Douglas Brilhante 09/11/2022
Doug indica, pois Carl Sagan é, hoje, o meu autor favorito. E infelizmente ele já morreu...
Ele é O grande mago da divulgação da ciência.
No mundo que habitamos, assombrado pelos demônios em virtude dos seres humanos, Carl Sagan levanta o baluarte de que talvez a ciência seja a única chama que se interpõe entre nós e a escuridão da ignorância, das pseudociências e da superstição que nos circunda. Tempos sombrios onde os preconceitos étnicos, sentimentos chauvinistas e o fanatismo procuram se apoderar do controle, uma ampla compreensão da construção e execução do pensamento cético é o melhor antídoto para a intolerância.
Carl Sagan reafirma através de uma linguagem mais acessível impossível, o poder positivo e benéfico da ciência e da tecnologia para iluminar os dias de hoje e recuperar os valores da racionalidade, sem omitir a dualidade da responsabilidade dos achados vinculados à mesma.
O ceticismo não vende bem, infelizmente...
Vivemos numa civilização global onde todos os setores (transporte, comunicação, entretenimento e etc) dependem profundamente da ciência, mas também vivemos numa civilização onde poucas pessoas compreendem ciências e tecnologia.
E sim... o mundo seria muito mais interessante se os mortos pudessem controlar nossas mãos e escrever cartas, que os nossos sonhos vaticinassem o nosso futuro, que Júpiter em sua grandeza modulasse o nosso humor e que os cristais purificassem qualquer indisposição interpessoal. Manter a mente aberta é uma virtude, mas ela não pode ficar tão aberta a ponto de o cérebro cair para fora. Carl tece uma linha muito eloquente, e sem nenhum grama de petulância, que nos faz entender o porquê de os naturalmente curiosos se perderem nos filtros que os impedem de serem atingidos pela ciência moderna. As barreiras são muitas. É infinitamente muito mais fácil nos depararmos com uma fábula acrítica em lugar de uma avaliação sóbria e equilibrada em todas as ferramentas de comunicação que possuímos. Carl não exime, inclusive, os próprios cientistas da culpabilidade de o assunto parecer ser menos atraente do que, num paralelo moderno, as dancinhas de tik*tok*, por falta de uma divulgação bem sucedida e elaborada da ciência.
Quando reconhecemos nosso lugar na imensidão do COSMOS, a sua sutileza, a complexidade e a beleza, certamente um sentimento sublime, um misto de júbilo e humildade floresce. Isso é certamente “espiritual”. A ciência, embora sujeita à falibilidade humana, possui em si mesma mecanismos de correção de erros. A ciência prospera com os seus erros! O que não pode ser dito sobre as pseudociências (e religiões/e ops eu não falei isso.)
Que livro SENSACIONAL! Alguém poderia dizer que é mais do mesmo de Carl Sagan, o que equivaleria a dizer que é mais do que perfeito.
Não vou dar o maior 10.0/10.0 desse mundão, porque ele é um pouco redundante, mais ou menos até metade, sobre a ufologia e sobre os “contatos imediatos de 4º grau” e eu acho que ele poderia ter sido mais breve nessa parte. No entanto, da metade para frente é um super combo de nocautes filosóficos com insights penetrantes.
Leiam esse. Nunca pedi nada XD. Depois, aproveitem o embalo e leiam também “Sapiens” do Yuval Noah Harari (que harmoniza suuuuuper bem com esse livro).