Perto do coração selvagem

Perto do coração selvagem Clarice Lispector




Resenhas - Perto Do Coração Selvagem


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Graciele43 19/12/2023

Ninguém soa como Clarice. Ninguém pensa como ela.
Ela vira o dicionário de cabeça para baixo, soltando todas as palavras de suas definições, espalhando-as de volta como quer. Clarice, Clarice... Misteriosa, sombria, indecifrável, uma bruxa da literatura brasileira. Suas palavras são confusas, mas profundas. Nesse livro, "Perto do Coração Selvagem", despertou em mim vários tipos de sentimentos e um deles era a: liberdade.

"Lembrou-se: sou a onda leve que não tem outro campo senão o mar, me debato, deslizo, voo, rindo, dando, dormindo, mas ai de mim, sempre em mim, sempre em mim."

A personagem Joana em seus pensamentos transmite essa vontade feroz de liberdade. As vezes anseia essa liberdade através da morte.

"Eternidade é o não ser, a morte é a imortalidade."

Quando trilha à liberdade desperta em nós inúmeros pensamentos, a nossa alma(coração) grita pos socorro e liberdade. Grita por viver.
"Quem poderia impedir a alguém de viver largamente?"

Clarice, não pode ser explicada e nem os escritos, mas pode ser sentido.

"Deus meu eu vos espero, deus vinde a mim, deus, brotai no meu peito, eu não sou nada e a desgraça cai sobre minha cabeça e eu só sei usar palavras e as palavras são mentirosas e eu continuo a sofrer, afinal o fio sobre a parede escura, deus vinde a mim e não tenho alegria e minha vida é escura como a noite sem estrelas e deus por que não existes dentro de mim? por que me fizestes separada de ti? deus vinde a mim, eu não sou nada, eu sou menos que o pó e eu te espero todos os dias e todas as noites, ajudai-me, eu só tenho uma vida e essa vida escorre pelos meus dedos e encaminha-se para a morte serenamente e eu nada posso fazer e apenas assisto ao meu esgotamento em cada minuto que passa, sou só no mundo, quem me quer não me conhece, quem me conhece me teme e eu sou pequena e pobre, não saberei que existi daqui a poucos anos, o que me resta para viver é pouco e o que me resta para viver no entanto continuará intocado e inútil, por que não te apiedas de mim? que não sou nada, dai-me o que preciso, deus, dai-me o que preciso e não sei o que seja, minha desolação é funda como um poço e eu não me engano diante de mim e das pessoas, vinde a mim na desgraça e a desgraça é hoje, a desgraça é sempre, beijo teus pés e o pó dos teus pés, quero me dissolver em lágrimas, das profundezas chamo por vós, vinde em meu auxílio que eu não tenho pecados, das profundezas chamo por vós e nada responde e meu desespero é seco como as areias do deserto e minha perplexidade me sufoca, humilha-me, deus, esse orgulho de viver me amordaça, eu não sou nada, das profundezas chamo por vós, das profundezas chamo por vós das profundezas chamo por vós das profundezas chamo por vós...

Obs: a verdade é que terei de ler esse livro novamente.
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letAcia1172 15/12/2023

Liberdade é pouco
Em "Perto do coração selvagem", nós acompanhamos a formação da personagem Joana, numa narrativa não-linear e introspectiva. Antônio Candido dá à técnica utilizada por Clarice o nome de "romance de aproximação", uma vez que a narradora tenta chegar cada vez mais perto da personagem, de modo a desfazer essa distância existente entre narrador e objeto narrado. Clarice concretiza essa técnica no uso constante do fluxo de consciência, a narração se mistura à fluidez dos pensamentos dos personagens, sobretudo dos de Joana. Mas, como o próprio título indica, essa aproximação tem um limite, nós não estamos dentro do coração selvagem, mas perto dele. O ser de Joana é contínuo, não pode ser captado por inteiro senão por partes.

Joana é uma das personagens mais singulares com as quais eu já me deparei no mundo literário. Ela é o sim, é o não, é o bem, é o mal, Joana quer, mas também não quer, Joana é e também não é. A sua interioridade é destrinchada pouco a pouco conforme a narrativa avança, e a forma como a Clarice constrói essa figura é impressionante, virando-a no avesso numa coreografia de idas e vindas. Joana é como a maré, constituída de momentos ora amenos ora agitados, numa perene transfiguração - nada permanece nela a não ser a mudança.

