laurxleft 26/12/2022
Não vou dizer que esse livro é ruim, mas ele me deixou bem desconfortável.
O protagonista, na véspera de completar 90 anos e na ânsia de se sentir vivo, telefona para uma antiga amiga cafetina e pede que lhe arranje uma virgem. Ela, então, arruma um encontro entre ele e uma menina de 14 anos, que, de tão nervosa, toma litros e litros de álcool para se acalmar. Assim se encontram. Ele, um escritor nostálgico, e vendo o que sua vida se tornou, não faz ?nada? com ela além de fantasiar. E assim passam a ser todos os seus encontros. Ele se apaixona por ela sem nunca ouvir sua voz, ve-la vestida ou acordada. Poderia parecer romântico se ela nao fosse uma menina de 14 anos (ou menos!) e ele um velho de 90.
Ao longo do livro, ele lembra com saudosismo e nostalgia como era sua vida. Temos contato com a solidão que ele enfrenta e isso o gabriel foi feliz em retratar. Sem família, amigos, filhos. Com um gato, que ele não se apega mas que lhe faz companhia. A fantasia com a menina parece fazer sentido, é a única forma de ocupar sua casa. Conseguimos, mesmo, ver a vida aos 90, contemplar as escolhas estupidas ao longo da vida, as chances perdidas, tudo que teria alterado o infeliz destino dos últimos anos. Não consigo, porém, sentir pena do protagonista. Ele me parece ser, mesmo, o tipo de homem que eu torceria para morrer sozinho. Mas a velhice realmente è uma coisa triste. Não a idade, mas a ideia de não ser mais quem sempre se costumou ser.
Acredito que se o protagonista fosse outro eu gostasse mais desse livro. Mas talvez se fosse outro não seria tão real. Eu consigo ver vários rostos quando imagino ele. No geral, o livro é bom, o gabriel segue sendo genial, mas tem um ?q? que me incomodou durante a leitura que eu nem sei bem o que é, mas que me impede de apreciar de verdade esse livro