Nico 10/02/2024
Tenebroso (mas não de um jeito bom).
Quando minha amiga sugeriu que lêssemos juntos esse livro, fiquei absurdamente empolgado.
Distopia? Proibido ler? Bombeiros que queimam livros? MEU TIPO DE COISA!
Contudo, o argumento do livro vende uma ideia muito melhor do que a história na prática. Cheguei a comentar com a minha amiga que achei o livro "desalmado", porque tudo me pareceu sem emoção, não prendia atenção, não aflorava expectativa do que nem de como os acontecimentos se dariam. É, no máximo, uma ideia muito boa com uma execução fraca.
O personagem principal não tem um traço de carisma sequer. A única personagem interessante na trama é descartada tão repentina e aleatoriamente que nem parece que é real.
Alguns plots interessantes ds história foram cem por cento descartados, como, por exemplo, uma suposta tentativa de suicídio e o fato de que alguns dos personagens tinham claros lapsos de memória. Cheguei a supor que isso tinha alguma relação com as pílulas "para dormir" que eles sempre tomavam. Esse foi o único momento que me gerou alguma espécie de empolgação, que se perdeu totalmente quando percebi que nenhuma dessas ideias voltaria a ser explorada.
O autor demora tempo demais descrevendo coisas de maneira muito poética -o que não é necessariamente ruim, sendo bem feito, o que não foi o caso, mas se retém no desenvolvimento dos acontecimentos importantes do enredo. Me pergunto, o que é mais importante, o aroma das árvores ou a construção da relação entre dois personagens que precisam confiar um no outro porque estão desobedecendo a lei?
Sem contar que essa descrição excessiva vai de encontro com a falta de vocabulário em algumas partes. O cara usa a palavra crepitação para descrever o bacon sendo frito, mas usa a palavra frigideira duas vezes na mesma frase. Inimigo dos pronomes como forma de coesão.
Minha sensação, em geral, é que o autor teva a ideia geral da história, sabia como queria que ela terminasse, mas não deu tanta importância ao resto do enredo, como se tivesse pressa para chegar onde queria.
A crítica que o livro aborda também foi muito prejudicada pela forma com que este é narrado. Honestamente? Achei uma crítica bem superficial e fraca, mas, para além disso, há momentos tão explícitos e repetitivos que se tornam massantes e você só pensa "tá, já entendi, as pessoas então vazias por dentro" enquanto em outros acontece o exato oposto e você se pergunta "por que isso aqui não foi melhor explorado?"
O pior, para mim, foi a leitura do profácio, no qual o autor fala sobre cenas que outras pessoas criaram e que ele gostou muito e ABSOLUTAMENTE TODAS AS CENAS QUE ELE DESCREVE no profácio são boas e deixariam o livro muito mais interessante.
Cansativo e frustrante.