otxjunior 10/04/2021A Tormenta de Espadas, George R. R. MartinEu achei mais um livro de transição do que seu anterior, que aliás prefiro a este; mas é tão longo que parece atingir a carga dramática do próximo estágio ainda neste volume. Porque em sua maior parte A Tormenta de Espadas não justifica seu título, por acompanharmos uma narrativa morna que se passa no outono e remete a uma primavera, falsa ou não, ancestral. Uma Westeros em ruínas sob uma chuva perene é palco para a redenção de Jaime Lannister, a paixão de Arya Stark e a melancolia cautelosa de sua mãe. Já que esta parece ser a linha central do livro três das Crônicas de Gelo e Fogo, até as coisas esquentarem em seu ato final. Exceto talvez pelos capítulos de Sansa, cuja única ação espontânea está na construção de um castelinho de neve.
O início cadenciado, de capítulos curtos, vagarosamente, com ênfase para esta palavra, abre espaço para uma série de revelações surpreendentes e eventos imprevisíveis em sua segunda metade. George R. R. Martin larga de mão as reminiscências do passado, recheadas de lista de nomes de cavaleiros e coleção de canções para dar vislumbres de um futuro a partir do resultado de importantes batalhas, as quais preferiria que se apresentassem de maneira difusa pelo romance, para benefício do ritmo.
Gosto de observar as variações de interesse pelos personagens desde o primeiro volume. Como numa dança, mais que um jogo, me vi investido na campanha abolicionista de Daenerys Targaryen depois de sofrer com sua inatividade em A Fúria dos Reis, por exemplo. E embora o conflito de Tyrion Lannister seja por muito tempo aqui ir ao bordel sem que seu pai fique sabendo, nada tira o impacto de sua conclusão, principalmente no que envolve o meu personagem favorito inserido nestes capítulos, Oberyn Martell. Por outro lado, Davos que tinha recebido este título anteriormente pouco adiciona dessa vez.
De perto, ninguém é herói ou vilão, como os capítulos de cada personagem pode comprovar e o monte de sociedades de fora da lei e irmãos juramentados exemplificam. Exceto talvez por Jon Snow que finalmente se desenvolve numa trajetória mais clássica do herói com um clímax inclusive de se vibrar. Nada superou, no entanto, meu sentimento de alívio ao concluir que não devo sofrer mais com spoilers sobre o infame Casamento Vermelho. Pelos deuses antigos!