Clarice Lispector sabe como impactar, como causar espanto diante de tantas reflexões profundas e complexas sobra o viver e sobre o ser e estar no mundo. Joana, a personagem central, encontra-se num processo de compreensão de quem é e do que sente. Joana busca a si mesma, recusa a redução e a limitação da finitude dos seres e das coisas. No entanto, Joana não é compreendida em sua complexidade e autenticidade, os outros ao seu redor interpretam toda essa profundidade de forma negativa - como é o caso da tia dela, chamando-a de víbora, e de Otávio, reiterando essa visão. Tanto é  que, no capítulo final, Joana perde perdão. Perdão a si mesma, aos outros que passaram pela sua vida, a uma possível divindade que interceda por ela... pede perdão pelo que foi e pelo que um dia se tornará. Por ser e por sentir tanto. Mas, simultaneamente, percebe a própria potência, percebe-se enfim como essa metamorfose/transfiguração constante. É parte do que ela é e do que ela ainda virá a ser.

Por fim, se eu tivesse que extrair desta obra um trecho na tentativa (falha) de sintetizá-la, eu escolheria o seguinte: "E de instante a instante caía mais fundo dentro de si própria". A introspecção no mundo interior de Joana me fascinou. Clarice, você é grande.
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Melissa 12/12/2023

Provavelmente o livro de Clarice Lispector que eu menos gostei até agora e ainda assim gostei tanto. Vários nós na cabeça e os pensamentos que vão e voltam no livro mesmo depois da leitura.
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melzinhamelao 06/12/2023

Clarice e a sua intensidade nos seus escritos
Confesso que em todos os livros dessa mulher, me pego refletindo muito sobre a vida e sobre nossa existência. e essas reflexões me deixa confusa, mas gosto da confusão. as vezes é bom não ter respostas para tudo e é o que aconteceu nesse livro.
consegui sentir todos os sentimentos da personagem principal, e inclusive, me identificar com eles.
é incrivel!! porém, achei um pouquinho confuso, talvez esse seja o objetivo: fazer o leitor ir mais a fundo na tamanha complexidade que são os nossos sentimentos e a nossa mente. =)
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Vanessa.Castilhos 04/12/2023

Uma estreia premiada
Primeiro romance publicado por Clarice Lispector, em 1943.

Nesse romance de formação, Lispector desnuda o florescer de uma alma feminina, com seus anseios, individualidades, egoísmos, amores...

Poeticamente, através do fluxo de consciência, a narrativa faz com que o leitor se sinta muito próximo da personagem, completamente envolvido na esfera da sua intimidade.

Menina Joana: "- Ser feliz é para se conseguir o quê?" p. 27

Mulher Joana: "- Liberdade é pouco. O que desejo não tem nome." p. 67

Não foi uma leitura fácil, mas foi magnífica! Esse dissecar dos sentimentos da personagem é o que torna a leitura ainda mais maravilhosa!

Recomendo muito e aposto em uma releitura. ?

Livro premiado. Prêmio Graça Aranha.
Fabio 04/12/2023minha estante
Lindíssima resenha, Van!???
Parabéns!!!


Bruno M. Silva 04/12/2023minha estante
É o meu favorito da Clarice Lispector. Acho de uma beleza ímpar.


Débora 04/12/2023minha estante
Ah, Vanessa, que resenha belíssima! Li para o vestibular e já nem me lembro mais. Vc me fez querer reler essa obra. Hj consigo entender a Mulher Joana


Débora 04/12/2023minha estante
?????


Carolina165 04/12/2023minha estante
???????????


Vanessa.Castilhos 04/12/2023minha estante
Fabio, meu amigo, muito obrigada pelo carinho!! ???


Vanessa.Castilhos 04/12/2023minha estante
Bruno, fazia muito tempo que eu não lia um livro dela, realmente é de uma beleza ímpar!! ?


Vanessa.Castilhos 04/12/2023minha estante
Débora, querida, muito obrigada!! ?? Hoje, conseguimos ter uma outra visão dessa leitura mesmo, maravilhosa!! ???


Vanessa.Castilhos 04/12/2023minha estante
Obrigada, Carolzinha!! ??


AndrAa58 05/12/2023minha estante
Linda resenha! Acredita ué nunca li Clarice? Estou perdendo, não é?


Vanessa.Castilhos 05/12/2023minha estante
Obrigada, Andréa!! É daquelas leituras que exigem, mas sempre te recompensam no final! ??




