria, do amor, do prazer...ora sob o Inferno da privação, da melancolia, da tristeza...
O pessimismo aludido, contudo, não deve ser confundido com ausência de vontade de viver: há no tecido de nossos órgãos, nas células de nosso sangue, em cada pelo de nosso corpo uma imensa vontade de vida, de afirmar o que não pode ser negado, embora clivado pelo mistério. O poema “Saudade” também é sintomático nesse sentido, pois concilia o diagnóstico trágico da existência com a vontade de viver e descobrir cada vez mais que significa esse mistério, pois cada segundo de nossas vidas é uma ocasião de prosseguir na missão de conceder sentido para nossos atos:

E assim afeito às mágoas e ao tormento,
E à dor e ao sofrimento eterno afeito,
Para dar vida à dor e ao sofrimento,
Da saudade na campa enegrecida
Guardo a lembrança que me sangra o peito,
Mas que no entanto me alimenta a vida.

O alimento, portanto, do poeta é o sofrimento. Não adiante querer dele fugir, ele nos persegue como nosso alter-Ego, como uma sombra que conflita com nosso aspecto numinoso. Sangrar não é problema, pois a vida em si mesma possui uma capacidade infinita de regeneração. O nosso organismo é potente o suficiente para resistir à pulsão de morte que nos espreita, pronto a nos pôr no chão sob sete palmos.
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João 04/11/2021

Morte
A complexidade dos poemas de Augusto dos Anjos talvez seja a maior de sua arte. Não me causa, efetivamente, o afeto poético que tenho por outros poetas, mas Augusto dos Anjos soube me impressionar.
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vannessa 15/01/2021

Poesia
Nunca tinha lido nada do Augusto dos Anjos, gostei de alguns poemas e outros achei muito melancólico. Uma pequena seleção de poemas do Augusto.
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Emanuel Xampy Fontinhas 29/01/2021

...
As ciências, especialmente a medicina, a química e a biologia, são as principais metáforas de sua poesia, que falam de morte, tristeza, vazio. O amor quase não aparece, e quando aparece, é de uma maneira lúgubre, melancólica, pessimista e nada óbvia. Vários poemas favoritos, principalmente "As cinzas do destino" e "Eterna Mágoa".
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Bruna 11/04/2021

Não é a toa que Augusto dos Anjos foi eleito como o paraibano do século XX. Uma poesia sem comparação, cheia de significado e que tem essa característica marcante de relembrar nossa insignificância em face da morte.

Leitura que vale a pena demais, mas que deve ser feita com calma, pra apreciar e compreender tudo que está contido em seus versos. Muito orgulho de ser conterrânea desse poeta ímpar!
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Carol.Panaro 23/02/2020

Augusto dos Anjos era grande, gigantesco, em dor, em alma. Uma mistura de niilismo com sementes de esperança que não há como explicar. Augusto dos Anjos não se explica, se lê e se sente, apenas. Carrego comigo essa edição que comprei aos 16 anos, quando o descobri, e certamente é um exemplar que protegerei a sete chaves.
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dan wesley 22/05/2021

Eu e Outras Poesias
Um dos autores/obras que fez eu me apaixonar por poesia
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Naty 04/09/2021

Dizem que é o poeta mais original brasileiro, um dos primeiros livros de poesia que eu leio, gostei de alguns poemas (o do morcego) mas outros não me agradaram tanto....
Se planeja lê-lo, boa sorte...
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Joachin 04/12/2012

É preciso ainda desvendar os vários símbolos semânticos e os significados da poética soturna engendrada pelo paraibano Augusto dos Anjos, que é, sem dúvidas, um dos maiores poetas brasileiros de todos os tempos. Mais do que os versos clássicos, me chama a atenção esse trecho de "Solilóquio de um visionário":

Para disvirginar o labirinto
Do velho e matafísico Mistério,
Comi meus olhos crús no cemitério,
Numa antropofagia de faminto! (p. 62)

Segundo as palavras de Orris Soares, o adolescente Augusto dos Anjos, de tão enfermiço e tímido, lembrava "um pássaro molhado, todo encolhido nas asas, molhada na chuva". Augusto dos Anjos representa o lado sombrio do cientificismo finissecular e apresenta uma enorme intimidade com uma angústia de implicações existenciais profundas, na qual é notável sua obsessão pelas imagens da carne sendo submetida aos mais variados processos de putrefação após a morte.

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