Audryn 01/01/2014
Odeio falar de livros que não gostei. Mesmo. Ainda mais quando crio expectativas, as pessoas indicam e todo mundo gosta. Mesmo, mesmo e mesmo. Mas vamos lá.
Na verdade o exemplar que eu tenho não é meu (?). Comprei de aniversário para minha mãe há alguns anos. Ela é super fã do Sidney Sheldon (e eu também hehe) e quando pedi algum livro dentro do gênero de suspense, no mesmo estilo de escrita, porém de um autor diferente, foi esse que o vendedor indicou. E apesar do John Grisham ser SUPER conhecido dentro do estilo, nunca tinha ouvido falar do sujeito.
Enfim, minha mãe adorou, Falou que tinha tudo de bom: suspense, emoção, sentimento e um personagem principal cativante. Imagina que eu fiquei toda empolgada. Li resenhas ótimas e o livro parecia ser algo que marcaria minha vida para sempre...
... e não foi. O começo tem sim uma boa dose de suspense e quando o sem-teto citado ali na sinopse invade o imponente prédio da Drake & Sweeney, você realmente fica com os nervos a flor da pele. O personagem principal, o advogado Michael, passa por todo um período de choque e então percebe que a vida dele está uma confusão, embora em breve ele possa vir a ganhar uma bela promoção, o casamento está passando por um período difícil e, principalmente, a empresa em que trabalha está ameaçada por um segredo que somente ele sabe e que pode mudar a política em relação aos sem-teto de Washington, mas que também acabaria com todo o esforço de uma vida para alcançar o cargo dos sonhos.
Michael toma a decisão que parece ser certa. Abandona o emprego, dá início a um complicado divórcio e vai para as ruas, com a prova que pode acabar com a reputação da empresa em que trabalhava, mesmo que esta tenha sido roubada pelo mesmo.
Para mim, foi aí que a história desandou. O tema do livro é algo extremamente delicado de se tratar. É claro que tem momentos de partir o coração, mas a impressão que tive era que o autor, algumas vezes, simplesmente tratava desta por lhe parecer importante. Não sei se vocês me entendem quando digo que ele escrevia algo sensível sem ter a devida sensibilidade, sem demonstrar que realmente sentia aquilo.
Sem contar na extensão de termos jurídicos na hora errada. O autor interrompe a narrativa inúmeras vezes para passar dez páginas falando sobre o código penal, o que alguém que trabalha na divisão anti-truste faz e blá blá blá. Dava vontade de fechar o livro, e ir dormir.
Mas talvez a maior decepção tenha sido o clímax. Você passa o livro inteiro esperando aquele momento chegar para ele acontecer em cerca de três páginas, entre trezentas de pura enrolação. A resolução para os problemas que ocorrem durante o desenvolvimento até é bacana, porém parecem grandes demais para se resolverem em um estalar de dedos.
Acredito que este seja o tipo de livro para um público muito específico. Algum aspirante a advogado ou alguém da área. Não sei. Mas definitivamente eu não estou dentro desse pessoal. Como já disse antes, foi uma tremenda decepção. E não é nem questão de não estar acostumada com um livro mais adulto, já li de tudo, de Franz Kafka a Pedro Bandeira. Talvez o problema seja comigo... Enfim, indicaria esse livro a pouquíssimas pessoas. E nem sei quais seriam. O importante pra mim é que, minha mãe, para quem era originalmente o presente, adorou.