Luana2610 01/12/2023

Ser livre ou confortável?
Eu amo como o tema da liberdade está presente nas obras de Clarice. Ela tem o poder de fazer a gente se identificar com os trechos como se eles estivessem falando de nós mesmos. ?Perto do Coração Selvagem? se tornou meu livro favorito por isso. Uma leitura que nos faz mergulhar dentro de Joana, uma mulher que tem a liberdade latente dentro de si, como uma pedra no sapato que está sempre ali, mas que ao mesmo tempo tem medo de largar a zona de conforto que é sua vida e usufruí-la. Joana é um pouco de todos nós. Adentramos em sua infância, suas vivências e traumas e também no processo catártico de sua vida adulta que é se abrir para a mais genuína liberdade.
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Livia V 01/12/2023

Ler esse livro é como entrar em um buraco negro, um vazio
Um livro difícil, a Clarice sabe direitinho como transformar as situações em grandes e profundas reflexões sobre a vida. Acho que aqui você se encara com muito existencialismo, muitos abismos e analogias. No mais, um ótimo romance claro e se for servir de algo fica a dica de ir com calma e tentar n se matar ?
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Dmont3 29/11/2023

Adorei, me afundei ainda mais na depressão após ler. Além de uma grande crise existencial.

Amei, Clarice perfeita!!!!
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Nah S 27/11/2023

Perto do Coração Selvagem - Clarice Lispector
Finalizei este livro com uma sensação gostosa no peito. Quase como uma nostalgia. Como se tivesse entrado no universo particular de outra pessoa e conhecido todo o seu íntimo. É assim que vejo essa leitura, que para mim, meio que funde a história dos personagens com o relato dos sentimentos da própria autora, como num diário. Clarice transcreve as emoções de Joana e de todos os personagens com uma profundidade tão grande que só uma pessoa que realmente sente aquelas emoções poderia descrever.

O livro traz uma experiência de vida bastante profunda de Joana, sua infância, o relacionamento com o pai, com seu marido e com a amante deste. Joana tem uma ânsia muito grande por viver, realizar-se. Suas emoções e percepção do mundo ao seu redor são tão à flor da pele que é interessante notar pelas metáforas presentes.

Adorei notar que Clarice remete a figura de Joana e suas emoções, frequentemente, como semelhantes ao mar. Todos sentem algo ao se aproximar dele. Como a profundidade, sua imensidão, sua profundidade, sua explosão de força e a beleza de sua calmaria. A possibilidade de mudança de "humor", de tempo, reviravolta. Realmente amei essa leitura. A linguagem figurada e poética dele exige do leitor uma maior atenção, paciência e perspicácia, para perceber o sentido contido nas entrelinhas. Sem dúvidas, foi o livro mais desafiador que já li na vida.

Apesar de não ter uma linguagem direta, acredito que a beleza maior de tudo está em poder ter adentrado o universo particular da autora. Com certeza quero ler mais da Clarice no futuro e descobrir se ela mantém sempre esse padrão de linguagem, com muitas metáforas e mensagens subentendidas. Sempre tive curiosidade de conhecer seus livros.

Enfim, neste livro estão presentes personagens profundos e eu adorei as reflexões quando a narrativa passava a ser escrita do ponto de vista deles.

Super indico:

*****Meu trecho favorito:

" "Não sei" não é resposta. Aprenda a encontrar tudo o que existe dentro de você."
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gabi 26/11/2023

"No entanto sentia que essa estranha liberdade que fora sua maldição, que nunca ligara nem a si própria, essa liberdade era o que iluminava sua matéria. E sabia que daí vinha sua vida e seus momentos de glória e daí vinha a criação de cada instante futuro."
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rillari. 25/11/2023

Finalmente terminei
Demorei mais que o esperado para terminar esse livro por causa da faculdade, mas talvez tenha sigo algo muito bom eu pude me deleitar sobre as profundidades que o livro me propôs de uma maneira mais perene. Simplesmente uma obra de arte.
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Sofia136 24/11/2023

10/10
Senti tanta coisa lendo q n tem nem como explicar, o pior foi ainda se identificar com a personagem e os sentimentos q trás junto vsfff
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citraterranova 18/11/2023

Finalmente terminei este!!!! apesar de a escrita ter sido maçante pra mim porque eu gosto de entender o que to lendo e é difícil acompanhar o fluxo de pensamentos da clarice, eu adorei o livro e me identifiquei muito com a joana.
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cajuleituras 14/11/2023

Não teria dado conta de ler esse livro se não tivesse meu professor de literatura brasileira toda terça e quinta falando sobre ele por duas horas.
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