Isa Beneti 13/06/2020
Quase um "Inception"
Está é uma peça reflexiva, o que a torna quase entediante. Como diz o subtítulo, é um "drama estático", um paradoxo, pois, por ser teatral, o texto dramático pressupõe a realização ações.
Fiz questão de assistir análises desse texto antes de o ler (que meu professor de literatura me perdoe). Sim, eu sei que isso não é certo, por que minha leitura vai ser influenciada pela visão de terceiros, mas esse é o tipo de texto que eu não estou preparada para compreender "sozinha", visto que ainda tenho muito o que amadurecer como leitora para isso.
Entretanto, mesmo tendo assistido a essas análises, a peça continua sendo (propositalmente) confusa, já que discute a respeito dos limites entre realidade e sonho. O texto me lembrou um pouco "O Mundo de Sofia", em que as personagens percebem que fazem parte de um livro (e, portanto, do pensamento de um escritor) e começam a questionar sobre sua própria individualidade/liberdade e sobre a existência de um "ser maior" que os controla. A peça, de maneira análoga, deixa a entender que as três irmãs fazem parte de um sonho, apesar de nada ser muito claro nessa obra quase simbolista (mais especificamente paulatista). A partir dessa visão, o texto é um sonho, em que a personagem conta um sonho em que um marinheiro tem um sonho da pátria ideal (MUITO Inception, né?).
Numa análise mais profunda, o sonho do marinheiro é uma metáfora para a própria situação das 3 irmãs. E a situação delas, por sua vez, PODE ser uma metáfora sobre a situação do escritor Fernando Pessoa (sonhador), ou melhor, sobre a conjuntura do país de Pessoa (mulher velada pode representar Portugal em crise; irmãs refletindo são uma alusão às vanguardas europeias da época).