Flávia 01/07/2014Ainda estou tentando entender o título do livro. Aliás, ainda estou tentando entender o livro. E não me venham com esse “mimimi” de “ah, é Gabriel Garcia Márquez, é cult, é sei lá mais o quê”. O livro traz (algumas, poucas, soltas) memórias de um homem de noventa anos. E, no meio dessas memórias, ele se apaixona, um caso peculiar de amor platônico. Não que seja menos amor, longe disso. Mas, platônico.
O personagem principal é um senhor só e prático. Quando digo só, não entenda como solitário, apenas não se cerca de tantas pessoas quanto deveria (será que deveria?). E prático com o trabalho, com o amor e com as finanças. Mantém o mínimo para sobreviver e quando precisa de “amor” recorre às casas profissionais. E sempre foi assim, desde sua primeira vez, passou a pagar para ter os prazeres da carne e atenção. Uma vida tão vazia... Ou muito divertida e sem peso? Não sei, só vivendo.
Gostei da forma como a vida é retratada, mesmo em meio às tristezas, não há drama. Mostra a estranheza do comportamento humano. Embora tenha sentido certo ar depressivo. Não que seja intencional do livro, mas traz algumas sensações melancólicas. Não gosto quando me mostram o que o tempo faz com as pessoas. Espero ter sabedoria suficiente para compreender a velhice, não apenas as limitações que ela traz, mas como lidar com o mundo ao redor, repleto de pessoas mais novas.
“E me acostumei a despertar cada dia com uma dor diferente que ia mudando de lugar e forma, à medida que passavam os anos.” – pág 7 (ebook)
Não gostei da história no geral porque achei um pouco fraca, talvez eu imaginasse outra coisa, mas a impressão que tenho é que o livro quis falar sobre várias coisas e ficaram todas pela metade. Sinto que não há um desenvolvimento porque mesmo com o amor, diversas vezes tive a sensação de que o autor tinha encerrado esse tema e daria outro prosseguimento, e de repente, voltava para o mesmo ponto.
O que posso concluir com esse livro? O amor tem formas estranhas mesmo. Cada um se satisfaz com aquilo que considera merecer. Será válido descobrir o amor tão tarde? E não poder desfrutá-lo do modo e pelo tempo que quiser? Saber que tudo é urgente e limitador?
Entendi a falta de pretensão do livro ao impressionar, mas assim?
“Não se engane: os loucos mansos se antecipam ao porvir.” – pág 40 (ebook)